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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

"Marzhan, Mon Amour" de Katja Oskamp

O que acontece quando uma mulher de 48 anos vê o seu último romance recusado pelas editoras? O que fazer para sobreviver? E que tal mudar de profissão? Pedicura, por exemplo?

Com um tema muito original, que nos parece estranho à primeira já que a profissão de escritora não parece ter nada a ver com a de pedicura, vamos percebendo, estando na pele da narradora/escritora o quão atenta aos pormenores ela é, observadora de mão cheia. E ficamos presos às histórias dos seus clientes que nos vai contando, que mais não são que as histórias de um bairro. Vidas que passam despercebidas e que se revelam naqueles momentos únicos onde ela trata e massaja os pés dos seus clientes com carinho. Uma atenção que oferece, um momento que dá aos outros.

E são muitas as histórias de vidas que, mesmo sendo diferentes da nossa (talvez por isso mesmo!) nos conquistam a atenção. Nomes, atitudes, sensações, que reconhecemos naqueles que nos são próximos ou que ouvimos falar. Uma abordagem muito original, repito, que me deu muito prazer ler. Temas variados, vidas que se entrelaçam na dela e a quem ela oferece atenção e carinho.

A historia de um bairro berlinense multifacetado contada por uma mulher / escritora / pedicura nada amargurada com o que a vida lhe trouxe. Gostei muito!

E começa assim:
“Os anos da meia-idade, em que não és nova e ainda não és velha, são nublosos. Já não avistas a margem de que partiste, e ainda não distingues com suficiente nitidez a margem para a qual te diriges. Nesses anos, esperneias no meio do grande lago, ficas sem fôlego, perdes as forças devido à repetição dos movimentos que fazes a nadar. Desesperada, paras e rodas em torno de ti mesma, uma volta, depois outra, e outra ainda. Surge o medo de ires ao fundo a meio do cominho, sem tom nem som.” Pág. 9


Terminado a 18 de Julho de 2024

Estrelas: 5*

Sinopse

Uma mulher que se aproxima dos «anos invisíveis» da meia-idade abandona a carreira de escritora para se tornar pedicura em Marzahn, em tempos a maior área residencial pré-fabricada da Alemanha Oriental, nos arredores de Berlim. A partir daí observa atentamente os clientes e colegas, mergulhando nas suas histórias pessoais. Cada uma das histórias se destaca como uma vinheta, contada com humor e emoção, e juntas formam um retrato matizado de uma comunidade.

Cris

1 comentário: