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terça-feira, 23 de agosto de 2022

"O Apicultor de Alepo" de Christy Lefteri

Esta obra foi a escolha de um clube de leitura a que pertenço, que decidi fazer minha também, mas onde acabei por não conseguir estar presente aquando da discussão do livro. Tive pena! Gostava de ter ouvido as diversas opiniões porque me pareceu que não seria uma leitura consensual e, quando assim é, gosto muito de ouvir as diferentes vozes que se levantam porque, muitas vezes, altero, completo ou mantenho a minha opinião. Enriqueço-a em todo o caso...

Entrei muito bem nesta leitura, porque embora se faça lentamente, com avanços e recuos no tempo, a temática escolhida é actual, impactante e gosto muito de "sentir", através das palavras escritas, o que possivelmente várias pessoas poderão estar a viver na actualidade. A Guerra (qualquer uma) nunca é tema fácil de retratar e muito menos de experienciar na pele.

O título esconde a temática e nada faz supor que nestas páginas está muita dor, muita tentativa de ultrapassar esse sofrimento e muitas das formas que a mente possui para lidar com perdas que não quer aceitar. Estão juntos fisicamente mas tão longe um do outro! A dor, a perda afastou-os e cada um mergulha de forma diferente no sofrimento.

Nuri e Afra, são um casal sírio e já não têm o seu filho Sami com eles, a não ser nos seus constantes pensamentos. Os seus corpos e as suas mentes não o esquecem e demonstram-no de uma forma que o leitor só se aperceberá já com muitas páginas lidas. 

Nuri, num discurso directo que mexe connosco, salta do presente para o passado, e conta-nos como foi a sua terrivel vivência da Guerra Civil da Siria (2011), seu país, da sua fuga com a esposa cega, por campos de refugiados na Turquia, Grécia e finalmente o Reino Unido onde se queria juntar com o seu primo Mohammed, quase seu irmão, companheiro de vida e de trabalho. Eram ambos apicultores e trabalhavam juntos antes de rebentarem os conflitos no seu país de origem.

Com o saltitar no tempo do discurso de Nuri, o leitor apercebe-se, aos poucos, que o seu corpo e o da sua esposa somatizaram as várias perdas (das quais Sami foi a maior), de uma forma que não julgamos ser possível. Sami foi uma vítima da guerra e os corpos/mentes de seus pais não o conseguem esquecer. A dor explode pelos seus poros e o leitor sente e vive isso.

Duro e actual. Gostei muito.

Terminado em 6 de Agosto de 2022

Estrelas: 5*

Sinopse

Nuri é apicultor; a sua mulher, Afra, uma artista. Vivem uma vida simples, com uma bela família e amigos, na bonita cidade Síria de Alepo. Até que o impensável acontece. Quando tudo aquilo que lhes importa é destruído pela guerra, são forçados a fugir.

Mas aquilo que a Afra viu é tão horrível que ela fica cega, e por isso embarcam numa perigosa viagem pela Turquia e Grécia, até ao futuro incerto no Reino Unido. Na travessia, o Nuri agarra-se à esperança de reencontrar o seu primo Mustafa, e sócio nos negócios, que criou apiários na Inglaterra e que ensina apicultura aos refugiados em Yorkshire. Nuri e Afra viajam por um mundo despedaçado e têm de confrontar a indizível dor da sua perda, enquanto enfrentam perigos que assustariam a mais corajosa das almas. 

Acima de tudo — e talvez esta seja a coisa mais difícil que eles enfrentam —, têm de se encontrar um ao outro. Comovente, poderoso, escrito com enorme beleza e compaixão, O Apicultor de Alepo é um testemunho do triunfo do espírito humano. Contado de uma forma clara, é o tipo de livro que nos recorda o poder das boas histórias.

Cris

2 comentários:

  1. A dureza da guerra e as marcas tão profundas e diversas que vai deixando, conjugada com a força e as lutas por uma realidade melhor. Deve ser uma excelente leitura.

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  2. Acredito que seja um livro super interessante de ler.
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    Abraço poético
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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