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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

"Um Tempo a Fingir" de João Pinto Coelho

Não me devia espantar com a escrita tão envolvente de João Pinto Coelho.
Percebe-se que domina bem o tema que serve de pano de fundo deste romance - a II Guerra - porque ele surge certeiro, sem que seja despejado à força toda, com sentido e com muita pertinência.

É-nos dado uma visão da II Guerra, diferente da habitual. A trama passa-se no seio de uma cidade edificada no cume de um rochedo, Pitigliano, na Toscana em 1937 e a protagonista, pela qual sentimos uma empatia imediata, é uma italiana judia. É em torno dela que a acção vai girar e ficamos enredados nas malhas dos acontecimentos que sucedem a um ritmo rápido. A guerra encontra-se bem longe e parece que esse lugar vai ficar imune às dificuldades que traz mas aos poucos vai-se intrometendo na vida dos habitantes e sobretudo na vida de Annina.

É impossível largar estas páginas porque o ritmo dos acontecimentos vai num crescendo e já sabem, se conhecem a obra deste autor, que o twist final vai apanhar-vos de surpresa!

Muito bom! Inteligente e criativo, um romance que marca. A visão dos habitantes pertencentes a um país que esteve do outro lado da guerra.

Terminado em 19 de Dezembro de 2021

Estrelas: 6*

Sinopse

Toscana, Itália, 1937. O burgo de Pitigliano assenta, como um ninho de águia, no cume de um rochedo; mas nem a cidade, de túneis e catacumbas, escavada nos seus alicerces consegue abafar os segredos à superfície. É no aperto das suas muralhas que Annina Bemporad, uma judia rebelde, se despede da infância quando acorda a meio da noite com o estampido de um tiro. Se os estilhaços da tragédia acabam por atingi-la, será a partir de então que ambicionará os sonhos mais arrojados, seja na companhia de Cosimo – um rapaz disposto a dar a vida por ela –, de Alessia – a colega excêntrica que não parece encontrar um fato à sua medida, ou mesmo do enigmático Peppino, que monta espetáculos com o lixo que apanha nas ruas e a quem basta uma palavra para resgatar Annina aos seus momentos mais duros. Mas, se a beleza da rapariga gera paixões doentias e ódios desmesurados, nada faria supor que pudessem resultar num ato tão tresloucado… Restam-lhe, pois, o desejo de vingança e a queda para o fingimento para sobreviver no mundo virado do avesso em que se transformou a Itália de Mussolini, onde as Leis Raciais, que têm por alvo os judeus, anunciam a chegada dos nazis.

Profundamente imaginativo e rigorosamente documentado, Um Tempo a Fingir é um romance magistral onde desfilam personagens memoráveis e cujo enredo tem a rara qualidade de ser ao mesmo tempo absolutamente inesperado e completamente verosímil.

Cris

4 comentários: