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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

"A Boa Sorte" de Rosa Montero

É tão bom terminar um livro com um sorriso no coração. Sentir que tudo se enquadrou e encaixou, que as personagens tiveram uma vida "real" enquanto estavam a ser lidas e que vão continuar por mais tempo a fazer parte de mim, que estive envolvida na história, que os acontecimentos narrados fizeram parte da vida dessas personagens mas fizeram também parte da minha. Sentir que estive lá é um dos maiores prazeres que a leitura me dá!

Este livro é fantástico. Adorei este homem de meia idade, cheio de mistérios, com quem sentimos imediata empatia mas que, e talvez por isso mesmo, é cheio de contradições e problemas por resolver. A sua vida, descobrimos com o decorrer da leitura, é um caos a que não sabe dar ordem nem sentido. Mas mesmo assim não deixamos de gostar das suas imperfeições mesmo que elas nos surjam como "defeitos", erros que o levam a atropelar quem o rodeia.

Muito bem escrito, com as palavras certas para nos demorarmos nelas e saborearmos bem os pormenores descritos. A riqueza das personagens, mesmo as secundárias, é fabulosa. Os capítulos curtos, quase sempre, são q. b., e as entradas feitas pelos diversos personagens dão um ritmo próprio que gostei particularmente. Sabemos sempre quem é a voz por detrás do pensamento e essa clareza na escrita agradou-me sobremaneira. O discurso tanto é efetuado na primeira como na terceira pessoa. Esse facto dá movimento à acção, ritmo e mexe com o leitor.

Não foi o primeiro livro que li de Rosa Montero e ja lhe conhecia a queda para estas coisas da escrita mas este livro ficará retido na minha memória. Se me esquecer da história basta falarem-me de um certo arquitecto...

Adorei!

Terminado em 11 de Janeiro de 2022

Estrelas: 6*

Sinopse

O que leva um homem a descer de um comboio antes do fim da viagem e ir esconder-se numa cidadezinha decadente? Um desejo de recomeço ou a necessidade de acabar de vez com a vida? Pablo, o protagonista em fuga, é conduzido pelo destino a Pozonegro, um antigo centro de extração de carvão que é hoje uma localidade moribunda. No entanto, há humor nesta cidade triste e maldita, porque a vida é feita de alegria. E de segredos, claro. Todos os habitantes de Pozonegro possuem o seu. Alguns são apenas ridículos. Outros, sombrios e muito perigosos. Há gente que finge ser quem não é ou que esconde a sua verdadeira motivação, num intrincado jogo de espelhos; e há também a luminosa, imperfeita e um pouco louca Raluca, que pinta quadros e cuja vida se cruza com a de Pablo. Um romance sobre o bem e o mal, uma radiografia dos anseios humanos medo e serenidade, culpa e redenção, ódio e desejo , uma história de um amor terno e febril, A Boa Sorte espelha, sobretudo, um profundo amor à vida. No fim de contas, depois de cada perda, pode haver um recomeço. Porque a sorte só é boa se assim o decidirmos. 

Cris

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