Gosto de palavras, do encontro fortuito entre elas. Gosto de sonhar acordada, de inventar vidas diferentes. Gosto de viajar e de contar as histórias que encontro pelo caminho. Encontro sempre um certo fascínio no quotidiano dos outros, nas rotinas que são diferentes, nas coisas simples embelezadas pela singularidade de serem desiguais.
Quando, ainda na adolescência, acabei de ler Os Maias, disse para os meus botões: isto de escrever livros tem de ser uma coisa mágica, um dia tento escrever um. Como sou teimosa de nascença, tentei e escrevi.
A Última Viagem, o meu primogénito, é o culminar de uma caminhada longa, de um processo que me fez ver os valores essenciais virados do avesso. Fala de coisas reais, que aconteceram lá longe, comigo e com as crianças que são daqui, deste mundo, mas que não são dignas dos direitos de tantas outras.
O que vivi ficou a marinhar, cá dentro, durante muito tempo. Saiu em forma de romance, meio real, meio sonhado.
O retrato das pessoas do Bangladesh é feito por Maria Eduarda, que vai ver todos os seus valores postos em causa, quando lhe é feita a mais inesperada das propostas, depois de perder Pedro, o seu marido e parceiro num projeto de voluntariado único.
É um registo dramático, e não poderia ser de outra forma. Mas é também um registo de esperança, de amizade, e de muito amor.
Se tocar na alma de quem o lê, nem que seja por breves instantes, então já valeu a pena todo este caminho.
Inês Pinheiro
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