Que surpresa boa tive ao ler este livro! Não li o livro anterior desta autora (Pelas Ruas de uma Cidade sem Nome) nem tão pouco tinha ouvido falar no seu nome. Foi, pois, com satisfação que me embrenhei nestas páginas.
Não é uma leitura que se possa fazer rapidamente, escorreita, pois em cada página há algum acontecimento que fica subentendido, que nos deixa curiosos, que tomamos conhecimento só linhas depois. Agradou-me deveras isso.
Gostei também muito da escrita da autora. Sóbria, inteligente, agradável de se ler. A história é-nos contada pelos dois personagens principais. Um capítulo ele, um capítulo ela. Viajamos para o Alentejo, e conhecemos personagens com alcunhas típicas, características duma vila do interior, bastante engraçadas por sinal. Bem pensadas. Originais.
E assim, viajamos para um passado algo distante dos nossos dias, que muitos jovens já só conheceram através dos livros. A Revolução de Abril, vista e vivida pela população de uma pequena vila. A reforma agrária, as reuniões clandestinas, "ao povo o que é do povo".
Recomendo esta leitura. Não é para ser lida num ápice, repito, mas que dá muito gozo ler, dá. Foi isso que senti, é essa mensagem que vos deixo.
Terminado em 17 de Junho de 2017
Estrelas: 5*
Sinopse
Alentejo. 1975. A luta pela terra alimentava ódios antigos, privilégios seculares, deixando um rasto de conflitos e de feridas abertas.
Verónica é a filha de um latifundiário que se apaixona por um desconhecido que conhece num bar. Mantém uma relação secreta com ele até que um flagrante do seu próprio pai os "obriga" a casar. A partir daí, e através das vozes destes dois protagonistas, vamos descobrindo que intentos os movem, quais os seus verdadeiros objetivos e qual o valor da verdadeira liberdade.
Passado no pós-25 de Abril, o romance dá-nos a conhecer as dinâmicas de uma pequena vila no Alentejo, os poderes perdidos, aqueles que começam a ascender, assim como a luta perante aquilo que surgia como o bem maior: a posse da terra.
Cris
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