Pede-me a
Cristina que escreva um pouco sobre «A Valsa dos Pecados», e eu com
agrado o faço. Antes, porém, para os seguidores deste blog que não
me conhecem, duas palavras sobre os romances que já publiquei.
O
primeiro, «Marcas de Amor», publicado em 2005, é uma história de
um amor profundo, gerador de risos e de muitas lágrimas. «Caídos
da Mesma Árvore» gira à volta de um inconveniente encontro entre
um grupo de sete amigos e um gangue acabado de fugir de um
estabelecimento prisional. Ainda que possa ser suspeito por falar em
causa própria - perdoem-me o atrevimento -, dizem que escrevo
histórias engenhosas que envolvem os leitores do princípio ao fim.
Não sei se mereço essa apreciação, mas reconheço
despretensiosamente que há sempre alguma polémica em redor das
mesmas.
«A Valsa dos
Pecados» está no mesmo diapasão, assim o dizem, de uma forma ou de
outra, os escritores e personalidades que o leram e sobre o livro
escreveram: Lídia Jorge (…lugar secreto da realização humana…),
Miguel Real (…revela na construção dos seus romances o
conhecimento sábio da antiga arte da narrativa…), Francisco Louçã
(…uma viagem de um personagem e do seu mundo pelo final do século
XX português e pela entrada no novo século…), António-Pedro
Vasconcelos (…imaginação romanesca, atenta aos comportamentos
mais insuspeitos dos personagens…) .
Creio, na pele de
criador, que o livro pode ser lido de várias maneiras: como uma bela
história de amor, nada convencional, faço questão de frisar; como
um mergulho na tão famosa guerra colonial, que tantas vidas ceifou;
como uma história que nos faz pensar na cultura dominante e nos
muitos tabus em que vivemos. A apresentação ocorreu no dia 23 de
Maio, no Padrão dos Descobrimentos. Um dia marcante que jamais
esquecerei. Por todas as razões e mais algumas: a beleza do
monumento, uma caravela estilizada a fazer-se ao mar, tem muito a ver
com a história do livro; um auditório cheio de amigos e de leitores
fiéis que me acompanham desde «Marcas de Amor»; um ambiente
terno, caloroso, expectante. A apresentação terminou com os músicos
Stephen Bull e Cândida Matos. Uma maravilha. As fotografias e o
vídeo, esses, serão publicados muito brevemente.
Ontem, um leitor perguntou-me o que me leva a escrever. Para uma
pergunta pertinente, uma resposta simples mas genuína. Não sei,
talvez para poder encarnar personagens – com todos os seus pecados
e virtudes – que de uma forma ou de outra me fascinam: o amante
capaz de tudo para conquistar o amor, o monogâmico que sonha com a
bigamia, o presidiário que se insurge contra a lei dos homens e de
Deus, a ninfomaníaca que não pensa senão em sexo, a jovem que
sonha mudar o mundo. E tantos, tantos outros.
Por último, uma
palavra de apreço para os blogues que, como este, divulgam a
Literatura. Obrigado à Cristina e obrigado a todos os que me lêem.
01-06-2017
Carlos Porfírio
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