Palácio da Lua de Paul Auster, um livro extraordinário que não será fácil esquecer.
"Foi no Verão em que o Homem caminhou pela primeira vez na Lua. Eu era muito jovem nessa altura, mas não acreditava que viesse a haver um futuro. Queria viver perigosamente, pegar em mim e levar-me tão longe quanto possível e, depois, quando lá chegasse, logo veria o que me acontecia. Como veio a verificar-se, quase não cheguei lá…"
Assim começa a narrativa de Marco Stanley Fogg, que, órfão de mãe e sem conhecer o pai, é criado pelo tio Victor, músico, com uma vida nem sempre fácil e com quem aprendeu uma certa filosofia de vida. O dinheiro que recebe de indemnização da companhia de transportes responsável pelo atropelamento e morte da mãe vem a constituir, depois da morte do tio, o único meio de financiar os seus estudos na universidade. Quando os finaliza encontra-se só, sem dinheiro, sem forças, nem espírito para encarar a situação. Restam-lhe os 1492 livros que o tio Victor lhe deixara que, com muito desgosto, vai vendendo para se manter. Por fim, vê-se na situação de mendigo contra a qual não sente forças para lutar, resignando-se. Quanto bate no fundo é encontrado por amigos que o salvam de morrer. Recuperado, arranja emprego em casa dum intelectual idoso, de temperamento irascível, rico, cego e paralítico. A sua função é ler alto, passear o patrão e ter paciência. Aqui começa uma nova e fantástica história. A história do senhor Thomas Effing, que a dada altura da sua vida se fizera desaparecer para a família. Depois de contar várias histórias curiosas a Fogg, resolveu que antes de morrer queria deixar escrito todas as peripécias do seu passado. Descobre-se que o senhor Effing tinha um filho que julgava que o pai morrera. Fogg fica encarregado de, após a morte de Effing, lhe entregar o seu obituário. É assim que Marco conhece Solomon Barber, professor universitário, autor de vários livros, o primeiro dos quais uma também história fabulosa baseada nos factos e lendas que lhe foram sendo contadas, na infância e juventude, sobre o desaparecimento do seu pai. Coincidência das coincidências Fogg acaba por descobrir que Solomon Barber é o pai que nunca conseguira conhecer e que Effing era seu avô. Solomon Barber morre e ele volta a encontrar-se só, andando de um lado para o outro até gastar o último dólar da herança, na continuação do desejo de se descobrir a si próprio, e quem sabe de um novo mundo, o mundo dos seus próprios sonhos.
Neste livro, pleno de citações eruditas, não só nos é contada a história do narrador como as histórias de todas as personagens que com ele se cruzam.
Um livro bastante interessante!
Maria Fernanda Pinto
"O PALÁCIO DA LUA" e "O LIVRO DAS ILUSÕES, são, na minha perspectiva, dos melhores livros deste grande escritor norte-americano.
ResponderEliminarNão sei se haverá algum livro do PAUL AUSTER de que eu não tenha gostado?