Já tinha pegado num livro desta autora, A Dádiva, mas larguei-o, já não sei bem porquê. Fiquei com a ideia que não tinha conseguido entrar na história e então, perdida, resolvi largá-lo. Depois de ler este livro fiquei curiosa e vou procurá-lo de novo.
As primeiras páginas lidas, expectante como estava por ter largado "A Dádiva", pareceram-me um pouco confusas. De quem e de que falavam as primeiras duas páginas escritas em itálico, escritas na primeira pessoa? Mas, a história, vinda aos poucos foi-se consolidando e eu fui ficando presa. Pedaços de vidas que nos são atirados e que vão fazendo sentido: é Frank, um homem atormentado pelos horrores da guerra da Coreia, que nos faz perceber como é difícil o seu regresso; é Cee, sua irmã, que nos relata toda a sua luta para sobreviver. É, também, todo um passado em comum que marca o presente que hoje vivem os dois, separadamente.
Mas é, sobretudo, a segregação racial vivida nessa época na América que a autora foca com profundidade. E que nos choca. Fere e magoa. Fank e Cee encontram por fim um lugar a que chamam casa, onde os seus corações sossegam e descansam. A que preço? Que deixaram para trás?
Uma leitura que deixa marcas e que recomendo. Se se sentirem perdidos, de início, continuem porque vale a pena. As peças irão encaixar-se na perfeição. E a história poderia bem ter feito parte da História, tal é a sua verosimilhança.
Terminado em 14 de Março de 2015
Estrelas: 4*+
Sinopse
Frank Money regressa da guerra da Coreia em luta com os seus fantasmas. É um homem perturbado por um profundo sentimento de culpa pelas atrocidades que se viu obrigado a cometer e pela relutância em voltar à sua cidade natal na Georgia, onde deixou dolorosas memórias de infância e a pessoa que lhe é mais querida, a irmã. Mas quando recebe uma carta avisando-o de que Cee corre risco de vida, Frank regressa, atravessando uma América dividida pela segregação. Através desta viagem, e da viagem interior que o protagonista vai fazendo, a autora dá-nos a definição do que é o lar, o lugar onde estão os nossos afetos, numa combinação entre a realidade física e social e a subtileza psicológica e emocional.
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