Numa altura em que a mulher era tratada, como fada do lar ou como moura de trabalho ou ainda, como mulher de má fama, Maria Archer traz-nos uma Esmeralda que é um pouco das três e este livro, caiu de supetão num Portugal moralista e de falsos costumes, em plena ditadura fascista e possuidor de uma censura impiedosa.
Com uma linguagem directa, crua, Maria Archer põe a nú os podres de uma sociedade em que a Mulher tem de pertencer a uma das três categorias acima referidas pelo que todas as que fugissem desse padrão não se enquadrariam.
Para além de Esmeralda temos tantas outras mulheres que giram em torno dela e que reproduzem fielmente os padrões de então. Implicitamente durante todo o romance, uma crítica ao Homem e aos padrões morais defendidos na época.
Maria Archer foi acusada de atentado ao pudor. Um livro que, infelizmente, ainda é actual. Porque em muitos lugares, ainda somos apenas mulheres. Permitirá a História da Literatura continuar a manter esta autora apagada?
Gostei e recomendo muito esta leitura.
Terminado em 19 de Agoato de 2024
Estrelas: 6*
Cris
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