Contudo, Tess revela-se uma mulher lutadora, independente e corajosa face aos acontecimentos que vão marcar a sua vida para sempre. Há determinados factos aos quais o autor, segundo a minha opinião, poderia ter dado mais destaque, explorando melhor as emoções da protagonista. Mas, é precisamente nesses pontos fortes da trama que Thomas Hardy revela uma mestria na escrita que espanta o leitor fazendo-o ir atrás nas páginas e relendo partes com o intuito de se certificar que nada lhe escapou. Essa técnica literária acontece em vários momentos e dá-se na passagem de um capítulo para outro.
O ambiente campestre está bem caracterizado e as paisagens tornam-se visíveis ao olhar do leitor como se de um filme se tratasse. As leis e costumes rurais numa Inglaterra no final do séc. XIX, um retrato da sociedade, uma crítica velada às convenções sociais e ao falso moralismo que imperava, tudo o autor soube colocar aqui, lembrando que, muito provavelmente, se se excedesse, este livro não seria publicado. A acção decorre lentamente mas prende.
Li esta obra conjuntamente com alguns leitores amigos e gostei muito da conversa final onde, ao contrário daqui, os spoilers são permitidos. Fiquei com vontade de ler o "Longe da Multidão" que mora cá nas estantes.
Gostei muito e recomendo para quem quer fazer uma viagem no tempo.
Terminado em 29 de Fevereiro de 2024
Estrelas: 5*
Sinopse
“E como poderia eu sabê-lo? Não passava de uma criança quando há quatro meses deixei esta casa. Porque é que a mãe não me disse que eu poderia correr perigo? Porque é que não me avisou?»
Quando Tess Durbeyfield, instigada pela pobreza, se dirige à abastada
família D’Urbervilles, o encontro com o seu “primo” Alec revela-se um
momento perigoso. Um homem, Angel Clare, oferece-lhe o que parece ser
amor e salvação, e Tess tem de decidir se revela o seu passado ou se
mantém o silêncio, na esperança de um futuro melhor.
Tendo como personagem uma Tess crítica e vítima das convenções sociais, este é um dos romances mais comoventes de Thomas Hardy.
“E é quando consideramos a capacidade de Hardy para criar homens e
mulheres que tomamos realmente consciência das profundas diferenças que o
distinguem dos seus pares. Olhamos de novo para várias das suas
personagens e perguntamo-nos qual o motivo que nos fez recordá-las.
Lembramo-nos das suas paixões. Lembramo-nos de como se amaram
profundamente umas às outras e quantas vezes com que trágicos
resultados.”
Virginia Woolf
Cris
Imagino ser um livro com uma história encantadora de ler. Ler sobre esses tempos em que a mulher era apenas uma adenda do homem mostra como, FELISMENTE, os tempos evoluíram para MUITO melhor. Cumprimentos poéticos
ResponderEliminarGosto de ler este tipo de histórias que retratam épocas passadas.
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