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sexta-feira, 22 de março de 2024

"A Madrugada em Birkenau" de Simone Veil

Gosto muito de ler literatura de testemunho, sobretudo de épocas e sobre acontecimentos em que os Homens se esqueceram que a Paz é um dos bens mais preciosos. A falta de humanidade, de empatia para com o outro ser humano que se encontra ao nosso lado e que nessas alturas está ao rubro, dever-nos-ia NÂO ESQUECER. E no entanto...

Simone Veil nasceu em França em 1927 e tinha 16 anos quando foi deportada juntamente com a mãe e uma das suas irmãs. Morreu em 2017 com 90 anos. O seu testemunho (e bem como os restantes que surgem neste livro) foi recolhido por David Teboul, fotógrafo e cineasta, que acabou por ficar seu amigo.

É muito pouco o que posso dizer sobre esta leitura porque ficaria sempre aquém do seu conteúdo. Do seu testemunho enquanto prisioneira em vários campos de concentração, ficou-me sempre a impressão de alguns factores que, à semelhança de outras leituras, ficaram-me gravados na memória: 

1- O facto de muito poucas pessoas adivinharem o horror que estava para vir e, assim permanecerem no local onde residiam, não tentando fugir atempadamente. Quando quiseram fugir era já tarde demais.

2- O factor sorte. Impressionante como a sorte ou o azar ditavam a vida ou a morte!

3- A luta por um objectivo (alguém "lá fora" que queriam muito ver ou o facto de existirem familiares próximos no campo que se ajudavam uns aos outros). Neste caso, Simone tinha a mãe e uma irmã. A mãe, embora fraca e doente, foi sempre o pilar de força e coragem de que necessitava.

De resto, pouco mais direi. É para ler, gente, é para ler! Foi uma mais valia muito grande poder acompanhar Simone nestes dias de muita dor mas ficar a conhecer, também, todas as dificuldades por que passaram, ela e sua irmã, depois do "fim" da guerra. Porque o desconhecimento, a indiferença dos outros podem matar. O seu percurso profissional foi notável vindo a destacar-se como magistrada no seu país natal. Posteriormente foi ministra da saúde e a primeira mulher Presidente do Parlamento Europeu.

Uma força, um exemplo.

"Quando se foi tratada como carne, é muito difícil convencer-se de que se permaneceu um ser humano. Esse era o combate que travávamos. O combate mais difícil. Nós tínhamos fome, tínhamos sede, tínhamos sono. Quando se fica dias sem dormir, não se sabe mais onde se está, perde-se o sentido de orientação, O sentimento dominante é o de um corpo e de um espírito humilhados. Mas éramos três, isso preservava-nos. Apoiávamo-nos constantemente. À nossa volta, constituíam-se pequenos grupos, mas a família era o que havia de mais forte." (pág 85). 

Obrigatório ler!

Terminado em 19 de Fevereiro de 2024

Estrelas: 6*

Sinopse

"Um testemunho do holocausto, uma narrativa pessoal (inédita) por uma das mais destacadas figuras da política europeia da segunda metade do século xx.

Numa primeira parte do livro, Simone Veil fala da sua infância, da família, recorda o início das perseguições raciais em França, e relata a deportação, a vida nos campos de Drancy, Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen, e o impacto destes acontecimentos na vida que se lhes seguiu.

Na segunda parte, dialoga com antigos companheiros sobreviventes do holocausto, e com a irmã, membro da Resistência, e que reencontrou no fim da guerra.

Um extraordinário documento histórico, enriquecido por muitas fotografias (dos anos trinta e de anos recentes): deportada aos 16 anos, Simone Veil veio a tornar-se a francesa mais popular e uma das mulheres mais importantes da política europeia do século xx. Simone Veil habita literalmente este livro.

O leitor ouve a sua voz e sente a sua liberdade interior." 

Cris

 

2 comentários: