Gosto muito de ler literatura de testemunho, sobretudo de épocas e sobre acontecimentos em que os Homens se esqueceram que a Paz é um dos bens mais preciosos. A falta de humanidade, de empatia para com o outro ser humano que se encontra ao nosso lado e que nessas alturas está ao rubro, dever-nos-ia NÂO ESQUECER. E no entanto...
Simone Veil nasceu em França em 1927 e tinha 16 anos quando foi deportada juntamente com a mãe e uma das suas irmãs. Morreu em 2017 com 90 anos. O seu testemunho (e bem como os restantes que surgem neste livro) foi recolhido por David Teboul, fotógrafo e cineasta, que acabou por ficar seu amigo.
É muito pouco o que posso dizer sobre esta leitura porque ficaria sempre aquém do seu conteúdo. Do seu testemunho enquanto prisioneira em vários campos de concentração, ficou-me sempre a impressão de alguns factores que, à semelhança de outras leituras, ficaram-me gravados na memória:
1- O facto de muito poucas pessoas adivinharem o horror que estava para vir e, assim permanecerem no local onde residiam, não tentando fugir atempadamente. Quando quiseram fugir era já tarde demais.
2- O factor sorte. Impressionante como a sorte ou o azar ditavam a vida ou a morte!
3- A luta por um objectivo (alguém "lá fora" que queriam muito ver ou o facto de existirem familiares próximos no campo que se ajudavam uns aos outros). Neste caso, Simone tinha a mãe e uma irmã. A mãe, embora fraca e doente, foi sempre o pilar de força e coragem de que necessitava.
De resto, pouco mais direi. É para ler, gente, é para ler! Foi uma mais valia muito grande poder acompanhar Simone nestes dias de muita dor mas ficar a conhecer, também, todas as dificuldades por que passaram, ela e sua irmã, depois do "fim" da guerra. Porque o desconhecimento, a indiferença dos outros podem matar. O seu percurso profissional foi notável vindo a destacar-se como magistrada no seu país natal. Posteriormente foi ministra da saúde e a primeira mulher Presidente do Parlamento Europeu.
Uma força, um exemplo.
"Quando se foi tratada como carne, é muito difícil convencer-se de que se permaneceu um ser humano. Esse era o combate que travávamos. O combate mais difícil. Nós tínhamos fome, tínhamos sede, tínhamos sono. Quando se fica dias sem dormir, não se sabe mais onde se está, perde-se o sentido de orientação, O sentimento dominante é o de um corpo e de um espírito humilhados. Mas éramos três, isso preservava-nos. Apoiávamo-nos constantemente. À nossa volta, constituíam-se pequenos grupos, mas a família era o que havia de mais forte." (pág 85).
Obrigatório ler!
Terminado em 19 de Fevereiro de 2024
Estrelas: 6*
Sinopse
Acredito que seja um livro muito interessante de ler. Cumprimentos poéticos
ResponderEliminarParece-me uma leitura imperdível!
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