As redes sociais possuem algo de muito positivo e, para além dos amigos que fiz, leitores como eu, são as indicações e recomendações de livros que nos chegam a partir deles que mais adoro. Este livro foi uma maravilhosa descoberta.
Imaginem um homem bastante gordo com os problemas de saúde daí resultantes com um discurso polido ou socialmente correto para uma época em Portugal - Lisboa de 1938 - que ao "falar" já podíamos estar a incorrer em perigo físico. Muitos são ainda os que se lembram dessa altura mas, para quem já nasceu depois do 25 de Abril, ás vezes, é fácil esquecer. Mas a História está aí e os livros existem para podermos tomar conhecimento dos factos.
Então, voltemos ao nosso personagem inócuo, jornalista, responsável por um suplemento cultural do jornal Lisboa. Vida programada, cheia de rotinas, solitária, alheada do mundo em que vive e muito sem sabor a deste Sr. Pereira! Ao conhecer um jovem, Monteiro Rossi de seu nome, activista, a sua vida vai alterar-se quase sem dar conta. É aos poucos que se apercebe da censura que impera no país. Começa a alterar pequenos aspectos do seu trabalho e logo passa a ser vigiado e censurado. Não deve mudar nem alterar nada, são as ordens que recebe do director do jornal.
Este despertar para a realidade de então é feito exemplarmente por Tabucchi (que viveu cá) e o leitor rende-se à sua escrita simples, contudo cheia de miudezas. A dúvida instala-se e o Sr. Pereira vai despertando devagar, acordando para uma realidade que não lhe era visível porque alheado...
Preparem-se porque a forma de narrar este livro é fantasticamente diferente, mas não vos posso contar para não quebrar a surpresa. Dão logo por ela nas primeiras linhas. É como se fosse um depoimento do Sr. Pereira narrado por outrem que não sabemos quem, e só mais tarde poderemos fazer suposições.
Posso-vos garantir que o final é espectacular! Tão bom! Fico maravilhada quando leio um livro assim!
Terminado em 15 de Janeiro de 2023
Estrelas: 6*
Sinopse
Lisboa, 1938. Numa Europa varrida pelo fantasma dos totalitarismos, Pereira, um jornalista dedicado toda a vida aos casos do dia, recebe o encargo de dirigir a página cultural de um jornal medíocre, o Lisboa. Pereira tem um sentido um tanto fúnebre da cultura e prefere traduzir os romancistas franceses do século XIX, dedicar-se à elegia dos escritores desaparecidos, preparar necrológios antecipados.
Necessitado de um colaborador, contacta o jovem Monteiro Rossi que, apesar de ter escrito uma tese sobre a morte, está inequivocamente comprometido com a vida.
A intensa relação que se estabelece entre o velho jornalista, o impulsivo e idealista Monteiro Rossi e a namorada deste, Marta, irá resultar numa crise pessoal, numa maturação interior e numa dolorosa tomada de consciência que transformará profundamente a vida de Pereira.
Um romance magistral que conquistou a unanimidade da crítica, os mais importantes prémios e a resposta entusiástica dos leitores.
Cris
Acredito que seja um livro muito interessante de ler. A sinopse é muito sugestiva.
ResponderEliminar.
Semana feliz… cumprimentos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Nunca tinha prendido a minha atenção neste livro, até hoje, depois de ler a tua opinião.
ResponderEliminarVou ficar atenta para o agarrar na próxima vez que o encontrar!
Não Digas Nada a Ninguém
Vale tanto a pena, Inês! Gostei muito do retrato político da época feito pelo autor e da fantástica caracterização do personagem principal!
EliminarJá tinha lido sobre este livro e agora ainda fiquei com mais vontade de o ler.
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