A capa com aquela figura feminina (a autora) de sorriso negligente chamou-me a atenção, antes mesmo do titulo que guardei na memória e da sinopse que li quando o virei. Ainda assim não foi um livro que li compulsivamente. Ficou parado na minha mesa de cabeceira e ao fim do dia pegava nele para ler mais um conto e apreciar devagar o outro lado do sonho que Lucia narra com desapego, compassividade e economia de palavras. Quase como se fosse uma peça jornalística que precisamos de conhecer para entender o mundo em que vivemos, que por outro lado, com o tanto que conta torna-se difícil de entender. A violência, maus tratos em mulheres e crianças, a miséria, a dependência do álcool e de drogas, o abandono, a dor e a morte, e em que o belo se mistura com tudo isto em pormenores observados ou imaginados que a autora registou para dar força e profundidade à prosa. Uma escrita tão realista que se torna verdadeira para o leitor. Sentida.
Lidos todos os contos temos a trajectória de vida da autora, que confirmamos no fim com uma nota sobre Lucia Berlin. Uma vida recheada mas sombria, com rasgos de humor e ironia. Uma nobreza de carácter que marca. Como um diário que se espreita em segredo.
Muito bom.
Vera Sopa
Este é um dos que deverei ler em breve. Não o tenho, mas tenho quem mo vai emprestar. Uma das minhas amigas do peito, apaixonada pela leitura, disse-me que este é um dos livros mais extraordinários que já leu! Almerinda Bento
ResponderEliminarOlá Almerinda! Tenho-o aqui para ler. Ouvi muitas opiniões favoráveis... Bjinho
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