Deste autor jå tinha lido A Casa do Sono que achei espectacular. Depois de terminar esta obra fiquei muito curiosa e intrigada com "A Chuva Antes de Cair". A escrita de Coe é de tal forma cheia de imaginação que me perguntei como poderia uma outra leitura surpreender-me tanto quanto esta!
Maxwell, o peraonagem principal, é um ser depremido, carente, sozinho. Aos olhos dos outros, um falhado. Pior, ignorante. Assistimos com pesar aos seus conflitos interiores que se expressam exteriormente também. Um passado com pontas perdidas que interfere no seu presente: um quase nenhum relacionamento com a sua (ex)mulher, uma ligação cada vez mais diminuta com a sua filha adolescente, uma tensão permanente com seu pai, amigos inexistentes. Embarcamos na viagem que Maxwell enceta, tanto fisicamente como psicologicamente, e prevemos facilmente um fim desastroso. Nada na escrita de Coe nos prepara para o final!
Confesso que as obsessões de Maxwell, os seus desastrosos relacionamentos irritaram-me um pouco e apeteceu-me abaná-lo algumas vezes. Sobretudo quando começa a dialogar (monólogos deveras significativos do seu estado de quase demência) com Emma, o guia por voz do GPS. E eis que, quando ele próprio resolve abanar a sua vida e seguir com ela para a frente, prevendo-se um final feliz, Jonathan Coe faz a diferença. Afinal escrever (bem) é isso mesmo: surpreender o leitor nas últimas páginas. A reviravolta é surpreendente e não, não conseguimos adivinhar o final por mais que a nossa imaginação funcionasse de forma igual à do autor. Numa palavra: final irrepreensível e que nos deixa estupefactos!
Uma forte crítica implicita às redes sociais que nos mantêm em contacto com todos, sempre, mas sempre verdadeiramente sozinhos.
Recomendo!
Terminado em 20 de Agosto de 2014
Estrelas: 5*
Sinopse
Maxwell Sim bateu no fundo. A sua vida pessoal é um vazio. Ele tem 70 amigos no Facebook mas ninguém com quem falar. Mas tudo muda graças a uma disparatada proposta de trabalho: conduzir um carro carregado de escovas de dentes de Londres até às remotas ilhas Shetland. Um percurso longo que Maxwell decide preencher com uma série de visitas surpreendentes a figuras do seu passado. Acompanhado por "Emma", a voz feminina do seu GPS, com quem estabelece uma peculiar relação, ele não imagina que está a iniciar uma viagem íntima que o mudará para sempre.
Sem comentários:
Enviar um comentário