Queria há muito ler esta autora, vencedora do Nobel em 2024, porque, desde que este livro foi publicado cá em Portugal, tenho ouvido e lido opiniões sobre ele tanto positivas como negativas. E queria tirar a prova dos nove...
O livro está dividido em três partes e cada uma delas possui um narrador diferente. Através desses narradores é-nos contada a história de Yeong-hye, uma mulher que vive em Seul, que decide de um momento para o outro não comer carne, após um sonho terrível e do qual nada sabemos.
A primeira parte é narrada pelo marido. É um capítulo bastante violento e perturbador em que se vai verificando o quão impotente é Yeong-hye perante a vontade férrea do marido e do pai em contrariá-la.
Aliás, a violência está presente nos restantes capítulos narrados pelo cunhado, que a vê somente como instrumento dos seus desejos e fantasias e não como mulher, e, a última parte, pela irmã que a interna num hospício e assiste à sua decadência física e mental.
Este olhar sobre uma personagem visto e contado por outras pessoas é muito revelador do carácter dos narradores presentes nesta obra. Por isso, acho que, embora esta história seja sobre esta mulher, a personalidade dos narradores está tão ou mais presente que os traços de Yeong-hye.
Se gostei? Li com interesse mas achei que os temas referidos foram tratados com uma violência extrema que impressiona o leitor. Algo desnecessário, creio. Desconfortável. Achei, também, que o motivo pela qual a personagem principal se tornou vegetariana não foi convenientemente explicado deixando essa explicação pendente todo o livro sem que houvesse um esclarecimento final. Quero, no entanto, ler "Actos Humanos", outro livro publicado pela autora, cujas opiniões são mais concordantes.
Terminado em 7 de Setembro de 2025
Estrelas: 4*
Sinopse
Uma combinação fascinante de beleza e horror.
Ela
era absolutamente normal. Não era bonita, mas também não era feia.
Fazia as coisas sem entusiasmo de maior, mas também nunca reclamava.
Deixava o marido viver a sua vida sem sobressaltos, como ele sempre
gostara. Até ao dia em que teve um sonho terrível e decidiu tornar-se
vegetariana. E esse seu ato de renúncia à carne – que, a princípio,
ninguém aceitou ou compreendeu – acabou por desencadear reações
extremadas da parte da sua família. Tão extremadas que mudaram
radicalmente a vida a vários dos seus membros – o marido, o cunhado, a
irmã e, claro, ela própria, que acabou internada numa instituição para
doentes mentais.
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