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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

"Velhos Lobos" de Carlos Campaniço

Aposto que muitos de vocês nunca ouviram falar de Carlos Campaniço! Ou, pelo menos, não da forma que ele merece! A sua escrita remete-nos para ambientes rurais, nossos, e uma das suas obras possui um toque de realismo mágico. Depois de se entrar nesses mundos é difícil de lá sair. Aconteceu-me isso em "Os Demónios de Álvaro Cobra" (ver opjnião aqui).

Neste "Velhos Lobos", o realismo mágico não está presente. Presente está a escrita viciante de Campaniço, as histórias de vizinhos rivais, os ódios intemporais de famílias que lado a lado vivem anos de guerras que parecem não ter fim. E a solidão. Uma solidão profunda, marcada pela quase inexistente vida social, que parece instalada no dia a dia dessas gentes.

Algures no Alentejo, num tempo em que os automóveis não povoavam os lugares, de contrabandistas e refugiados espanhóis a monte, de telegramas que anunciavam as boas novas, sobretudo as más, duas famílias partilham ódios profundos e amores estranhos.

A família Velho e a familia Lobo - uma pobre, outra rica - que, piores que velhos lobos, se atiçam com quesílias toda uma vida e passam aos seus descendentes esse desamor, esses ciúmes e esse ódio que sentem uma pela outra e que é vivido também dentro de cada família.

Vale tanto a pena conhecer os segredos que estão por detrás destas duas famílias! Que amores se escondem dentro desses ódios? 

Terminado em 17 de Setembro de 2022

Estrelas: 5*

Sinopse
Quando Francisco d'Almeida Lobo decide passar a viver o ano inteiro no Monte do Azinhal para cuidar pessoalmente da propriedade, ignora que a presença da família Velho no Montinho lhe vai criar tensões impossíveis de ultrapassar. Primeiro, porque Jacinto Velho se recusa a dar-lhe uma mão; depois, porque descobre que a mulher dele não é senão Maria Barnabé, com quem teve uma história longe de estar resolvida. Os ânimos, porém, só ficarão ao rubro quando – contra a vontade do pai – o primogénito dos Velho lhe pedir trabalho…
No mesmo espaço agreste, debaixo do mesmo sol escaldante, duas famílias distintas em tudo vivem um litígio insanável. Em comum, têm apenas o amor e o ódio e uma solidão que parece não ter cura.
Será que algum dia conseguirão sobreviver a uma vizinhança tão declaradamente hostil?
Depois do realismo mágico de Os Demónios de Álvaro Cobra, do virtuosismo de Mal Nascer e da comédia de enganos que é o romance As Viúvas de D. Rufia, Carlos Campaniço regressa com uma ficção desafiante que nos faz pensar como a vida social e a civilidade são absolutamente essenciais ao equilíbrio dos seres humanos.

Cris

2 comentários:

  1. Mais um livro que me parece ser muito interessante de ler
    .
    Cumprimentos cordiais.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Alexandra Guimarães5 de outubro de 2022 às 18:50

    De facto, não conhecia o autor. Pelo que li aqui parece-me uma excelente opção de leitura.

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