Mais uma estreia. Não comecei pelo primeiro - A Contraluz, mas antes pelo segundo desta trilogia, atraída pela sinopse e pelo título.
Quando algo não foi concluído ou está a decorrer, digo em tom de brincadeira que está em Trânsito. Por isso, este título faz todo o sentido tratando-se de uma mudança de vida após um divórcio em que a personagem/ narradora sai do campo para a cidade de Londres, decide comprar uma casa má num lugar bom e descobre o mal nos vizinhos. A premissa começa com um email de uma astróloga que alega saber da sua situação e pode ajudá-la a tirar proveito.
A análise das circunstâncias banais do quotidiano e de si mesma como se contemplada à distância, sem grandes rasgos emocionais, é fascinante, e dei por mim absorta num romance que não tem muita ação, nem enquadramento ou previsível desfecho. Decorre e pronto. Simples assim mas muito eficaz de tão bem escrito. Elegante introspeção que nos leva à reflexão. Gosto disso. Recordou-me alguns romances que li de Julian Barnes.
Fiquei com muita vontade de ler o romance que se segue e espero que não demore muito porque Faye ficou na minha cabeça. Uma mulher só. Retrato atual e acutilante. Uma vida sem história. Narrativa forte e perturbadora em que "observamos" gestos e maneirismos, competitividade, ansiedade, raiva e alegrias, sobretudo em necessidades tanto físicas como emocionais. Padrões de comportamento.
Muito bom mas não para todos ou em qualquer momento. Um livro que requer disponibilidade.
Vera Sopa
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