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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A Rainha Santa de Isabel Machado

Gostei verdadeiramente desta leitura! Isabel Machado soube dar veracidade à narrativa, ao mesclar uma escrita na primeira pessoa - nas mãos da Rainha Isabel, casada com o rei D. Dinis - com uma escrita na terceira pessoa - contada pelo narrador. Esse facto conduz o leitor para o meio da acção sem que disso tenha noção, pois embrenha-se intensamente nos acontecimentos que uma imaginação soberba e um estudo aprofundado souberam dar vida.
Sempre que leio romances históricos não deixo de me espantar com as alianças que se fizeram através de casamentos combinados e, sobretudo, horrorizar com a crueldade com que o destino das crianças, meros peões nesses jogos de poder, era decidido. Afastar uma filha do seio familiar para ser criada em casa do futuro marido, com apenas alguns anos de idade, era habitual e traduzia-se, frequentemente, em dor tanto para as mães como para as filhas. Isto se pensarmos que atravessavam países e que, em muitos casos, não se tornavam a ver, faz-me tremer de horror.
A vida, tantas vezes errante, da gente daquela época não era fácil. O rei, ao mudar de cidade, fazia-se transportar de bagagem que incluia móveis e objectos de todo o estílo. Imaginar essas viagens, tão bem descritas pela autora, é recuar no tempo. Soube bem mas nunca perdi a noção que, felizmente, não pertenci a essa época.
Tempo de guerras e alianças onde o amigo de hoje pode ser o inimigo de amanhã. Jogos de poder onde a morte poderia ser o destino final. Lutas entre irmãos e meio-irmãos para conseguirem a coroa e todo o poder que reinar traria.
Esta foi uma leitura densa sem, no entanto, ser penosa. Pelo contrário. É muito aprasível, cheia de pormenores que queremos reter. Momentos da história que temos prazer em relembrar ou conhecer. A personalidade de Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, foi muito bem conseguida, captado que foi o seu profundo sentido religioso, o seu amor pelos mais necessitados e o seu sentido de dever.

Um livro que me deu muito prazer ler. Recomendo!
   
Terminado em 14 de Fevereiro
   
Estrelas: 5*

Sinopse
Em finais do século XIII, Aragão é um reino poderoso e rival de Castela, o gigante que acaba de se unir a Leão. Isabel, a filha mais velha do rei aragonês, exibe desde cedo uma personalidade rara. É bela, inteligente, devota, caridosa - e, por isso, naturalmente cobiçada por várias cortes europeias para uma aliança de casamento. Isabel tem outros sonhos, que não passam por ocupar um trono nem exercer o poder, mas interesses políticos acabam por ditar a sua união com D. Dinis, o brilhante e ambicioso rei de Portugal, no ano de 1282. O jovem soberano português sabe que, para pôr em prática os seus grandes planos de desenvolvimento do reino, deve manter-se afastado das guerras que grassam pela Península Ibérica.

Mas nem a paz perdura, nem Isabel se torna uma jovem submissa e alheada dos problemas políticos e sociais. Pelo contrário. Revela-se firme na defesa dos pobres, dos doentes e dos excluídos, em nome dos quais move montanhas, desafia convenções e se entrega aos maiores sacrifícios. E nos conflitos que vão abalar o reinado de D. Dinis, opondo pais e filhos ou lançando a discórdia entre irmãos, mostra-se corajosa e decidida, capaz de desafiar a autoridade do próprio marido e de influenciar o curso dos acontecimentos com a sua sensibilidade, poder de antevisão e amor à paz. Baseado numa pesquisa exaustiva, eis um romance que revela finalmente, em toda a sua plenitude e complexidade, a rainha de Portugal que sempre foi santa na memória do povo - mas que era, antes de mais, uma mulher invulgar e à frente do seu tempo. «Na vossa mansidão, Senhora, nunca deixou de haver rebeldia...», D. Dinis, rei de Portugal, sobre Isabel de Aragão

Cris

2 comentários:

  1. Nas tuas considerações sobre o livro, referes um dos motivos pelos quais a figura da Rainha Santa me ser tão querida. Numa época em que as mulheres eram (e perdoa-me os termos) uma mistura entre bibelôes de sala e vacas parideiras, D. Isabel recusou-se a ser peão e verbo de encher e pôs as mãos na massa. Ajudou as populações assoladas pela fome e a miséria, foi elo de entendimento na contenda entre filhos legítimos e bastardos.
    E com este teu post acabei de juntar mais um livro à wishlist mental... Oh dear...
    Boas leituras :)

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  2. E fiquei a saber que tudo fez para que pai, Rei D.Dinis e filho (futuro Rei Afonso iV) se reconciliassem, indo, inclusivé, de mula, meter-se no campo de batalha para que o combate parasse. Um livro a ler!

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