Se me tivesse ficado pela leitura da sinopse e do título, teria ficado com a ideia, à partida, que este livro não seria uma boa leitura para mim. Comédia? Com um tema destes?
Mas um amigo emprestou-me. Deves gostar, disse. Acreditei nele. E gostei realmente. O tom é sério, a história também. Um casal holandês acolhe e esconde em sua casa um judeu. Durante um ano as suas vidas alteram-se subtilmente, quase sem darem por isso. E pensam muitas vezes como será o dia em que poderão sair de casa, os três de braço dado. Como será o fim da guerra. Mas...
Fiquei com muita vontade de ler algo mais deste autor judeu alemão-holandês que participou activamente na resistência holandeza à ocupação nazi. A caracterização dos personagens é segura, profunda. A sua escrita, calma mas simultaneamente, repleta de pormenores que nos fazem deslizar para o interior daquela casa onde se passa, maioritariamente, a acção deste romance. E essa calma desaparece num instante, a dado momento da história, com um pequeno detalhe esquecido, com uma ponta solta que o casal deixa passar entre mãos. Somos, então, levados a assistir a uma reviravolta que nos tolhe, a nós leitores, os movimentos, deixando que o medo se instale tal qual personagem do livro. Foi isso que senti. Medo. "E agora?", pensei.
Como a escrita pode fazer-nos emocionar, sentir receio, medo até! Por isso gosto de uma linguagem escrita com mestria. Por isso leio.
Recomendo.
Terminado em 18 de Julho de 2015
Estrelas: 6*
Sinopse
Comédia negra em tempo de guerra, este notável pequeno romance de Hans Keilson, originalmente publicado em 1947, revela-nos um autor excecional: profundamente irónico, de escrita aguda, brilhante, moderna, da linhagem de Kafka ou de Joseph Roth.
É uma história de gente comum resistindo à ocupação nazi na Holanda: um casal, Wim e Marie, esconde em sua casa um judeu em fuga, Nico, e vai ter de livrar-se do seu corpo quando este morre de pneumonia.
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