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domingo, 31 de março de 2013

Ao Domingo com… João da Cunha Silva


Todos falamos da mesma dificuldade quando temos de falar de nós próprios. Este exercício de espelho é realmente difícil e até um pouco injusto. Se dissermos que somos muito bons, parece arrogância, se dissermos que isto é apenas um acaso, ou que não é muito importante, soa a falsa modéstia e acaba por ser um pouco falta de respeito para os que nos leem. Eu não sei se sou bom com as palavras, eu quero crer que sim e por isso é que resolvi partilhar este conto e não o meti numa qualquer gaveta. Pode ser uma ilusão, mas quero acreditar que tenho algo a acrescentar, que a minha palavra e que a minha voz pode mudar alguma coisa. Se eu no meu íntimo não sentisse isso, então também não estaria a escrever estas linhas.

Como professor, educador e agora como pai sinto arrepios quando ouço a frase: “Eu não gosto de ler!” e eu concluo sempre dizendo que a esta frase, falta claramente um complemento direto,  e faço a pergunta “-Não gostas de ler o quê?” Pois eu também não gosto de ler tudo que tenha capa e folhas por dentro. Nem tudo me agrada e já deixei muitos livros a meio;  já julguei muitos livros pela capa, já fui induzido em erro pelos tops de venda, avancei páginas… Ler é experimentar, é criar o nosso percurso como leitores e saber dizer sim, ou então dizer não.

A este propósito lembro-me sempre do livro de Daniel Pennac “Como um romance” em que este elenca os direitos do leitor:

  1. O Direito de Não Ler
  2. O Direito de Saltar Páginas
  3. O Direito de Não Acabar Um Livro
  4. O Direito de Reler
  5. O Direito de Ler Não Importa o Quê
  6. O Direito de Amar os «Heróis» dos Romances
  7. O Direito de Ler Não Importa Onde
  8. O Direito de Saltar de Livro em Livro
  9. O Direito de Ler em Voz Alta
  10. O Direito de Não Falar do Que se Leu

Já as crianças não têm estas escolhas todas porque dependem do papel dos adultos. Contar uma história a uma criança é dar-lhe a saber que nos preocupamos;  é estabelecer uma ponte entre dois mundos desiguais. É com certeza uma partilha que nenhum jogo de consola ou programa de televisão consegue fazer.


É neste contexto que surge “A Maria da Lua”. Primeiro porque tenho uma filhota de três anos, a musa para este livro, e há que por em prática todas as noções teóricas sobre a importância das histórias e da literatura na infância; segundo porque esta vontade e necessidade de escrever, que sempre tive, esteve a envelhecer dentro da minha pele, à espera de uma voz mais testada pela vida. Tenho vários pedaços de escrita espalhados pelos meus anos, mas só agora, com A Maria da Lua, senti que estava pronto para partilhar.

Pretendo, sem modéstia, ter um papel na promoção da leitura infantil e promover a criação de novos leitores.

Estou neste momento com outro conto infantil “Pintas e o Osso de Dinossauro” com expetativas de publicação e para outros públicos estou a preparar um romance de título “Projeto L”. Faço também incursões pela poesia e poderão ver um poema meu na IV Antologia de Poesia Contemporânea, editada pela Chiado que saiu no passado dia 16 de março. 

http://www.facebook.com/AMariaDaLua  (site do livro "A Maria da Lua")
http://dedos.blogspot.com  (blog de poesia)

João da Cunha Silva

2 comentários:

  1. Parabéns. A escrita em qualquer momento reflete a nossa forma de estar na vida, CONTINUA.

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  2. Parabéns! Espero que os teus propósitos se concretizem. É com orgulho, tal como já disse, que vejo a nossa geração começar a dar frutos e a ser reconhecido o seu valor.
    Quanto ao conteúdo deste texto, concordo. Tenho a teoria de que toda a gente gosta de ler. Sim, toda a gente! Desde que procure o que vá ao encontro dos seus gostos e interesses. E depois... "primeiro estranha-se e depois entranha-se". O mesmo acontece com as crianças, embora seja importante cultivar desde cedo esse gosto, para que, tal como elas, floresça.

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