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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

"Hiroshima " de John Hersey

Quem nunca ouviu falar de Hiroshima e do bombardeamento ocorrido em 6 de Agosto de 1945?

Acho que todos têm uma pequena noção da gravidade do que aconteceu mas muito poucos possuem uma real perspectiva do sucedido. Na verdade, com a leitura deste livro fiquei a saber o quão ignorante eu era em relação às implicações que esta bomba teve nos que lhe sobreviveram.

Com o nome de código "Little Boy", a bomba atómica foi lançada pelo bombardeiro B-29 Enola Gay  sobre Hiroshima, no Japão, às 8:15 hora locais, sob ordem do presidente americano, Harry Truman, com o intuito de forçar a rendição do Japão, aliado dos alemães na II Guerra Mundial. O aniquilamento e destruição que provocou foi inimaginável. 70 a 80 mil pessoas morreram instantaneamente. Até ao fim do ano o número de mortes aproximou-se dos 140 mil devido às queimaduras e radiações sofridas.

Três dias depois, em 9 de Agosto às 11 da manhã, Nagazaki foi também bombardeada. A 15 de Agosto o Japão rendia-se.

A população não soube durante muito tempo o que tinha acontecido e as especulações foram muitas. O autor, jornalista de profissão, entrevistou seis sobreviventes e faz aqui um relato das suas vidas no momento do impacto bem como durante os anos seguintes. O livro foi primeiramente publicado numa revista. Num tom sóbrio, jornalístico, a obra tem um impacto muito grande no leitor pela proximidade que se gera entre este e os personagens. Em 1985 o autor publicou um posfácio onde descreve a vida destes seis sobreviventes nos anos seguintes.

Apesar do sucedido, da devastação impressionante e das doenças e mortes provocadas pela bomba e suas radiações, os testes nucleares continuaram e continuam em diferentes partes do mundo. O Homem é perito em esquecer e forte em repetir a História. "A memória dele (um dos personagens), como a do mundo, começara a claudicar." pág 203.

Impressionante leitura. O livro encontra-se esgotado por isso aconselho uma ida às bibliotecas para o requisitarem, como fiz. Vale a pena esse esforço.

Terminado em 22 de Setembro de 2025

Estrelas: 6*

Sinopse
Hiroshima é a obra mais conhecida do jornalista e escritor norte-americano John Hersey. Hoje um clássico, este livro remete-nos para uma reflexão acerca do papel exercido pelos avanços da tecnologia na civilização moderna, dando voz ao ponto de vista das vítimas do primeiro bombardeamento atómico da História. A narrativa de Hersey é completada por um estudo sobre as repercussões actuais das bombas atómicas americanas.

Cris 


terça-feira, 7 de outubro de 2025

"Pés de Barro" de Nuno Duarte

Que livro bom de se ler! Confesso que estava renitente porque, à primeira vista, a sinopse não me interessou por aí além. Um livro sobre a construção da Ponte 25 de Abril, na época chamada de Ponte Oliveira Salazar? Pois, estava bem errada. Que escrita simples, directa, sem floreados e, no entanto, tão apelativa, que nos reporta de imediato para os anos 60, para um Portugal fechado em si mesmo, com leis e regras que hoje poucos se lembram mas que dominavam o povo. O medo escondido nas palavras que se diziam, as acções vigiadas, os ouvidos à escuta porque palavras fora das normas poderiam significar problemas graves. E o medo, sempre o medo.

A narrativa é lenta, cheia de pormenores que desconhecia ou já não me lembrava que me fizeram duvidar da sua existência e constatar, depois de procurar na Net, que se tratavam de factos verídicos. Que maravilha! Aprender ou recordar, que delícia!

O protagonista é um jovem serralheiro de nome Victor Tirapicos, de 22 anos, que acaba de sair da prisão onde esteve dois anos. O motivo da sua entrada num estabelecimento prisional? O roubo de batatas devido à fome que sentia!!! E é através da sua vida que mergulhamos num ambiente onde a desigualdade e a pobreza imperam. A esperança de uma vida melhor funde-se e desaparece, no quotidiano duro. Victor parte para Lisboa para arranjar emprego na construção da Ponte sobre o Tejo e vai morar num bairro típico de Alcântara, bairro onde os pés da ponte assentaram. Paralelamente a essa obra de construção inovadora, a partida de cada vez mais jovens para a Guerra Colonial e, também, a chegada de alguns desse horror, com todos os problemas inerentes.

Foi uma obra que me deu muito prazer ler. Recomendo.

Terminado em 19 de Setembro de 2025

Estrelas: 6*

Sinopse
Um retrato poderoso e simbólico do fim de um regime, uma história de dificuldades e esperança que bem podia ter acontecido… Estamos em 1962, num país orgulhosamente só, e vem aí a construção da primeira ponte suspensa sobre o Tejo, para a qual vão ser precisos cerca de três mil homens. A obra irá mudar para sempre a paisagem da capital, muito especialmente para quem vive em Alcântara, como é agora o caso de Victor Tirapicos, instalado na casa dos tios depois de ter envergonhado o pai com dois anos de cadeia só por ter roubado pão e batatas para fintar a miséria. É, de resto, pelos olhos deste serralheiro de vinte e dois anos que veremos a ponte erguer-se um pouco mais todos os dias e, ali mesmo ao lado, partirem os navios cheios de rapazes para a guerra do Ultramar, donde muitos acabarão por voltar estropiados, endoidecidos ou mortos. Porém, apesar de a modernidade parecer estar a matar a vida e os costumes do pátio operário onde convivem (amigavelmente ou nem tanto) uma série de figuras inesquecíveis – entre elas o mestre sapateiro que faz as chuteiras para o Atlético Clube de Portugal e um velho culto que aprende a desler –, Victor Tirapicos encontra o amor de uma rapariga que é muda mas consegue escutar o planeta, pressentindo a derrocada da estação do Cais do Sodré e outra catástrofe ainda maior, que se calhar tem pés de barro e só acontece neste romance, mas bem podia ter acontecido. «UM RETRATO MUITO DINÂMICO E VIVO DO PORTUGAL DOS ANOS 1960.» Manuel Alegre, Presidente do Júri 

Cris