Escrita de apurada beleza, com sentidos profundos, onde permanecemos encantados som o seu som, a sua música. Contos maioritariamente sobre mulheres negras, vidas pautadas de dor e sofrimento. A pobreza e a morte ligadas como almas gémeas. Mulheres com filhos, muitos, capazes de tanto dar.
Mulheres capazes de amar tanto. Algumas fazem-se mulheres ainda meninas: “Um dia, aos treze anos, a cama do gozo foi arrumada em pleno terreno baldio” (pág.60).
É uma escrita feita de coisas que se dizem de forma bonita, fazendo o leitor permanecer nessas palavras, relendo.
Não sou leitora de contos, não me preenchem tanto quanto histórias longas. E, no entanto, por vezes, veem-me parar às mãos alguns livros bonitos, cheios de sentido. Profundos como este.
Terminado em 4 de Fevereiro de 2025
Estrelas: 4*
Sinopse
Em "Olhos D'Água" Conceição Evaristo Ajusta O Foco De Seu Interesse Na
População Afro-Brasileira Abordando, Sem Meias Palavras, A Pobreza E A
Violência Urbana Que A Acometem. Sem Sentimentalismos, Mas Sempre
Incorporando A Tessitura Poética À Ficção, Seus Contos Apresentam Uma
Significativa Galeria De Mulheres: Ana Davenga, A Mendiga Duzu-Querença,
Natalina, Luamanda, Cida, A Menina Zaíta. Ou Serão Todas A Mesma
Mulher, Captada E Recriada No Caleidoscópio Da Literatura Em Variados
Instantâneos Da Vida? Elas Diferem Em Idade E Em Conjunturas De
Experiências, Mas Compartilham Da Mesma Vida De Ferro, Equilibrando-Se
Na ""Frágil Vara"" Que, Lemos No Conto ""O Cooper De Cida"", É A ""Corda
Bamba Do Tempo"". Sem Quaisquer Idealizações, São Aqui Recriadas Com
Firmeza E Talento As Duras Condições Enfrentadas Pela Comunidade
Afro-Brasileira.
Cris