São pequenas entradas contando alguns apontamentos diários de sua vida. Carolina vive com os seus três filhos em condições de pobreza extrema. O seu barraco tem chão de terra batida e não tem água. O seu objetivo diário é a sobrevivência dos seus e por isso "cata" papel, ferro e o que consegue aproveitar para vender nas ruas da cidade. A ida para buscar água é diária. Sabe que o seu aspecto é, a maior parte das vezes, imundo e que, fora da favela, a olham com nojo.
A fome é uma constante. A delinquência, os maus tratos, a violência, os roubos são os seus vizinhos de bairro. A bebida é um paliativo para a maior parte dos seus vizinhos. Bebem para festejar e bebem porque estão tristes. Carolina não bebe e, a maior parte das vezes, é uma mulher alegre, determinada em conseguir um futuro melhor para si e os seus mas as condições em que vive são de tal ordem que se deixa abater em muitas situações para logo se recompor...
Gosta de ler e escreve o que sente e o que vê. Os vizinhos sabem disso e é marginalizada em muitas situações por ser "diferente". Tem uma consciência política da situação vivida no país de então, verdadeiramente fora do que o leitor poderia esperar e escreve porque quer que fiquem a conhecer como vive um favelado e como é difícil prosperar naquelas condições.
Um relato impressionante, algo repetitivo, porque a vida para Carolina são dias e dias de uma luta sem resultados positivos visíveis. E a fome sempre lá.
Terminado a 5 de Setembro de 2022
Estrelas: 6*
Sinopse
«O texto de Carolina é acima de tudo um texto que interroga. Não só a sociedade e a política, mas também a literatura, os processos de tornar-se autor e de manter-se autor, em todo e qualquer lugar no qual o lugar de autor é ainda primordialmente tomado como sinonímia de um tipo muito específico de sujeito - homem, branco. Por essa razão, Quarto de despejo provocou um abalo sísmico no sistema literário; porque foi capaz de traduzir em ato um principio da autora: "na minha opinião escreve quem quer". Em consequência, Carolina abriu os caminhos para que possamos hoje pensar sensibilidade estética e elaboração narrativa como um dever aberto, e não como um a priori restrito a determinadas conjugações sociais, que tornam alguns sujeitos "legítimos" para serem autores e outros não.»
Cris
Acredito que seja um livro com uma narrativa que prende o/a leitor/a a cada página.
ResponderEliminar.
Uma semana feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Levo sugestão 👏👏😘
ResponderEliminarDeve ser um livro muito interessante.
ResponderEliminarOuvi falar bem deste li e agora aguçaste-me a vontade. Gostava de ler.
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