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segunda-feira, 27 de maio de 2024

"A Menina Da Cabeça Quadrada" de Emília Nuñez com ilustrações de Bruna Assis Brasil


A Cecília acordou a sentir-se estranha e qual não foi o seu espanto quando se olhou ao espelho e... a sua cabeça estava quadrada!!! O pai, preocupado, levou-a de imediato ao médico. Mas a sala de espera estava cheia de meninos com a cabeça quadrada! De que epidemia se tratava? Cecília, aflita, lembrou-se que a sua avó dizia que ela, com tanta televisão, tablet e telemóvel ainda acabava por ficar com a cabeça quadrada...

Uma história divertida, que serve para alertar para alguns perigos a que crianças tão pequenas estão sujeitas por passarem tanto tempo junto aos écrans. E que tal brincarem também de outra forma, uns com os outros?

Ilustrações belíssimas, coloridas e que acompanham lindamente o texto. Um deleite para educadores e crianças!





 
Cris

sexta-feira, 24 de maio de 2024

"O Diabo Foi Meu Padeiro" de Mário Lúcio Sousa

Este livro é uma lição de História, infelizmente da nossa, muito triste e  vergonhosa por sinal. Relato cru do que foi o campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, para onde eram levados alguns dos presos políticos durante o salazarismo, muitas vezes à espera de julgamento. Os testemunhos de alguns sobreviventes serviram de base à escrita desta obra. Os presos "alimentavam-se" de torturas várias, de fome e sede, de falta de higiene, de maus tratos e onde a doença que levava à morte constituía, por vezes, a libertação esperada!

Foi "inaugurado" em 1936 com mais de uma centena de prisioneiros que era urgente afastar da metrópole pelas suas ideias diferentes do regime. Relatos brutais, inumanos do que lá se viveu e se quis esconder por muito tempo. O autor enumera os nomes dos presos no final deste livro, que lhes é dedicado, onde para além de portugueses estão também cabo-verdianos, guineenses e angolanos. 

Posto isto, que me parece ser prioritário referir, tenho de parabenizar o autor pela sua escrita criativa, pela beleza do seu discurso quando seria difícil fazê-lo já que o tema é tão pesado e monstruoso. A ficção e a realidade juntas num belíssimo e importante livro, que muito recomendo. 

A utilização de vários narradores, todos de nome Pedro, que se expressam na primeira pessoa, não dificulta a leitura. Pelo contrário, torna-a mais interessante. Para além de uma homenagem a todos os que por lá passaram, da crueza dos relatos que não duvidamos terem sido reais, este livro transporta-nos para uma escrita belíssima e muito cuidada sem deixar de ser simples e poética, ao mesmo tempo.

Adorei!

"Ler é silenciar o que não deve ser ouvido. Ler é calar o ruído do silêncio, esse que ensurdece. Ler é habitar o dia seguinte esculpido na nossa mente. Ler é o início do enigma. Ler é tirar e pôr em simultâneo. Ler é esvaziar o perpétuamente cheio. Estamos em plenitude. Voltar a ver, ou a ler, ou a ter um livro entre as mãos é dos mais belos reencontros que o ser humano pode vivenciar, seja na liberdade, seja no cativeiro. Para os livros não há cativeiro. Mesmo fechado, é sempre um mundo de braços abertos." (pág 104)

Terminado em 22 de Abril de 2024

Estrelas: 6*

Sinopse

A Colónia Penal do Tarrafal, criada durante o Estado Novo na ilha de Santiago, em Cabo Verde, foi estreada em 1936 com centena e meia de prisioneiros políticos vindos da metrópole, que era preciso afastar, enfraquecer e usar como lição.

Embora as condições em que ali viveram – esses e todos os outros que ali foram encarcerados – sejam conhecidas (quase sem água, privados de higiene, doentes e sujeitos a torturas várias), nada melhor do que ouvi-las da boca de quem as sofreu na pele ou assistiu de perto a esse sofrimento. Nos 45 anos do encerramento do campo de concentração, Mário Lúcio Sousa, nascido no Tarrafal, toma a voz de vários prisioneiros chamados Pedro e chegados em diferentes vagas de Portugal, da Guiné, de Angola e até de Cabo Verde.

E, ao relatar a história desta prisão terrível e de quem a foi dirigindo ao longo dos anos, o presente romance homenageia simultaneamente os que ali perderam a vida e os que sobreviveram ao horror e ainda os vários modos de falar uma língua que foi, tantas vezes, a que os tramou e a que os viria a salvar.

Cris

quarta-feira, 22 de maio de 2024

"Quando as Montanhas Cantam" de NguYên Phan Quê Mai

Gostei muito desta leitura. A autora vietnamita levou 7 anos a escrever este livro em resultado das inúmeras entrevistas que serviram de base à sua história e lhe dão um caracter muito verosímil tanto mais que muitos acontecimentos que estão como pano de fundo são reais. 

As duas protagonistas principais – avó e neta -, que são também as narradoras, vão intercalando e contando as suas histórias. Estes dois “eus” são muito fortes e prenderam-me de imediato a estas páginas.

Momentos muito fortes e dolorosos da História do Vietname contados através da história pessoal da saga da família Trân. Estamos, pois, no Vietname em 1972, em Hanói. Diêu Lan, avó de Huong, vai levar a neta à escola e são surpreendidas por bombardeamentos de mísseis americanos. A sua casa fica totalmente destruída. A avó, que tem a seu cargo a neta, porque a sua filha e genro estão na guerra, tem mais uma vez de se reinventar e reconstruir a sua vida. Todo este processo é doloroso e a palavra de ordem é sobreviver. No entanto, é um livro onde a esperança está sempre presente. E a resiliência.

Diêu Lan vai contando a sua história de vida desde criança que é, no fundo, a História do Vietname e, sobre a qual, confesso, sabia muito pouco. História dura que ilustra bem as dificuldades por que esse povo passou. Mortes, assassinatos estão sempre como pano de fundo, guerras internas (norte vs sul) e com invasores externos. A maldade humana e seus efeitos duradouros, aqui muito bem representados, que passam através das gerações.

Ao mesmo tempo assistimos às dificuldades por que passa Huong, a neta, longe dos pais, que mesmo depois do términus da guerra, não regressam.

Caminhando entre as duas narradoras, entre a acção no passado (1930 até 72) e no presente (1972 e anos seguintes), esta obra leva-nos aos acontecimentos mais marcantes da história de um país/povo, dando-nos um conhecimento mais profundo do que significa sobreviver sem perder a esperança.

Aconselho vivamente! Tive alguma dificuldade com os nomes mas nada que alguns apontamentos num papel não resolvessem...

Terminado em 15 de Abril de 2024

Estrelas: 5*

Sinopse

Vietname, 1972. Do seu refúgio nas montanhas, a pequena Hương, e a sua avó observam Hanói a arder sob o fogo dos bombardeiros americanos. Até àquele momento a guerra tinha sido apenas uma sombra que afastara a família e dilacerava o país. Agora, entrava de forma brutal nas suas vidas. 

Quando regressam à cidade, descobrem a sua casa completamente destruída e decidem reerguê-la, tijolo a tijolo. Para animar a neta, Diệu Lan começa a contar a história da sua vida: desde os anos nas terras da família durante a ocupação francesa, as invasões japonesas e a chegada dos comunistas; da sua fuga desesperada para Hanói, sem comida nem dinheiro, e a dura decisão de deixar os filhos pelo caminho, na esperança de que, mais tarde ou mais cedo, se reencontrassem. 

O tempo passa e quando finalmente terminam a reconstrução da casa, a guerra já terminou. Os veteranos estão a regressar da linha da frente e Hương pode finalmente voltar a abraçar a mãe, que está uma mulher muito diferente daquilo que ela se lembrava. A guerra roubou-lhe a esperança e as palavras; e caberá a Hương dar-lhe voz e ajudá-la na dura tarefa de se libertar do fardo amargo de todos os segredos...

Cris

segunda-feira, 20 de maio de 2024

"A Minha Madrasta" de Inês Neves Rosa e Mariana Dimas


A Teresa tem uma madrasta e está pensativa. A Joana não é parecida com as madrastas das histórias dos livros que possui e isso fá-la interrogar-se. A Joana afinal é boa ou má? Nada como perguntar à mãe e esta, com algumas questões simples mas certeiras, faz com que a Teresa perceba que rotular uma pessoa não está certo. A Joana é sua amiga e trata-a muito bem e com muitos mimos. 

E que tal dizer o que a andava a preocupar e falar com a própria Joana sobre isso?

Com ilustrações simples, frases curtas, a mensagem passa bem para os mais pequeninos. As madrastas são muitas vezes “boasdrastas” e aquelas que aparecem nos livros não são iguais às que existem na vida real.

Um tema que deve ser abordado com honestidade e com exemplos práticos para que as crianças percam os seus medos e para que aprendam também a expressá-los. 




Cris


quarta-feira, 15 de maio de 2024

"Conto de fraldas" de Álvaro Magalhães


Gosto tanto deste "tipo" de imagens com bonecos tão fofos que me deliciei, antes de ler esta história, em folhear as páginas todas até ao fim só para as contemplar! Estão cheias de pormenores que elas próprias contam esta ou outras histórias que queiramos inventar ou acrescentar...

Findo isso, passei à leitura da história "casando" as imagens com as palavras.

Tim, o bebé urso, perdeu-se da mãe depois de uma grande tempestade. A sua fralda, ao fim de alguns dias, começou a cheirar pessimamente e os outros animais fugiam dele e do cheiro que dele imanava. Que fazer? Porque é que a sua mãe não o encontrava?

História muito divertida à volta de um ursinho perdido e das suas peripécias até ser encontrado pela mãe.

Os pequeninos vão adorar e rir muito! Claro que acaba tudo bem como são todos os contos de "fraldas"!




Cris

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Resultado do Passatempo "Toca a comentar!" - Mês de Abril

Anunciamos o vencedor deste passatempo referente ao mês de Abril.

Este é o link para o post onde se encontra anunciado o passatempo.

Assim, através do Random.Org, de todos os comentários efectuados nesse mês, foi seleccionada uma vencedora! Foi ela:

Alexandra Guimarães

Parabéns! Terás que comentar este post e enviar um email para otempoentreosmeuslivros@gmail.com até ao próximo dia 22, com os teus dados e escolher um de entre estes dois livros:

Cris

quarta-feira, 1 de maio de 2024

"Fahrenheit 451" de Ray Bradbury

Confesso que me custa ler obras onde mundos imaginários imperam e, por


essa razão, são poucos os livros que leio de ficção científica / distopias. Mas os que li, gostei e passadas algumas páginas o desconforto vai desaparecendo. Aconteceu com este livro, que queria há muito ler, e do qual todos me falavam bem.

O que muitas vezes acontece é que algumas situações que são descritas e que à partida são irreais acabam por nos ser familiares, ou porque o mundo já as viveu ou porque o medo/perigo que elas venham a acontecer é grande. Este livro é exemplo disso.

Foi escrito em 1953 e é impressionante a crítica profunda nele contida a um mundo em que o mais fácil e permitido é não pensar, não sentir, em que os livros são objectos perigosos e que precisam de ser abolidos. Muitos ditadores pensaram o mesmo e a História do nosso mundo assim o mostra. A educação, para alguns, é perigosa porque leva à crítica, ao pensamento.

O prefácio da edição da Saída de Emergência, refere que só deve ser lido no final. Assim o fiz. Retirei uma frase que fez todo o sentido para mim: "Quando saiu nos Estados Unidos, em 1953, Fahrenheit 451 foi lido como um manifesto contra a censura, como um panfleto contra todas as inquisições. Estaline tinha morrido nesse ano, a memória de Hitler ainda estava bem viva (...)".

É um mundo distópico sim, este que Ray Bradbury nos apresenta mas algumas reflexões fazem sentido hoje no mundo actual. Os bombeiros servem, não para apagar os fogos, mas para incendiar os livros; as pessoas vivem alienadas com as televisões que ocupam paredes inteiras das casas e que lhes fornecem "famílias" fictícias. Guy Montag é bombeiro. É muito interessante acompanhar o seu desabrochar, mas não me quero alongar para não vos contar demasiado.

Muito interessante. Leiam. Reflictam.

Terminado em 10 de Abril de 2024

Estrelas: 5*

Sinopse

Como uma mensagem mais relevante do que nunca, venha descobrir o clássico profético de Ray Bradbury sobre o poder da resistência à tirania política. Guy Montag é um bombeiro. O seu emprego consiste em destruir livros proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na sua televisão. Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse e é como se um sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando conhece um professor que lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar, Montag apercebe se subitamente do caminho de dissensão que tem de seguir. Mais de sessenta anos após a sua publicação, o clássico de Ray Bradbury permanece como uma das contribuições mais brilhantes para a literatura distópica e ainda surpreende pela sua audácia e visão profética.