
Gostei muito de conhecer ambas. Confesso que fiquei muito apaixonada pela personagem, por essa mulher de armas que foi Maria da Fonte, o que me levou a não dar importãncia a algumas partes da história contada que não me fizeram sentir no seu interior, como tanto gosto. Creio que esse facto deveu-se, sobretudo, a alguns diálogos com bastantes referências políticas que achei mais cansativos, embora necessários, reconheço.
A escrita da autora é bastante clara, povoada de discursos que nos remetem para o contexto socio-cultural da época, onde os estatutos das diferentes classes sociais estavam bem definidos e que eram difíceis de transpôr e, também, para as diferenças marcantes entre o Homem e a Mulher, ditadas pelos costumes machistas de então.
Contudo, Maria da Fonte soube liderar as hostes numa sublevação popular contra o governo presidido por Costa Cabral e que teve início na Póvoa de Lanhoso (ver Wikipédia), vencendo alguns preconceitos no que concerne ao papel da mulher na sociedade, trazendo à sua vida momentos de verdadeiro reboliço e fazendo com que ficasse a ser conhecida pela sua bravura.
Como referi, gostei muito de conhecer a vida desta personagem e com ela, a autora, Maria João Fialho Gouveia. Porque sim, acredito que, ao conhecer esta heroína portuguesa, fiquei a conhecer um pouco de quem lhe deu vida neste romance.
Terminado em 12 de Dezembro de 2017
Estrelas: 4*
Sinopse
Até quando pode uma mulher aguentar a injustiça sem erguer a voz? Após as Guerras Liberais que assolaram Portugal durante o século XIX, as decisões do governo de Costa Cabral não são bem recebidas. Os impostos aumentam, as liberdades do povo são atacadas e a Igreja é o próximo alvo. Atenta aos gritos de revolta do seu povo, que também são os seus, e às ideias miguelistas dos seus senhores, está a jovem Maria Angelina. Despedida por se ter deixado apaixonar, Maria regressa à sua aldeia da freguesia de Fontarcada, na Póvoa de Lanhoso, jurando viver por si, sem ninguém a cortar-lhe as asas. Os ideais, no entanto, não desaparecem, e, quando o governo proíbe o povo de enterrar os mortos nas igrejas, Maria decide tomar medidas. Lideradas por ela e munidas das armas possíveis, como as ferramentas de trabalhar a terra, as mulheres do Minho fazem justiça pelas próprias mãos. Maria de Fontarcada torna-se Maria da Fonte e ganha os contornos de uma líder popular. Conforme a revolta vai grassando pelo país, forçando o governo a ser demitido e o exército a entrar em cena, Maria da Fonte transforma-se num mito, surpreendendo até aqueles que com ela privavam. Esta é a história desse mito. E da mulher que está na sua origem.
Cris
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