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quinta-feira, 20 de junho de 2024

"A Filha Única" de Guadalupe Nettel

Creio ja ter referido que fui à apresentação deste livro que contava com a presença da autora. Para ir munida de bagagem li o seu livro "O Corpo Em Que Nasci" (opinião aqui) e, claro, "A Filha Única". Gostei muito de a ouvir falar, de como surgiu o tema desta história, de como ela a interpretou. Gostei sobretudo da forma interventiva como vê o mundo e de a ouvir falar do processo de escrita.

Esta obra é baseada na história de uma amiga e a intenção primeira da autora foi contar momentos significativos passados na sua vida. As questões que se lhe colocaram e que são aquelas que se nos colocam a nós leitores, estão ligadas com a maternidade, o luto e a violência doméstica.

O que é ser "boa mãe", que papel a sociedade impõe às mulheres e que carga possui, que formas de ser mãe existem... são questões que se colocam ao lermos estas páginas. 

É, também, um livro sobre a esperança. Gostei muito.

"Existe uma palavra para designar aquele que perde o seu conjuge, e outra para os filhos que ficam sem pais. No entanto, não existe nenhuma palavra para os pais que perdem os seus filhos. (...) É algo tão temido, tão inaceitável, que decidimos não o nomear." Pag 68

Terminado em 15 de Maio de 2024

Estrelas: 6*

Sinopse

Multipremiada, Guadaluppe Nettel é um nome a fixar na nova geração de escritores latino-americanos. Pouco depois de atingir os oito meses de gravidez, anunciam a Alina que a sua filha não irá sobreviver ao parto. Ela e o companheiro embarcam então num processo doloroso, e ao mesmo tempo surpreendente, de aceitação e luto. Esse último mês de gestação transforma-se para eles numa estranha oportunidade de conhecer aquela filha a quem tanto lhes custa renunciar. Laura, a grande amiga de Alina, fala-nos do conflito deste casal enquanto reflete sobre o amor e a sua lógica por vezes incompreensível, mas também sobre as estratégias que os seres humanos inventam para superar a frustração. Simultaneamente, Laura vai-nos contando a história da sua vizinha Doris, mãe solteira de um menino encantador com problemas de comportamento. Escrito com uma simplicidade apenas aparente, A Filha Única é um romance profundo e cheio de sabedoria que nos fala de maternidade, da sua negação ou aceitação, das dúvidas, incertezas e até dos sentimentos de culpa que a rodeiam, das alegrias e angústias que a acompanham. É também um romance sobre três mulheres – Laura, Alina, Doris – e os laços – de amizade e amor – que estabelecem entre elas. 

Cris

1 comentário: