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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Na Minha Caixa de Correio

 


Cris

Para os mais pequeninos: "As Penas Mágicas do Pavão" e "A Tartaruga Engessada"

A Beatriz e o Guilherme queriam muito ter um animal de estimação. Mas a mãe, que não tinha tempo para tal, teve uma ideia que os deixou contentes também...

Inscreveu-os num programa de voluntariado num parque, onde teriam contacto com muitos e diversos animais.

Eles e o Panda vão ter muitas aventuras, como gosta a pequenada, e vão formar os Super Vets - uns veterinários com uma ajuda preciosa: umas penas de pavão mágicas!

Divertidos coloridos e cheios de aventuras estes livros vão fazer as delícias da pequenada!




Cris

sexta-feira, 23 de junho de 2023

"A Criada" de Freida McFadden

Este é um thriller que anda aí a correr nas bocas do mundo e, a meu ver, com razão. Não leio muitos thrillers e, por essa razão, não sou perita em desvendar os segredos que se escondem neste género de livros. Mas gosto muito quando um livro me prende nas suas teias e me faz devorar o seu interior. Foi isso que aconteceu nesta leitura.

Mais de metade deste livro, a primeira parte, representa o discurso direto de Millie que é aceite como criada interna de uma mansão de uma família rica. Aparentemente parece que a sorte lhe bateu à porta atendendo ao seu passado negro que vamos conhecendo aos poucos. Mas será assim mesmo? Nem tudo é o que parece.

A mais de meio desta leitura, a autora altera o narrador. Desta feita é Nina, a sua patroa, que nos conta a sua versão da história.  E o leitor é surpreendido com o volte face que se dá! É a partir daqui que pensamos que sabemos como vai decorrer o enredo... 

Surpreendente e viciante, este livro é para ser lido num ápice, tal é a velocidade com que os acontecimentos sucedem e tal a escrita fluida da autora que nos cativa de imediato!

Gostei muito e recomendo para quem gosta deste género literário e de uma leitura sôfrega! 

Terminado em 10 de Junho de 2023

Estrela: 5*

Sinopse

Por trás de cada porta, ela consegue ver tudo.

«Bem-vinda à família», diz Nina Winchester enquanto me cumprimenta com a sua mão elegante e bem cuidada. Sorrio educadamente e olho para o longo corredor de mármore.

Este emprego caiu-me do céu. Talvez seja a minha última oportunidade para mudar de vida. E o melhor de tudo é que aqui ninguém sabe nada acerca do meu passado. Posso esconder-me e fingir ser aquilo que eu quiser. Infelizmente, não tardo a descobrir que os segredos dos Winchester são muito mais perigosos do que os meus…

Todos os dias limpo a bela casa dos Winchester de cima a baixo, vou buscar a filha deles à escola e cozinho uma deliciosa refeição para toda a família antes de subir e comer sozinha no meu quarto minúsculo no sótão.

Tento ignorar a forma como Nina gera o caos só para me ver limpar. Como conta histórias inverosímeis sobre a filha. E como o seu marido, Andrew, parece cada dia mais destroçado. Quando o vejo, e àqueles belos olhos castanhos tão tristes, é difícil não me imaginar no lugar de Nina. Com o marido perfeito, a roupa chique, o carro de luxo. Um dia, experimentei um dos seus vestidos só para ver como me ficava. Mas ela percebeu... e foi aí que descobri porque é que a porta do meu quarto só trancava pelo lado de fora...

Se sair desta casa, será algemada.
Devia ter fugido enquanto podia. Agora, a minha oportunidade desapareceu. Agora que os polícias estão na casa e descobriram o que está no andar de cima, não há volta atrás.
Estão a cerca de cinco segundos de me ler os direitos. Não sei muito bem porque não o fizeram ainda. Talvez esperem induzir-me a dizer-lhes algo que não devia.
Boa sorte com isso.

O polícia com o cabelo preto raiado de grisalho está sentado ao meu lado no sofá. Muda a posição do seu corpo entroncado sobre o cabedal italiano cor de caramelo queimado. Pergunto-me que tipo de sofá terá em casa. Não um, certamente, com um preço de cinco dígitos como este. Provavelmente de uma cor foleira como laranja, coberto de pelo de animais de estimação e com mais do que um rasgão nas costuras. Pergunto-me se estará a pensar no seu sofá em casa e a desejar ter um como este.Ou, mais provavelmente, está a pensar no cadáver lá em cima no sótão. 

Cris

quinta-feira, 22 de junho de 2023

"No Sítio Errado, à Hora Errada" de Gillian McAlister

Comecei esta leitura sem saber para o que ia, pensando que se trataria de um thriller convencional. Fiquei pois, surpreendida quando a premissa principal, que surge logo nas primeiras páginas, me foi apresentada. É fora do habitual e contém uma pitada de "sobrenatural". Após uma agressão em que há uma vítima mortal, Jen assiste estupefacta à prisão de seu filho que acaba de fazer 18 anos. 

No dia seguinte, ela acorda no dia anterior! E assim se vão conhecendo, juntamente com a própria Jen, os aspectos que deram lugar a esse episódio,  conforme o tempo recua. Jen é a única que não perde a percepção das coisas mas pouco pode contar com o apoio ďo marido, filho e amigos porque, passada uma noite, eles não se recordam de nada. 

Parece um pouco estranho mas o leitor sente que, juntamente com Jen, vai descobrindo os mistérios que levaram a esse final. Nada é o que parece, as revelações são muitas e tudo nos leva a pensar que, muitas vezes, pequenos detalhes nos passam despercebidos e são de total relevância! 

Surpreendente até ao final!  Um thriller diferente e muito original que gostei muito de ler!

Terminado em 7 de Junho de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

Outubro está a acabar. Já passa da meia-noite.
Jen espera que o filho de 18 anos chegue a casa. Da janela, vê-o aproximar-se e percebe que Todd não está sozinho: o jovem caminha na direção de um homem armado.
Jen duvida do que os seus olhos veem: o filho adolescente, um jovem equilibrado e feliz, acaba de assassinar um estranho, ali mesmo no meio da rua onde mora. Sem saber quem é a vítima nem a razão de tudo aquilo, a única certeza de Jen é que o filho de 18 anos foi levado pelas autoridades e está agora detido.
Jen nem quer acreditar no que está a acontecer.
O futuro de um jovem brilhante comprometido. Tudo parece um pesadelo.
Por fim, exausta, adormece.
E quando acorda… está no dia anterior.
Confusa, Jen só tem um pensamento: será que ainda pode evitar que o filho se torne um assassino?

Cris

sexta-feira, 16 de junho de 2023

A Convidada Escolhe: "O Hóspede de Job"

O Hóspede de Job”, José Cardoso Pires, 1963


Quando em 2022 li “Integrado Marginal” de Bruno Vieira Amaral, uma completa e excelente biografia sobre José Cardoso Pires, senti necessidade de ler ou reler alguns livros deste autor. Na altura, soube que “O Hóspede de Job” dedicado à memória do irmão “Nheca” que morreu durante o serviço militar em 1953, só em 1963 teve a sua edição final, embora tenha começado a ser escrito dez anos antes. O livro foi bem acolhido pela crítica, tendo em 1964 ganho o Prémio Camilo Castelo Branco.

Numa clara crítica à NATO e aos senhores da guerra, ao serviço militar que precisa dos jovens camponeses, operários e trabalhadores para sobreviver, o livro saiu no tempo da guerra colonial e das lutas estudantis que antecederam a revolução de Abril. “O Hóspede de Job” é, nas palavras de José Cardoso Pires, escritas no posfácio de Novembro de 1963, “uma história de proveito e exemplo – um romance, no sentido tradicional do termo, destinado unicamente a ilustrar uma legenda, uma moral ou um clima humano, para lá de qualquer imediatismo de tempo e de lugar histórico.”

É o tempo da fome e da repressão no Alentejo. O trabalho é mal pago e disputado pelos “ranchos de fora” que já partiram mal acabaram as ceifas “ os gaibéus e os ratinhos, em direcção ao norte, outros, os algarvios, em direcção ao sul. E todos eles insultados, à despedida, pelos olhares que os alentejanos lhes deitavam” (pág. 24). Para a GNR, que é chamada sempre que há revolta, só há uma conclusão dita à boca pequena. “Temos política”. “Na véspera, as mulheres tinham marchado sobre a Vila e, todas em coro, apresentaram-se na Câmara. Pediam pão para casa, trabalho para os maridos.” (pág. 25).

Os sonhos de uma vida melhor que os livrem da miséria e da doença podem estar em Lisboa em cima de um andaime, ou nas fábricas do Barreiro com as suas chaminés, ou na venda de um pedaço de ferro de uma granada que já tenha explodido. Velhos, crianças, velhas, jovens, homens, mulheres todos participam nesta luta pela sobrevivência, vigiados pela guarda sempre que os direitos dos senhores da terra são questionados. Para o capitão americano que coordena os exercícios militares “Este pequeno país é uma verdadeira praia a todo o comprimento, como podes verificar por um bom mapa. Basta que te diga que, de norte a sul, são mais de quinhentas milhas de costa e de areia fina como não conheço outra que se lhe compare, nem sequer na Itália. A vida é barata e tranquila, e os portugueses, embora tristes, são acolhedores.” (pág. 169). Assim descreve ele este país, na carta que escreve para a mulher, no Michigan. Mas o sonho das praias irresistíveis pode ficar toldado por duas simples palavras numa parede na estrada ou mesmo do hotel: “Go home!”

O Hóspede de Job” permite-nos, através de uma linguagem rigorosa e clara, acompanhar diferentes personagens que criam um ambiente em tudo contrastante com o país das praias ininterruptas a que se referia o oficial americano da barbicha.

8 de Junho de 2023

Almerinda Bento


quarta-feira, 14 de junho de 2023

Resultado do Passatempo "Toca a comentar!" - Mês de Maio

Anunciamos o vencedor deste passatempo referente ao mês de Maio.

Este é o link para o post onde se encontra anunciado o passatempo.

Assim, através do Random.Org, de todos os comentários efectuados nesse mês, foi seleccionada uma vencedora! Foi ela:

Claudia Marisa Santos

Parabéns! Terás que comentar este post e enviar um email para otempoentreosmeuslivros@gmail.com até ao próximo dia 25, com os teus dados e escolher um de entre estes dois livros:

 

 
Cris


terça-feira, 13 de junho de 2023

"Tempo de Mulheres" de Carmen Korn

Terminado o segundo volume desta saga (Filhas de Uma Nova Era). Que dizer mais que não tenha referido quando acabei o primeiro volume?

Muitos personagens, que já são "meus", sofrem uma modificação que advém do crescimento e amadurecimento que se adquire com o decorrer dos anos, outros entram na vida destas quatro amigas provocando nela algumas alterações, amigas que são tão diferentes nos seus aspectos físicos e de personalidade!

A acção decorre de Março de 1949 até Novembro de 1969. Com o terminus da guerra foi tempo de Hamburgo se reconstruir. Nas pessoas, neste caso, nos seus habitantes, as marcas da guerra também se fizeram sentir e os destroços não se limitaram às perdas de objectos físicos. Os que não se vêem são os mais difíceis de sarar e reconstruir. 

Ficamos presos aos laços familiares entre elas, laços que se quebram, que se mantêm mas que se reconstroem também. Os filhos e as dificuldades no seu crescimento, as relações que se devem manter em sigilo porque constituem um delito punido pelas leis da época, as pequenas e grandes vicissitudes da vida. Tudo nos leva a virar as páginas com vontade!

Se gostam de sagas familiares que se vão desenrolando e desenvolvendo com o decorrer dos acontecimentos históricos que marcaram esta época, esta trilogia é perfeita! 

O último livro já cá mora em casa e em breve será lido!

Terminado em 31 de Maio de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

1949. A guerra terminou. Os nazis foram derrotados. A cidade de Hamburgo ficou reduzida a cinzas, muitos ficaram sem uma casa para a qual regressar. É preciso reerguerem-se dos escombros. É o que tenta fazer Henny, incapaz de esquecer o olhar da sua amiga Käthe naquele elétrico… Se Käthe sobreviveu à guerra, porque não entrou em contacto com ela? Lina abriu uma livraria e luta por levar o seu negócio adiante. Ida está desiludida com a sua relação com Tian, apesar de tudo o que viveram juntos.

Durante décadas, as quatro amigas partilharam a felicidade e a tristeza, as pequenas alegrias, bem como os momentos mais sombrios. Agora, os seus filhos crescem num mundo novo e também eles têm histórias para contar.

Começam, finalmente, os anos do milagre económico e das revoluções sociais, que marcaram as décadas de 1950 e de 1960: a construção do Muro de Berlim, o aparecimento da pílula contracetiva e da televisão, o início dos movimentos estudantis e a música dos Beatles. Mas ainda há um longo caminho a percorrer...

Cris

 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

"O Quarto do Bebé" de Anabela Mota Ribeiro

Casa cheia para a apresentação deste livro na biblioteca do belíssimo Palácio das Galveias que vos convido a conhecer e a admirar. Uma apresentação cuidada, com leituras de partes do livro muito bem lidas e que por si só despertaram a curiosidade de quem lá se encontrava, de certeza! Eu já ia com o livro a meio e com a minha opinião quase formada!

Percebi que muitos aspectos da narrativa se mesclavam com a vida da autora. Este sentir tão forte que nos é relatado num presumido diário, veio de certeza de fortes vivências da autora. O quê ao certo não importa, referiu ela na apresentação, e, afastando a minha curiosidade, concordei eu. 

O tempo é/foi o da pandemia. O relato é feito na primeira pessoa pela Ana Ester que se vê isolada na sua doença, um isolamento que  mais do que físico, a que todos nesse tempo fomos obrigados, é também emocional. Discurso muito duro, cru, que senti verdadeiro. Não é para corações moles este livro!

Primeiro romance desta jornalista/apresentadora que, mais uma vez, veio dar provas da sua versatilidade e sentido apurado, carregado de uma escrita sensível e de um forte peso que leva o leitor para mundos sofridos. 

Gostei muito. Duro mas belo! 

Terminado em 27 de Maio de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

Escrito em grande parte durante o confinamento e a doença, e concluído após uma longa gestação, O Quarto do Bebé é um romance autoficcional em forma de diário íntimo.

Depois da morte de um conhecido psicanalista, a filha, sua única herdeira, encontra entre os papéis que ele deixou o diário de uma paciente. Tem título – Fala Orgânica – e está assinado: Ester do Rio Arco. O que começou por ser uma curiosidade transformou-se numa obsessão e objeto de leitura compulsiva. Neste manuscrito, a filha do psicanalista vai encontrar não apenas uma forma de conviver com o pai, como também inúmeros pontos de identificação com a paciente dele.

Os temas são os do dia a dia do isolamento e da doença, a escrita, o corpo, a mutilação, a relação com a mãe e com as origens, a ligação profunda a uma amiga (figura tutelar e espécie de mãe de Ester) e a morte dela. Em suma, a perda, a infertilidade, maternidade e filiação, nascimento e morte. O arco narrativo desenha-se a partir do que poderia vir a ser um quarto de bebé, mas que nunca albergará uma criança, até à transformação desse quarto num lugar físico e mental de criação, nomeadamente da escrita. Daqui emerge ainda um retrato antropológico do país em que os pais estiveram na guerra e as mães escreveram aerogramas, e é exposta a violência que a sociedade patriarcal exerce sobre as mulheres.

Com ecos do universo literário da recentemente nobelizada Annie Ernaux, uma das grandes referências da autora, O Quarto do Bebé é um relato cru e corajoso que revela uma nova e envolvente faceta de Anabela Mota Ribeiro. 

Cris

sexta-feira, 9 de junho de 2023

"Natureza Urbana" de Joana Bértholo

Conto impactante este. Prende o leitor logo de início: “Como foi que vim aqui parar?” Este “aqui” só é revelado quase no final da leitura e quase nos esquecemos desta frase, do possível lugar onde a protagonista se encontra, quando nos embrenhamos na história da sua vida, tal é a forma como nos é narrada.

A escrita é soberba. Confesso que algumas palavras inexistiam no meu vocabulário (mas tive sempre a sensação que elas pertenciam ao texto e que não foram ali coladas para bem parecer!) e achei muito interessante a dicotomia que encontrei entre o discurso da personagem, escrito na primeira pessoa, muito rico e elaborado versus as características com que a própria se define de si própria: ignorante, burra. E este contraste propositado fez-me logo pensar que aquela mulher se tinha modificado e evoluído. Ver esse reflexo de mudança durante esta pequena história foi ma-ra-vi-lho-so!

A sua baixa auto-estima é gritante, fruto em grande parte da sua relação com a mãe. Aquando da morte desta, que coincidiu com o seu despedimento num salão de cabeleireiro, a narradora começa a viver (narradora cujo nome fiquei com a impressão que não é referido ou, se o foi, das poucas vezes que foi mencionado, estava demasiado embrenhada na história para reparar nele!). Começa a viver aos poucos! Descobre a sua ligação com a natureza que pulula na cidade e de que nunca tinha dado conta, o seu amor pelos livros que a ligam à terra e aos bichos, a forma de subsistir sem trabalhar para melhor apreciar o que a rodeia e por consequência, a descoberta do “Tempo”: “Conseguir caminhar cada vez mais devagar”. Descobre, também, o amor e o desamor.

Referência gritante no texto a Olga Tocarkzuk, Nobel em 2018. Se ainda não a leram, devem fazê-lo o mais breve possível!

Nestes tempos em que sentimos o tempo voar, este livro é uma ode à natureza, ao prazer de descobrir o tempo passar devagar, observando o que nos rodeia e que não vemos num olhar apressado. Gostei tanto! E logo eu que não sou menina de contos. Fiquei fã! Deste, claro. É livro para reler mal se acabe.

Queria agradecer o empréstimo deste livro a uma amiga livrólica. Ler por cima das suas anotações foi uma experiência da qual gostei muito!

Terminado a 21 de maio de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

«Eu era uma pessoa simples urbana, uma planta que insistiu em crescer entre os paralelepípedos do passeio, na rua mais concorrida da metrópole, cujo destino é conhecer a sola dos sapatos de milhares de turistas e transeuntes e respirar violentas concentrações de dióxido de carbono. Eu sabia chamar um táxi, mas não o rebanho; sabia levar uma muda de roupa à lavandaria self-service e trazê-la limpa, mas não sabia levar um cântaro à teta da vaca e trazê-lo cheio.

Não sabia atear fogo, construir um abrigo, nem situar-me olhando as estrelas. Não conhecia o significado dos ventos nem descodificava as nuvens, quando antecipam temporal. Os elementos do mundo em meu redor que eu considerava naturais eram indecifráveis.» 

Cris

 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

"Sonechka" de Ludmila Ulitskaya

Antes de mais, quero dizer-vos que gostei muito desta história, desta menina que se faz mulher, que adora ler e se perde no meio das suas leituras e dos "seus" personagens! 

A história é envolvente, as personagens pouco habituais, pouco parecidas com as que surgem nos livros que leio, o que fez com que depressa ficasse ligada a esta Sonechka/Sónia/Sofia. A escrita é límpida, directa e ao mesmo tempo forte, impactante. Gostei muito disso! Não são precisos floreados para se chegar ao leitor. Em menos de 120 páginas, uma vida inteira! Tudo faz sentido, tudo tem razão de ser nesta estória tão bem contada! 

No entanto quero alertar-vos para um pormenor que, para mim, fez toda a diferença no terminus desta leitura! Um pormenor que não reparei e que vi somente agora ao pegar de novo no livro para dar a minha opinião. Leiam com atenção a nota de rodapé feita pela tradutora e que se encontra na primeira página. Os nomes que escrevi em cima mais não são que diminutivos de Sofia. Porque durante a leitura Sonechka e Sónia surgem sempre mas quase no final é referido Sofia. Fiquei a dar voltas e voltas a pensar quem era a Sofia, se algo me tinha escapado porque não conseguia entender esse final... Perguntei a uma amiga que me explicou que dois nomes mais não eram que diminutivos. Confesso que fiquei a pensar que a tradutora não tinha feito o seu trabalho em condições 😞! 

Coisas parvas de uma leitora desatenta que tem dificuldade em começar leituras. Daí o meu desamor pelos contos... 

Mas, retratando-me, recomendo-vos muito esta leitura! 

Terminado em 13 de Maio de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

Livro vencedor do Prémio Médicis Étranger do Russian Booker Prize e do Prémio Literário Giuseppe Acerbi

Desde a mais tenra idade que Sonechka, uma rapariga invulgar e pouco atraente, se refugia obsessivamente na leitura, a ponto de tratar personagens inventadas como pessoas reais. Com o início da guerra, Sonechka parte para Sverdlovsk, onde encontra trabalho como bibliotecária. Aí conhece Robert Viktorovich, um artista recém-libertado de um campo de trabalho forçado soviético, que, de rompante, lhe pede em casamento. Seguem-se anos de satisfação, em que o amor conjugal, a maternidade e os cuidados do lar passam a ocupar o centro da vida de Sonechka, trazendo-lhe uma felicidade que ela nuncasonhou merecer e que sobreviverá ao período difícil do pós-guerra e ao surgimento de um surpreendente triângulo amoroso.

Publicado em 1995 e amplamente traduzido e premiado, Sonechka é o primeiro romance de Ludmila Ulitskaya e o início de uma fulgurante carreira que a consagrou como um dos nomes cimeiros da Literatura contemporânea internacional. Uma história subtil e inteligente sobre o destino de uma mulher, tendo como pano de fundo a História da Rússia no século XX — o regime soviético e o seu desmoronamento.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

"A Última Solidão" de Carmen Garcia

Ouvi falar bem deste livro. Os temas que lhe dão sustento têm por base a solidão e a velhice. Ambos caminham, a maior parte das vezes, em sintonia, como se um tivesse de se apoiar no outro para serem... infelizes. 

Sinto sempre que ser velhinho, aqui em Portugal, é estar só, muitas vezes rodeado de gente desconhecida. Tanto para contar/ouvir, tanta experiência desperdiçada! E quando à velhice e à solidão se junta a doença, o panorama não é bonito. 

É isto que nos espera, no fim de vida?

Bom, o que este livro faz é mostrar-nos histórias de quem se encontra em situações semelhantes e de quem os rodeia. 

Terminado em 9 de Maio de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

O mundo está cheio de velhos. Dos que já o são e dos que o seremos um dia. E nós aqui andamos fazendo de conta que ali, do outro lado do muro, a velhice não nos espreita enquanto se esforça por driblar a morte. Mas sabem o que é que nos rebenta de verdade?

A certeza de que a mesma velhice que repudiamos é a nossa maior esperança. A certeza de que a pele de agora, mais ou menos lisa, gritará vitória se chegar a ser marcada pelas rugas que não são mais do que linhas do tempo. Do que já vivemos e do que nos resta.

Através de personagens ficcionadas, como a Margarida, o Custódio, a Maria do Rosário ou o Zezinho, e à luz da sua experiência em lares, Carmen Garcia escreve sobre velhos, que são os nossos, ou que um dia, se tivermos sorte, seremos nós, com um amor, uma ternura e uma crueza que por vezes nos choca, nos enternece e que nos obriga a pensar no fim da vida e na forma como tratamos e pensamos os nossos velhos.

Um livro que prende do princípio ao fim, pelo relato sincero e honesto, visto pelos olhos de uma enfermeira, que embora jovem, revela uma grande maturidade e uma paixão num assunto vital e tão menosprezado em Portugal. 

Cris