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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

"A Mulher Que Correu Atrás do Vento" de João Tordo

Gosto da escrita deste autor. João Tordo escreve com simplicidade e, no entanto, às vezes, numa

palavra ou outra obriga-nos a ir procurar o seu significado. 

O enredo não é facil nem linear. Como neste livro. É no final que tudo se encaixa, que tudo faz sentido mas, isso não quer dizer que consigamos perceber tudo de rajada. Com esta "mulher que correu atrás do vento" fica-se a pensar no que se leu, no significado das acções dos personagens, na história atrás da história, no livro atrás do livro.

Foi uma leitura feita conjuntamente com algumas meninas livrólicas, à qual não consegui cumprir as metas diárias estabelecidas, mas gostei de "ouvi-las" chegar ao fim com exclamações de espanto, surpresa e admiração. Quando foi a minha vez já ia preparada para qualquer coisa de diferente...

E sim, o final une as pontas, as histórias de algumas mulheres separadas no tempo e no espaço. E sim, é preciso ter cabecinha para escrever um livro assim. Mas é preciso gostar de ler um livro assim, também. Eu gostei. E vocês já leram João Tordo?

Terminado em 25 de Agosto de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

Quatro mulheres. Três cidades. Um século. E uma poderosa história de amor e de perda a uni-las.

1892, Baviera. Lisbeth Lorentz, uma professora de piano, apaixona-se por um aluno de 13 anos que sofre de autismo. Ao descobrir que ele é um prodígio, instiga-o a compor um concerto durante as aulas e, um dia, sem explicação, fá-lo desaparecer.

1991, Lisboa. Beatriz, uma estudante universitária —que sonha com o toque das mãos da mãe falecida —envolve-se com o autor d’A História do Silêncio, um romance sobre Lisbeth Lorentz. Ao mesmo tempo, enquanto voluntária num abrigo para mendigos, Beatriz conhece Lia, uma jovem adolescente com um passado incógnito e um presente destruído.

1973, Londres. Graça Boyard, portuguesa, dá à luz a primeira e única filha. Fugida de Lisboa durante as cheias de 1967, para escapar à tirania do pai e à mordaça da ditadura, regressa à capital após a Revolução, tornando-se uma actriz de renome —e abandonando a filha ainda criança.

2015, Lisboa. No consultório de uma terapeuta, Lia Boyard desfia a sua história, dos anos de mendicidade ao momento em que decide procurar a mãe. É aqui que começam a unir-se as pontas de um romance a várias vozes: a história de quatro mulheres - Lisbeth, Graça, Beatriz e Lia - que atravessam um século de História e diferentes geografias, unidas por uma força que transcende a própria vida.

Um livro sobre o poder do amor e o vazio da perda, sobre a amizade que nasce das circunstâncias mais improváveis e o terrível poder da confissão. E, quase no final, uma revelação chocante, a reviravolta que faz deste romance de João Tordo uma narrativa magnética.

Cris

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

"Viagem ao Infinito" de Jane Hawking

Esta obra foi lida juntamente com algumas amigas livrólicas. O bom destas leituras é o facto de a

podermos discutir enquanto avançamos para a meta estipulada diariamente. Creio que foi consenso geral que o livro se estendeu um pouco mais do que seria desejável para um leitor leigo em física e linguística (algumas partes que abordam estes dois temas mostraram-se desnecessárias, a nosso ver). 

No entanto, no final, o leitor percebe que a autora e primeira mulher de Stephen Hawking, teve necessidade de contar a versão dos factos da sua vida ao lado de um cientista mundialmente conhecido e de purgar todo o sofrimento que passou.

Jane, como ela própria refere, teve de lidar com dois factores deveras difíceis: a doença do marido (sofria de ELA - esclerose lateral amiotrófica), uma doença neurológica incapacitente e mortal e a genealidade do cérebro de Stephan Hawking. A sua vida e de seus três filhos não foi fácil, sobretudo porque os apoios sociais eram quase nulos.

Gostei de conhecer a sua vida embora não nos possamos esquecer que este livro é apenas uma das visões dos acontecimentos, o lado de Jane. De qualquer forma, independentemente da visão de Stephan sobre os acontecimentos relatados por Jane, há bastantes aspectos sobre os quais este livro obriga a uma reflexão. Um deles, que me tocou particularmente, é sobre a fase da vida, para a qual ninguém nos prepara, em que os nossos pais se tornam nossos filhos idosos...

Gostei de ler e conhecer um pouco da vida deste casal e considero que na parte final o enredo tende a  melhorar.

Terminado em 21 de Agosto de 2020

Estrelas: 4*

Sinopse

O professor Stephen Hawking é um dos cientistas mais notáveis e famosos da nossa era, e autor do bestseller científico A Brief History of Time , que já vendeu mais de 25 milhões de exemplares. Nestas fascinantes memórias, Jane Hawking, a primeira mulher de Stephen Hawking, apresenta-nos a história do seu extraordinário casamento vista por dentro. Enquanto o prestígio académico de Stephen disparava, o seu corpo cedia aos assaltos da doença neuromotora, e o relato franco de Jane, em que descreve como tentava equilibrar os cuidados constantes que o marido exigia com as necessidades de uma família em crescimento, será uma inspiração para todos.

Em 2015, inspirada neste livro, a história deste brilhante cientista chegou ao grande écran com o filme A Teoria de Tudo,dirigido por James Marsh.

Cris

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Experiências na Cozinha: "O Grande Livro da Alimentação Saudável"

 

Costumo ter sempre burguers congelados para quando não sei o que fazer.  A preparação é rápida pois basta tirar 5 a 7 m antes de os fritar ou colocar no forno.  Os ingredientes ja estão cozinhados e por isso é só colocar uns minutos de cada lado e estão prontos!

Como já não tinha nenhuns no congelador pus mãos à obra... são fáceis de fazer, renderam  sete, comeram-se dois ao almoço e congelei os restantes. 

Nota: tenho sempre grão, feijão e lentilhas cozidas e congeladas. Demolho e cozo sempre um pacote inteiro.

Ficam as fotos. Quem se decide a experimentar?


 

 

 

Palmira e Cris

terça-feira, 25 de agosto de 2020

A Convidada Escolhe: “Marquesa de Alorna - Querida Leonor”

Marquesa de Alorna - Querida Leonor

texto de Luísa V. de Paiva Boléo, ilustrações de André Carrilho, 2017

Não conhecia esta colecção Grandes Vidas Portuguesas, uma edição da Imprensa Nacional e da Pato Lógico Edições e fiquei interessada em ler este pequeno livro, pois tinha lido “As Luzes de Leonor”, um livro fascinante e uma das grandes obras da escritora Maria Teresa Horta. Esta obra de Luísa Paiva Boléo é uma boa sugestão de divulgação da vida de Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, 4ª marquesa de Alorna.

É um livro de leitura rápida que começa por fazer a contextualização do período em que D. Leonor viveu, quer em Portugal quer na Europa. Era o século XVIII, as ideias do Iluminismo espalhavam-se pela Europa, mas eram ainda muito incipientes em Portugal. Quando se dá o terrível terramoto de Lisboa de 1755, Leonor tem apenas cinco anos. O seu avô D. Francisco de Assis de Távora que tinha sido vice-rei da Índia e que regressara há pouco a Portugal não cai nas boas graças do rei D. José e sobretudo do seu secretário de Estado do reino Sebastião José de Carvalho e Melo que, aproveitando uma tentativa de regicídio, acusa e persegue a família de Leonor, ficando este caso conhecido na história como o processo dos Távora. Para além das execuções e das muitas prisões, Leonor, a irmã e a mãe são encarceradas no convento de S. Félix em Chelas. Vão ser 18 longos anos que vão ser aproveitados pela jovem Leonor para se instruir e para definir aí o caminho de mulher de letras e de conhecimento que vai perseguir ao longo de toda a vida.

Leonor, a irmã e a mãe só serão libertadas com a morte do rei D. José. D. Maria I, sua filha, irá libertá-la assim como mais de oitocentos presos políticos, sendo que a revisão do processo e a reabilitação dos Távora só ocorrerá alguns anos mais tarde. É o fim do poder do Marquês de Pombal que será demitido.

Leonor tem então 26 anos. Casa-se com um militar alemão. As suas qualidades invulgares de mulher interessada pelas letras e pelas novas correntes do pensamento que vinham da Europa não se coadunavam com a estreiteza de pensamento e atavismo da nobreza portuguesa. Nem o facto de ter tido várias filhas a amarrou a uma domesticidade que pareceria inevitável. Viaja e é admirada em todos os círculos culturais da Europa, ganhando notoriedade em todos os países onde viveu: Áustria, França, Itália, Espanha, Inglaterra. Conheceu gente famosa como Luísa Todi, Mozart, Haydn, Madame de Staël, Correia Garção, Nicolau Tolentino, Bocage, António Feliciano de Castilho, Alexandre Herculano, entre muitos outros. Esteve em Paris e em Marselha quando estalou a revolução francesa.

Tendo tido uma vida longa (1750-1839), atravessou seis reinados, privou com gente influente, influenciou na cultura e na política e destacou-se como uma mulher luminosa, insubmissa e verdadeiramente inovadora, com uma personalidade aberta às grandes mudanças da época. Filinto Elísio dava-lhe o nome de Alcipe quando ela ainda vivia encarcerada em Chelas. Mais tarde, Alexandre Herculano chamou-lhe “a Madame de Staël portuguesa”. Teve muitos títulos, sendo o mais comum ser a 4ª marquesa de Alorna.

Saúdo este livro de divulgação da vida de D. Leonor. Quem quiser de forma pormenorizada aprofundar a vida e personalidade única desta mulher invulgar, aconselho vivamente a leitura de “As Luzes de Leonor” de Maria Teresa Horta. Inesquecível.

15 de Agosto de 2020

Almerinda Bento

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

"A Parteira Alemã" de Mandy Robotham

Às vezes questiono-me se não dou mais estrelas do que seria necessário mas depressa essa questão

fica atirada para um canto... sobretudo quando a leitura do livro que tenho em mãos se faz num ápice! Esse é um dos critérios que me faz atribuir as 6*! A fluidez da leitura, a forma como as páginas voam entre os meus dedos.

Com este livro foi isso que aconteceu. Desde as primeiras páginas que o meu interesse explodiu e manteve-se num crescendo mesmo até ao fim. Não houve uma página de tédio e, mais, manteve-me espectante sobre o decorrer dos acontecimentos e fez-me refletir sobre o "outro lado das coisas".

A acção passa-se no decorrer da II Guerra mas, tal como o título indica, o ponto de vista é de uma alemã, uma jovem parteira, que se encontrou sempre  do outro lado da política hitleriana. O seu pai, um professor de Ciência Política e sua família próxima eram contra o regime e contribuíam, disfarçadamente, para que o tão aclamado "esforço de guerra" não tivesse sucesso! 

Claro que as represálias não se fizeram sentir (Anke, a parteira, não cumpria com o seu "dever" denunciando as crianças que nasciam com incapacidades) e ela viu-se presa em Ravenbruck. O sucedido neste campo não é de todo a parte principal desta história mas, aos poucos, Anka vai contando o que se passou dentro do arame farpado. 

Anke é destacada (obrigada!) para uma missão da qual não sabe nada - Berghof, a residência de Hitler, é o seu destino. Intercalando o que aí se vai passar com a sua história passada tanto no campo quanto anterior a ele, o ritmo desta leitura mantém-se frenético. 

Gostei muito de conhecer, um pouco, da história das vidas de quem não era conivente com o regime mas que tinha de "colaborar" para sobreviver. Embora ficção, esta obra é representativa de um outro lado da História que não é muito falado: qual é o limite que define a "sobrevivência" da "colaboração" ? Como é que isso era sentido pelo lado alemão, por todas as pessoas que se viam obrigadas a obedecer sob a pressão de uma morte eminente?

Recomendo sem reservas! Muito bom.

Terminado em 11 de Agosto de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Alemanha, 1944. Anke Hoff, prisioneira do campo de concentração de Ravensbrük faz o que pode para manter vivas as suas companheiras grávidas e os bebés recém-nascidos. Mas quando o seu trabalho é notado, é escolhida para uma tarefa bem mais perigosa. Eva Braun está grávida do filho do Führere, Anke é retirada do campo para Berghof, casa refúgio de Hitler, para trazer ao mundo o filho de Eva Braun. Se recusar, a sua família morrerá. A viver uma vida que nunca poderia ter imaginado, Anke apaixona-se por um oficial alemão e cedo o casal é confrontado com os perigos desta relação proibida.

Cris

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Experiências na Cozinha: "Veg"

 


Hoje trazemo-vos uma "comida de chef" ( brincadeirinha!). Não deixa, por ser de quem é, de ser fácil e fica muito boa e saborosa. Acompanhou um caril de legumes e lentilhas e, digo-vos, não sei quem foi o rei da festa... estava tudo delicioso!

A polenta fica bem como acompanhamento e pode ser frita ou no forno. Lembram -se dos quadradinhos de milho frito muito típicos da Madeira?

Esta receita leva queijo. Habitualmente não fazemos com esse ingrediente (há muitas receitas na net) mas ficou muito bem assim. 

Vejam as fotas e experimentem!





Palmira e Cris

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A Convidada Escolhe: "O Estrangeiro"

O Estrangeiro”, Albert Camus, 1942

Começa-se a ler “O Estrangeiro”, para mim uma releitura, e há uma estranheza, enquanto leitora, que se vai adensando, longe de se vislumbrar o desfecho final. Há um mal-estar nas atitudes e reacções de Meursault, o herói deste romance de Camus, de tal modo que frequentemente me senti como se estivesse a ler Kafka, pelo absurdo, pelo inesperado, pelo imprevisto. Na longa introdução ao livro feita por Jean-Paul Sartre, este chama a Meursault um “herói ambíguo”. Meursault passa pelas coisas indiferente, parece que não tem opinião ou, pelo menos, não a expressa e o patrão acha que ele é um homem sem ambição, pelo menos para o negócio!

Estrangeiro o herói; estrangeiro o leitor. Com uma escrita muito visual, diria mesmo cinematográfica, com frases muito curtas e sincopadas, sem floreados, Camus leva-nos a acompanhar o dia-a-dia de Meursault. Toda a semana, desde que se levanta, vai para o trabalho, almoça no Celeste, regressa ao trabalho, sai do trabalho e volta a casa. Os fins de semana que poderão ser uma ida à praia ou um dia inteiro em casa sem fazer nada. Os barulhos no prédio com os vizinhos. Maria, a namorada, é talvez a pessoa mais “normal”, aquela que tem as reacções mais previsíveis do ponto de vista social.

Mas essa rotina só a conhecemos depois, porque o romance começa com a notícia da morte da mãe de Meursault, a viver há três anos num asilo. O enterro da mãe é um momento de quebra da rotina, como será o assassinato involuntário de um árabe, num domingo de praia e de convívio com amigos.

A segunda parte do romance tem a ver com Meursault na cadeia e com todo o processo de preparação do julgamento. Ele não tem medo do que possa ser a sentença. Ele não se sente réu, antes posiciona-se de fora, como espectador do seu próprio julgamento. Ele não se sente como criminoso, sente aborrecimento e não arrependimento. Ele sente-se intruso na sala da audiência, tanto mais que as suas respostas são “inconvenientes”. Ele não se acha culpado, mas tem a sensação de que todos os que estavam no dia do julgamento o detestavam. Ele não percebe o que se está a passar, porque o processo centra-se não no assassinato, mas na sua vida a partir do dia do enterro da mãe. É notória a ironia relativamente à Justiça e à Igreja. Ele não encaixa nem no esquema da investigação enviesada montada pela justiça para o condenar, nem nas tentativas do juiz e do capelão para o converterem.

É sempre bom voltar aos “clássicos”, redescobri-los. Foi o que fiz. Reler um livro, lido há muitos anos, descobrir por que me marcou na altura em que o li.

Termino transcrevendo breves frases da introdução de Jean-Paul Sartre “Explication de L’Étranger” da edição da Unibolso:

Mal saíra dos prelos, O Estrangeiro de Camus obteve a maior aceitação. Toda a gente dizia que «era o melhor livro desde o armistício». No meio da produção literária desse tempo, este romance era, ele próprio, um estrangeiro.”

E nós próprios que, abrindo o livro, ainda não estamos familiarizados com o sentimento do absurdo, procuraríamos em vão julgá-lo segundo as nossas normas habituais: ele é um estrangeiro também para nós.”

O encontro do leitor com o absurdo.”

Mouriscas, 11 de Agosto de 2020

Almerinda Bento


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

"Sete Minutos Depois da Meia Noite" de Patrick Ness

Uma das coisas boas que este blogue me trouxe foi toda uma comunidade de leitores que

experienciam diversas formas de leitura. Uma delas, a que ultimamente tenho recorrido com frequência, é a leitura conjunta de uma obra. São estabelecidas metas de leitura diária e, quem adere, tenta cumprir o objectivo. Normalmente são criados grupos onde se comenta como está a decorrer a leitura e o que estamos a achar dela. Gosto bastante. À conta disso às vezes tenho várias leituras a decorrer. Se em tempos idos tal era impensável para mim, hoje já lido bem com isso.

O livro, graficamente, é uma pequena maravilha. Imagens a preto e branco representam maravilhosamente esta história dedicada a um público mais jovem mas que pode, e deve, ser lida por todos. 

Conor é um rapaz (li algures que teria perto de 12 anos mas na leitura pareceu-me que teria bem menos!) às portas com um problema que não quer de todo enfrentar. Nem deveria ter de o enfrentar, tão pouco! A sua mãe, doente terminal, embora não lho diga sabe que tem poucos dias de vida. Conor "vê" e fala com um monstro que lhe diz coisas terríveis que ele não quer escutar. Como e porquê lhe aparece este monstro horrendo? Com que finalidade?

Fiquei com muita curiosidade em ver o filme que é baseado neste livro. Será que as ilustrações que possui correspondem de alguma forma às imagens do filme?

Um tema - a morte - que não é, de alguma forma, muito recorrente nos livros para um público mais novo mas muito necessário abordar. Como lidar com ela numa idade em que o sonho ainda devia ser cor-de-rosa?

Terminado a 9 de Agosto de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

Passava pouco da meia-noite quando o monstro apareceu. Mas não era exatamente o monstro de que Conor estava à espera...

A escuridão, o vento, os gritos. O mesmo pesadelo noturno desde que a mãe de Conor ficou doente. Tudo é tão aterrorizador que Conor não se mostra assustado quando uma árvore próxima de sua casa se transforma num monstro... Mas só o monstro sabe que Conor esconde um segredo e é o único a estar ao seu lado nos seus maiores medos.

Inspirado numa ideia original da escritora Siobhan Dowd, que morreu de cancro em 2007, Patrick Ness criou uma história de uma beleza tocante, que aborda verdades dolorosas com elegância e profundidade, sem nunca perder de vista a esperança no futuro. Fala-nos dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para os ultrapassar.

É com ilustrações soberbas que complementam e expandem a beleza do texto que a fantasia e realidade se misturam em Sete Minutos Depois da Meia-Noite.

Cris

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Experiências na Cozinha: "O Grande Livro da Alimentação Saudável"


Desta vez trazemo-vos o mesmo livro que da semana passada. As receitas são muito simples mas muito boas, como podem ver pela que vos trazemos hoje: Mousse de abacate e cacau.

Vamos, sem dúvida alguma, repetir. Aliás, dobrámos a dose mas fomos 4 a comer. Se comeriamos mais? :) SIM!

Temos de vos dizer que este não é apenas um livro de receitas. Possui algumas mas a informação nele contida faz com que se deva mantê-lo na mesinha de cabeceira ou num sítio onde possa ser consultado rapidamente e frequentemente.

Experimentem e ja sabem que podem alterar um pouquito até o vosso paladar se ajustar ao sabor. Desta vez não alterámos nada. Soube-nos lindamente!






Palmira e Cris

terça-feira, 11 de agosto de 2020

"Mar de Memórias" de Fiona Valpy

As amizades que fazemos através dos livros muitas das vezes conduzem-nos a outros livros.

Este foi-me recomendado por uma amiga com a qual partilho muitos gostos literários e, também, conversas gostosas sobre tudo o que a vida nos traz. 

A leitura manteve-se interessante até meio do livro mas, pensei eu, ficaria por aí... Não foi assim, contudo. Este é um daqueles livros que, só depois de terminado, é que conseguimos apreciar a sua verdadeira dimensão. Há aqueles em que tens logo a certeza que está a ser muito bom e os que só depois da última página é que "sentes" que constituiu uma história com princípio, meio e fim, aqueles que não te importarias de ter escrito. 

Conta-nos a história de um amor recuperado entre uma avó e a sua neta. É através das suas memórias, que Ella quer contar a Kendra, que as duas se conhecem verdadeiramente e se (re)começam a amar, ou melhor, a dar sentido ao amor que ambas sentem uma pela outra. Ella pede a Kendra para escrever as suas memórias, a história de sua vida. E é através dela que Kendra se permite compreender como a vida pode fazer sentido com o homem que ama mesmo quando as circunstâncias são duras e que a vida os tenha afastado um do outro mesmo estando lado a lado. 

A história deste amor entre avó e neta, que tem o seu ponto alto quase no final desta obra, fez-me humedecer os olhos. Soube de imediato que daria as estrelas máximas a este livro. Sim, porque se num filme isso é coisa recorrente, num livro já não é tão fácil assim... e quando um livro consegue mexer com as minhas emoções vale cada lágrima deitada e disfarçada!

Recomendo muitíssimo!

Terminado em 7 de Agosto de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Quando Kendra vai visitar a avó à casa de repouso, Ella começa a contar-lhe a história da sua vida e pede-lhe que a escreva, para que nunca se perca no tempo. Tudo começa em 1938, quando a jovem Ella viaja da Escócia para França para ir passar o verão à Île de Ré, onde a esperam Caroline e Christophe, os filhos de uma amiga da sua mãe desejosos de partilhar as férias com alguém da sua idade. A empatia entre os três é imediata, mas Ella desenvolve um sentimento especial por Christophe, com quem partilha momentos maravilhosos e inesquecíveis.

Contudo, o eclodir da Segunda Guerra Mundial dita o fim desta proximidade. Com a França debaixo de fogo, Ella vê-se obrigada a regressar à segurança da sua casa em Edimburgo. E enquanto Christophe arrisca a vida na frente de combate, Ella decide contribuir também para o esforço de guerra, oferecendo-se como voluntária para dar apoio à Força Aérea.

Confrontada com uma realidade completamente nova, Ella sente-se cada vez mais afastada da felicidade que em tempos tinha vivido na Île de Ré. Mas estará ela assim tão diferente? Conseguirá voltar a encontrar-se? E quererá fazê-lo?

Cris

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A Convidada Escolhe: "Nunca é tarde para começar a viver"

A capa e o título sugerem um romance de fácil leitura, de entretenimento, o que é um tanto enganador
porque apesar do sarcasmo inteligente do olhar de Andrew, o protagonista anti social que inventou uma história familiar tem uma vida difícil.

A solidão, em que muitos morrem, é um tema amargo e atual. Partir deste tema e criar um bom romance com personagens empáticas que não é pesado mas lúcido e até diverte é bestial. Para mais, num primeiro romance. 

Andrew é um sujeito simpático e bondoso por quem o leitor sente compreensão e compaixão. A estória é surpreendentemente empolgante e a expectativa domina para um final feliz que não se prevê mas se deseja. Apesar disso, é tão ridiculamente possível que o leitor é enredado no quotidiano no escritório com um sorriso ou gargalhada à toa. A vida pode ser maravilhosamente simples se seguirmos em frente.
⭐⭐⭐⭐⭐
Vera Sopa

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Experiências na Cozinha: "O Grande Livro da Alimentação Saudável"


Este livro não é (só) um livro de receitas. Está cheio de informação valiosa para quem quer comer melhor, para quem quer alterar a sua alimentação. Para sempre, porque devem estar fartas das dietas y
o-yo, não?

Tem receitas, claro e, por isso trazemo-vos uma bem fácil, o puré de grão. Costumo ter grão cozido e congelado porque evito comer dos de lata e, assim, torna-se uma receita muito fácil e rápida.

Quando triturei os ingredientes juntei uma mão cheia de salsa, única alteração que fiz à receita. Usei leite vegetal de modo a que não ficasse tão espesso e triturei ao mesmo tempo todos os ingredientes porque usei a Bimby.

Para a semana há mais...





Palmira e Cris

terça-feira, 4 de agosto de 2020

"O Lado Negro da Mente" de Kerry Daynes

Este é um livro de memórias sobre o caminho profissional da autora, psicóloga forense. Achei
muito interessante. A mente humana é, de facto, um mundo fascinante e a autora dá-nos a conhecer muitos dos casos que marcaram a sua carreira, com pacientes tanto masculinos como femininos. Hospitais psiquiátricos e  prisões foram e são o seu local de trabalho.

É uma profissão que possuiu os seus riscos e é algo inquietante. Saber reagir aos estímulos e provocações que os pacientes habilmente colocam, não é tarefa para todos porque não é fácil. A autora teve de aprender com a experiência e, muitas vezes, por tentativa e erro. A minha admiração é-lhe dirigida precisamente porque sei que não teria coragem suficiente para trilhar esse caminho.

Analisar o background que está por detrás do preso/doente, trabalhar contra a mecanização de todo um sistema que muitas vezes não permite o tratamento correto porque as regras estão institucionalizadas e onde dificilmente há mudanças, são alguns aspectos focados aqui e que nos fazem pensar e comparar com a situação semelhante que se vive em Portugal.

Um dos aspectos que contituiu para ela uma aprendizagen a nível pessoal e também profissional foi o facto de ter sido vítima de um stalker por muito tempo e ter sido obrigada a ir a tribunal para poder defender-se convenientemente. 

Um livro de não ficção que achei muito interessante e que constituiu uma aprendizagem constante. Recomendo a quem se interessar por estes temas.

Terminado em 29 de Julho de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse
Histórias reais da minha vida como psicóloga forense

«Toda a minha carreira se baseia no trabalho que desenvolvo com indivíduos que cometeram crimes graves e no apoio que presto às vítimas na sua tentativa de superar o trauma. Vítima ou criminoso, lido com seres humanos nos seus momentos de maior desespero.»

Bem-vindo ao quotidiano de uma psicóloga forense. Não há dois dias iguais. Não há pacientes previsíveis. O trabalho é muitas vezes perigoso e quase sempre inquietante.

Kerry Daynes trabalha de perto com alguns dos criminosos mais violentos e desafiantes das prisões e hospitais psiquiátricos do Reino Unido – e também com as vítimas dos seus crimes. O seu dia é passado olhos nos olhos com o lado negro da mente humana, a tentar entender as ações brutais de homens e mulheres que foram condenados pelo sistema judicial e a ajudá-los a encetar o caminho para se tornarem cidadãos respeitadores da lei.

Mas olhar para o abismo todos os dias tem os seus custos, e o testemunho lúcido e rico de Daynes mostra-nos os perigos pessoais e profissionais que ela incorre e as experiências e pessoas que mais a influenciaram como psicóloga forense. O Lado Negro da Mente é uma viagem inesquecível às causas do comportamento humano mais extremo e a um conjunto de sistemas mal adaptados para lidar com ele.

Cris

domingo, 2 de agosto de 2020

Ao Domingo com... Sandra Matos


A maternidade veio e colapsou  tudo o que eu achava que sabia. Fez-me renascer enquanto mulher que acorda por dentro e consegue finalmente Escutar a sua Voz.
Escrevo com a minha alma transformando as palavras em colos gigantes onde cabem as dores não ouvidas e as verdades escondidas de todas as mães.

Gostaria de um dia poder chegar Ao Domingo com.... mães que se nutrem, se enchem de amor-próprio, levantam a cabeça, abrem o peito e também se amam a si próprias.

É disto que fala o livro que escrevi 'Escuta a Tua Voz' de uma viagem de possibilidades de crescimento no mundo das mães.

E enquanto aprendemos, caminhamos juntas.

Gratidão Cristina pelo teu convite!

Abraço,

Sandra Matos