Gosta deste blog? Então siga-me...

Também estamos no Facebook e Twitter

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

"Olive Kitteridge" de Elisabeth Strout

Andava há muito para ler esta obra e espero não demorar tanto a ler a sua continuação pois, temo, será fácil esquecer-me de pequenos detalhes que podem fazer a diferença numa leitura.

No princípio não me cativou como esperava, sobretudo porque não conheço ninguém que o tenha lido e que não tenha gostado muito. Pensei por isso que entraria na história num ápice! Não foi assim e custou-me dar conta de tantas personagens e suas histórias pessoais que gravitam em torno de Olive e marido. Tampouco fixei seus nomes...

Da história de Olive, sim, gostei muito e fiquei muito curiosa em saber mais sobre ela. Apreciei, sobretudo, a forma como esta personagem foi construída e o seu carácter, das suas falhas enquanto ser humano, do seu crescimento, da maturidade crescente que lhe advém com a idade. Com muitas camadas, não é fácil sentir empatia com esta personagem de grande porte fisico e muito ríspida, para com os que a rodeiam, inclusive o seu marido que é um doce de pessoa. E, no entanto, é precisamente isso - essa complexidade - que é de particular interesse  para o leitor.

Quero ler o quanto antes a "A Segunda Vida de Olive Kitteridge"  e ver a mini série da qual já ouvi falar bem!

Terminado em 26 de Agosto de 2024

Estrelas: 5*

Sinopse

A obra mais importante e comovente de Elizabeth Strout, autora premiada de O meu nome é Lucy Barton e Tudo é possível. Em Crosby, uma pacata povoação costeira no Maine, todos conhecem Olive Kitteridge, a temível professora de Matemática do liceu, agora reformada, e Henry, o seu marido, farmacêutico gentil.

Lamentando os ventos de mudança que varrem a sua vila e o mundo, sempre pronta a apontar um dedo crítico, Olive nem sempre dedica aos que a rodeiam a sensibilidade ou tolerância que mereceriam.

Mas à medida que todas estas vidas se vão entrelaçando, Olive começa a conhecer-se melhor e a compaixão pelos outros e por si própria ganha terreno ao preconceito."

Cris

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

"Deriva" de Madalena Sá Fernandes

Leitura leve e algo divertida com um humor próprio que, em algumas situações, me fez sorrir.
Pequenos apontamentos do quotidiano vividos pela autora e traduzidos em pequenas crónicas.

Confesso que pelo hype que esta autora teve com o seu primeiro livro (que quero ler), "Leme", ia com expectativas altas para esta leitura e que, se não foram de todo defraudadas, também não corresponderam ao esperado! 

Houve, no entanto, algumas crónicas que considerei mais oportunas/engraçadas:

- sobre considerações entre a diferença linguística Portugal vs Brasil

- sobre o cão Jesus e sendo ela Maria Madalena, ficou "montado um evangelho"

- sobre a Turquia

Não é um género que me atraia particularmente mas o humor de algumas crónicas é bom! 

Terminado em 20 de Agosto de 2024

Estrelas: 4*

Sinopse

«Uma viagem vem connosco quando acaba.»

Das saudosas férias em família à dormida penosa numa cama com percevejos; da aprendizagem lenta da solidão ao ódio às festas de casamento que mais parecem carnavais; do martírio da insónia às árduas negociações entre mãe e filhas; da navegação cega pelas redes sociais ao poder conciliatório da literatura; da redescoberta da terapia ao reencontro com um primeiro amor: Deriva deambula por assuntos tão diversos e inesperados quanto o ângulo espirituoso ou afiado que Madalena Sá Fernandes escolhe para os abordar.

Um livro que confirma a desenvoltura literária de uma escritora que, olhando para si mesma e para o que a rodeia, devolve a cada leitor uma espécie de reflexo no espelho.

Cris


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

"Ela é Apenas Mulher" de Maria Archer

Li este livro para o "Bingo de Verão do Dona Leitura", na categoria "Escritoras censuradas". Foi nesse grupo de leitura que ouvi falar de Maria Archer (1905-1982), uma autora que infelizmente é pouco conhecida nos dias de hoje. Este livro, arranjei-o em segunda mão e vale todas as páginas que possui. Foi escrito em 1944 e, na reedição de 2001, possui um prefácio escrito por Maria Teresa Horta, em que valoriza e prestigia esta autora e sua obra, que aconselho a ler antes e depois da leitura deste livro.

Numa altura em que a mulher era tratada, como fada do lar ou como moura de trabalho ou ainda, como mulher de má fama, Maria Archer traz-nos uma Esmeralda que é um pouco das três e este livro, caiu de supetão num Portugal moralista e de falsos costumes, em plena ditadura fascista e possuidor de uma censura impiedosa.

Com uma linguagem directa, crua, Maria Archer põe a nú os podres de uma sociedade em que a Mulher tem de pertencer a uma das três categorias acima referidas pelo que todas as que fugissem desse padrão não se enquadrariam.

Para além de Esmeralda temos tantas outras mulheres que giram em torno dela e que reproduzem fielmente os padrões de então. Implicitamente durante todo o romance, uma crítica ao Homem e aos padrões morais defendidos na época. 

Maria Archer foi acusada de atentado ao pudor. Um livro que, infelizmente, ainda é actual. Porque em muitos lugares, ainda somos apenas mulheres. Permitirá a História da Literatura continuar a manter esta autora apagada?

Gostei e recomendo muito esta leitura.

Terminado em 19 de Agoato de 2024

Estrelas: 6*

Cris