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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

"Dedico-lhe o Meu Silêncio" de Mario Vargas Llosa

Não me recordo de outros livros que tenha lido de Vargas Llosa, o escritor peruano que anuncia que este será o seu último romance. Mas quem pode prever? Às vezes nem o próprio escritor, digo eu. O papel, a caneta e o pensamento estão ligados de tal forma para quem escreve desde os 16 anos que... nunca se sabe! Mas isto sou eu já a divagar.

O fio condutor deste livro é a música peruana, como refere a sinopse. Dado não conhecer praticamente nada sobre o assunto, achei que seria interessante mergulhar neste romance. O personagem principal, Toño, é um estudioso e apaixonado pela música crioula. Escreve artigos sobre isso, é professor esporádico numa faculdade e... ganha mal. A sua mulher desdobra-se em múltiplos trabalhos para poderem viver e sustentar as duas filhas do casal. 

Toño, depois de ouvir por acaso um músico que nunca tinha ouvido falar, Lalo Molfino, fica maravilhado pelo seu desempenho que acha absolutamente excepcional e tenta saber mais sobre o mesmo. A sua morte leva-o a uma espiral de acontecimentos, no mínimo desastrosos, que o levam ao extremo, tanto física como psicologicamente. Toño pretende demonstrar que a música crioula tem um forte impacto na unificação do seu país, o Perú, ajudando a aproximar as pessoas e a combater o racismo, a diminuir as diferenças sociais e económicas. Decide escrever um livro sobre o músico e sobre a sua teoria.

Alguns assuntos abordados com mestria que me tocaram deveras: 

Toño sofre de ataques de pânico e a sua evolução é marcante; uma forte crítica social e referências ao Sendero Luminoso que me fizeram pesquisar sobre o assunto e enriquecer-me; a insatisfação constante de Toño e a sua necessidade doentia de recomeçar tudo de novo vezes sem conta fez-me refletir sobre a instabilidade da mente humana e a utopia.

Terminado em 11 de Julho de 2024

Estrelas: 4*

Sinopse

Pode dizer-se que o novo romance de Varga Llosa o devolve aos terrenos da utopia; desta vez, com a música peruana como fio condutor. O protagonista da história, Toño Azpilcueta, é especialista em «música crioula» e descobre um violonista, Lalo Molfino (personagem de Travessuras da Menina Má). O talento do violonista revive o amor de Toño pelas valsas, marineras, polcas e huaynitos, peças enraizadas na música popular do país. A música crioula não é apenas uma marca do país; é muito mais importante: um elemento capaz de provocar uma revolução, quebrando preconceitos e barreiras raciais para unir todo o país.

O romance decorre no início dos anos 90, em plena ofensiva terrorista do movimento comunista Sendero Luminoso. A música revela-se como elo de união de uma sociedade e o virtuosismo de Lalo Molfino seria decisivo. Toño Azpilcueta decide investigar o guitarrista para descobrir como ele se tornou um músico tão excelente.

Assim, viajou pelo Peru até à sua terra-natal, mergulhando nos seus mistérios, na história da sua família, nas suas relações amorosas. É então que tem a ideia de escrever um livro para contar a história da música crioula.

Cris

1 comentário: