Poemas de um Homem Só
Daniel Costa
O promontório se eleva, o poeta se eleva ainda mais alto, procurando um outro horizonte para preencher as palavras inacabadas.
É assim com a poesia de Daniel. Uma viagem de impacto emocional, uma depuração, por vezes afirmativa, por outras, interrogativa.
A sua vasta poesia, que tenho o prazer de ler ao longo de anos, é um edifício imutável.
Consegue com mestria de um bisturi dissecar momentos e factos, transportando-nos para imagens que nos absorvem, aquecendo-nos a via clara da língua mater.
Eduarda de Andrade Mendes
Rosapálido
Avelina Vieira
“As gavetas fechadas tinham coisas verdadeiramente mirabolantes como escaravelhos e joaninhas secos de mortos, velhos pedaços de roupa interior muito usada, mas estranhamente deteriorada, caixas de fósforos, sem fósforos, com dedos de bonecas, letras e livrinhos com caracteres estranhos de povos antigos; ou tão simples como figas, terços, postais que não eram seus mas que ela guardava porque tinham histórias embriagadoras, boas e más.
Os problemas ligados ao corpo, ao sexo, à masturbação, à ideia do erro, do mal, implantaram-se no fundo da gaveta, e esta tornou-se num gavetão, criou raízes grossas que perfuraram o fundo da mesma, cercaram e vaguearam no espaço como se fossem animais castigados dependurados pelos braços, tentáculos, pernas ou asas.”
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