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segunda-feira, 11 de julho de 2016

"Uma Senhora Nunca" de Patrícia Müller

Quem leu Madre Paula percebe a razão que me levou a ler esta obra. A escrita de Patrícia Müller é de tal forma arrebatadora e a trama desse romance histórico tão intensa que leva o leitor a sentir-se parte integrante dela. Adorei Madre Paula, como podem ver aqui.

Sabendo, deste modo, que a escrita da autora era apaixonante e que merecia um acolhimento especial da minha parte, tenho de vos falar, também, de dois factores que influenciaram positivamente a minha vontade de ler esta obra: o título e a capa. Com este título, que parece inacabado, Patrícia Müller deixa-nos imaginar a sua continuação. Uma Senhora Nunca... Com uma crítica social fortíssima a uma época que vai desde 1910 e se estende até 1982, o título consegue acompanhar constantemente os acontecimentos narrados e o leitor nunca se esquece dele. Escolha perfeita!

A capa, por sua vez, para além de esteticamente muito bela, traduz na perfeição aquilo que uma senhora deveria ser segundo os padrões da época. Recatada, serena mas, imaginamos nós, um poço de mistério. Enigmática! Até que ponto esse padrão não seria somente uma fachada? Que pensamentos e acções esconderiam essas senhoras?

Com uma obra de ficção inspirada na sua bisavó, Patricia Müller vai aos poucos contando-nos a história de Maria Laura, dos seus ancendentes e descendentes. Escrita pautada por um humor subtil que cativa o leitor, este romance de época possui, como já referi, uma forte crítica social e lança-nos num turbilhão de emoções ao acompanharmos os segredos e mistérios, os amores e desamores dos personagens. Reconheço que no início não foi fácil entrar na escrita tão peculiar de Patrícia Müller mas ao fim das primeiras cinquenta páginas comecei a sentir-me em casa e a tratar por tu Maria Laura, Policarpo e Maria da Glória, seus pais que tanto a marcaram pela ausência como pela presença constante, Lucinda, sua filha. A eles juntaram-se os amantes, as histórias de amores impossíveis, os segredos bem escondidos, os futuros incertos, a determinação de mulheres que desejavam viver a sua vida sem imposições e até a loucura e a morte, aquela parte do futuro que não conseguimos alterar.

Um romance que recomendo sem dúvida alguma!

Se quiserem espreitar vejam aqui a participação da autora na rúbrica Ao domingo com... em que fala um pouco sobre este seu livro.

Terminado em 9 de Julho de 2016

Estrelas: 5*

Sinopse

A resistência aos turbilhões sentimentais, a vitória da vida sobre o tempo que nos devora. Maria Laura é senhora desde que nasceu. Oriunda de uma família antiga e latifundiária, nunca trabalhou um dia na vida. Casa-se, tem filhos, gere um país próprio - o apartamento onde mora numa zona rica de Lisboa. Cuida de vivos e mortos com uma devoção cristã. Depois, enlouquece de medo e de rancor perante todas as mudanças que vêm com a Revolução de Abril de 1974. Esta é a vida de Maria Laura, da sua insignificância e das suas memórias familiares, mas também é a história de um amor proibido, filho do marido, a da obsessão em cumprir regras que nunca discutiu, a da demência que é a antecâmara da morte - e a resistência aos turbilhões sentimentais, a vitória da vida sobre o tempo que nos devora. Esta é também uma história romântica, violenta e voluptuosa da vida dos seus pais e filhos, extensões naturais dos braços tentaculares da Senhora. E uma narrativa natural, intimista e sexual do século xx: uma família que vive com o poder e a glória - e que tudo perde com o 25 de Abril.

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