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quarta-feira, 21 de maio de 2014

"Intempérie" de Jesús Carrasco

Não sei porque é que esta leitura me fez lembrar de "A Estrada" de Cormac McCarthy. Talvez pela involvência que rodeia os personagens principais. Não sabemos onde estamos. Algures numa zona rural sujeita a uma seca extrema, que fez abandonar os habitantes de pequenos vilarejos com que o Velho e a Criança se vão cruzando. O Velho e a Criança. Também não ficamos a saber os seus nomes. Nem deles, nem de ninguém!

O Menino foge. Fugiu de casa por razões que desconhecemos no início. E o ambiente que o cerca é hostil, agreste. A sujidade envolve-o. O medo que lhe foge pelas pernas abaixo. A fome e a sede que o devora lentamente. O Velho que lhe dá a mão, que lhe salva a vida. O Aguazil que os persegue. E o silêncio que os envolve é tão audível que nos magoa de tanto barulho que faz! Sim, porque o silêncio também pode fazer ruído...

E o relato desta história avança devagar. Os pormenores não são descurados e visualizamos tudo, como se dum filme se tratasse. O mau e o bom do ser humano. O pior e o melhor. 

Com uma escrita espectacular, que nos envolve e nos prende, este escritor maravilhou-me. Confesso que, nas primeiras páginas, ainda fiz "hum!", mas depressa devorei o livro numa tarde de domingo. O final não acaba. O livro continua muito depois de termos lido as últimas páginas.

Capa e título perfeitos. Tradução perfeita também.

Terminado em 18 de Maio de 2014

Estrelas: 5*+

Sinopse


Um rapaz fugido de casa escuta, acocorado no fundo do seu esconderijo, os gritos dos homens que o procuram. Quando o grupo passa, o que fica à sua frente é a planície infinita e árida que deverá atravessar se quiser afastar-se definitivamente daquilo que o fez fugir.

Uma noite, os seus passos cruzam-se com os de um velho pastor e, a partir desse momento, já nada será igual para nenhum dos dois. Intempérienarra a fuga de um rapaz através de um país castigado pela seca e governado pela violência. Um mundo fechado, sem nomes nem datas, no qual a moral se escapou pelo mesmo lugar por onde se sumiu a água. Nesse cenário, o menino, ainda não totalmente perdido, terá a oportunidade de se iniciar na dolorosa tarefa de julgar ou, pelo contrário, de exercer para sempre a violência que já provou.

Através de arquétipos como o rapaz, o pastor ou o aguazil, constrói um relato duro, salpicado de momentos de grande lirismo.

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