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domingo, 9 de junho de 2013

Ao Domingo com... Paulo M. Morais


Cresci entre a paixão ao cinema e à literatura. Assisti a muitos filmes, li muitos livros. Ganharam as letras, formei-me jornalista. Nunca me lancei ao projeto de fazer um filme; mas fiz crítica de cinema. Nunca fiz crítica literária; mas um dia lancei-me à escrita de um livro.

Demorei quase 40 anos até considerar que estava pronto para escrever um romance. Recomecei, nesse momento, uma vida. Renunciei à objetividade do jornalista e abracei a liberdade do escritor. Confrontei a página em branco sem amarras ou censuras, sem
pressupostos ou regras. E senti-me tão deslumbrado como quando entrei pela primeira vez numa sala de cinema. E senti-me tão feliz como quando me ofereceram o livro que tanto desejava. Minto: senti algo mais profundo. Senti que estava próximo daquilo que eu, talvez, realmente seja.

Do primeiro livro surgiu um vício, uma fatalidade... uma vocação, se quiserem. Avancei logo para a escrita de um novo romance: «Revolução Paraíso». Pesquisei a História e dispus o cenário. Depois tracei as personagens. Tive de aprender a ouvir o que me queriam dizer e a confiar no caminho por onde me queriam levar. Elas mostravam-se capazes de feitos que me são inalcançáveis. Por isso, a minha audácia aventureira limitou-se a tentar acompanhá-las, ouvi-las o melhor que conseguia, e escreve-las o mais fielmente possível.

No «Revolução Paraíso» segui os amores e os ódios, os sonhos e as frustrações, as crenças e as dúvidas dos velhotes Adamantino Teopisto e César Precatado (grandes
admiradores das obras de Eça de Queirós, tal como eu), da “beata” Deodete, do proxeneta Marcelinho, da prostituta Amália, da jovem revolucionária Pandora, do jornalista Viriato Órfão, do taberneiro Inocêncio, do pide foragido Olímpio Chagas, do linotipista Adão da Purificação, do impressor Manuel Ginja. E foi no meio da efusividade e tristeza destes personagens de “carne e osso”, no meio da turbulência do pós-25 de Abril, entre os episódios caricatos do PREC, que veio ter comigo uma mulher de letras. Uma Eva que acreditava na utopia da paixão. Uma Eva do Paraíso que procurou o seu príncipe-perfeito entre os militares e políticos que lideravam os destinos do país.

Quando escutei a Eva, apaixonei-me. Compreendi que o meu romance com a ficção será para o resto da vida. E assim continuo, apaixonado, a ouvir e a escrever as histórias que as minhas personagens querem contar.

Paulo M. Morais

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