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domingo, 30 de setembro de 2012

Resultado do passatempo "Choque cultural"

Com a preciosa colaboração da editora Marcador tivemos 2 livros de João Lopes Marques, "Choque cultural" para oferecer.

O primeiro foi sorteado por todos aqueles que responderam acertadamente às questões que coloquei. Das 180 participações foi escolhido o nº 70, que correspondeu a:

- Joana Maria da Portela-Loures

O segundo foi sorteado através do Facebook e bastava partilhar, "gostar" da página do blogue e da Marcador.A sorte calhou a:

- Milú Reis. Agradeço que me mandes mensagem com a tua morada!

Muitos parabéns às vencedoras! Espero que gostem do livro pois é uma verdadeira delícia e vai-vos surpreender de certeza!

Convite Planeta


Ao Domingo com… Filipe Cunha e Costa


"Domingo é sempre um bom dia para pegar na caneta e partilhar algumas reflexões a que nos damos ao luxo no tempo que vai restando entre os livros. E os livros são, de facto, um excelente mote de partida para me iniciar neste espaço onde tive a honra de ser convidado a escrever, ou não fossem eles a paixão que a todos nos une. Partindo da famosa frase de Francis Bacon, "há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir." Mas afinal, como podemos definir um bom livro?

Parece-me que a melhor definição de um bom livro é aquele que não acaba quando o terminamos de ler, mas que, pelo contrário, permanece connosco muito depois de termos virado a última página e fechado a contracapa. Os bons livros acompanham-nos pelo resto dos dias, estando sempre presente nas nossas vidas a julgar pelas inúmeras as vezes que os invocamos voluntaria ou involuntariamente. Pelo contrário, um mau livro será um livro que acaba antes de nós o terminarmos de ler. Tratar-se-á de um livro que basicamente nada mais tem para oferecer antes de chegarmos ao fim, um livro que falhou no seu objectivo de entreter, e onde o exercício de o ler até à última página só é feito em obediência a um sentido de dever ou obrigação. Assim, um bom livro será um livro que consegue ir mais além da sua função essencial, que é a satisfação de quem o lê no momento em que o lê, e superará as suas expectativas quando consegue fazer o leitor reflectir para além do momento em que está frente a frente com as suas páginas.
Partilho esta reflexão num momento em que se passaram escassos meses desde a minha primeira experiência como autor publicado que aconteceu aquando do lançamento do meu primeiro romance - O Templo dos Três Criadores - um livro que muito prazer me deu a escrever, e que está planeado vir a ser parte integrante de um projecto maior, uma saga de fantasia sob o título Crónicas de Lusomel. Na verdade, este projecto tinha apenas como ambição ganhar asas e sair da gaveta, materializar-se e, com isso, tornar-se um livro. E como livro que é neste momento, procura apenas contar uma boa história e entreter, nada mais. Se for capaz de tocar mais fundo em apenas um ou dois leitores que sejam, e ser aos seus olhos um bom livro, então já terá valido a pena.

No fundo, um livro terá mais ou menos qualidade conforme a sensibilidade de cada um para gostar ou desgostar dele. A literatura, como forma de arte que é, terá sempre um cariz subjectivista, e por isso, quando avaliamos um livro, tal como qualquer outro aspecto da nossa vida, esse julgamento dependerá acima de tudo de nós próprios, e quase nada do objecto que julgamos, por muito que estejamos convencidos do contrário.

Obrigado!"

Filipe Cunha e Costa


Facebook: http://www.facebook.com/pages/Cr%C3%B3nicas-de-Lusomel/204720352964224
Blogue: http://cronicasdelusomel.blogspot.pt/

Passatempo "Nas asas da memória"

E chegou a vez de oferecer um passatempo a todos os admiradores de Sarah Sundin, que sei que são muitos!

O tempo entre os meus livros tem para oferecer a todos os seus seguidores, em colaboração com a Quinta Essência, um exemplar de "Nas asas da memória".

O passatempo termina dia 6 de Outubro.

Respondam acertadamente às questões que se seguem e boa sorte!

sábado, 29 de setembro de 2012

Na minha caixa de correio

Então foi assim esta semana:
- Os dois livros de culinária foram gentilmente enviados pela Civilização. 
Vou ver se faço algo assim:
- O "Lembro-me de ti" foi emprestado por uma amiga que gostou muito de o ler.
- O Choque cultural tem estado esta semana na minha mesa de cabeceira e vai continuar por lá. Um livro de viagens diferente e surpreendente. Foi oferta da Marcador.
- O "Olá doce" ganhei da Editora Chiado no Facebook. Estava a oferecer livros, viram?


     

Novidade 2020 Editora


A Lista da Nossa Mãe 
de St John Green
Kate Greene tinha tudo para ser feliz: um marido carinhoso e apaixonado, um filho com quase dois anos e um segundo a caminho.
Mas, num ápice, a sua vida desmoronou-se: ao ser diagnosticado um cancro raríssimo ao primeiro filho (6% de hipóteses de sobrevivência), Kate entrou em trabalho prematuramente. Contra todas as expectativas, as duas crianças sobreviveram e a família respirou de alívio. Até que, apenas algumas semanas depois, Kate descobriu que também ela
adoecera, com um cancro da mama incurável.
Nos últimos dias, Kate registou numa lista tudo o que gostaria que o marido, St John, fizesse depois da sua morte para que os filhos, Reef e Finn, tivessem uma vida feliz. Sabendo que não sobreviveria, ela anotou os seus pensamentos, sonhos e desejos, oferecendo à família o porto seguro onde encontrariam a força e inspiração para enfrentar o futuro.

Novidade Presença

Uma Deusa para o Rei
de Mari Pau Dominguez

Salamanca, 1543. Com apenas 16 anos, o futuro rei Filipe II de Espanha antecipa inquieto o momento que mudará a sua vida: o casamento com a prima Maria Manuela de Portugal. Os interesses estratégicos de Espanha impõem que o príncipe cumpra o seu dever, mas o jovem impulsivo não consegue renunciar à relação que mantém com Isabel de Osorio, dama de companhia da sua irmã. Durante mais de quinze anos, esta paixão intensa incendiará os corações dos dois amantes – sem no entanto nunca se conseguir sobrepor aos desígnios de uma nação...

Passatempo em breve.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Convite Bertrand e Fundação José Saramago


Novidade Casa das Letras


DIA A DIA MAFALDA
de Mafalda Pinto Leite
"Comer é um prazer tão simples e primordial que é uma pena que estejamos a perder o hábito de cozinhar todos os dias. Não há maior alegria do que partilhar momentos com amigos e familiares à mesa, a desfrutar de uma boa e reconfortante refeição.
Por isso, procuro contribuir para que mães e donas de casa como eu tornem os seus momentos com a família e os amigos ainda mais especiais."
Este livro vai trazer-vos novas receitas, ideias e sugestões, sempre saborosas e fáceis de preparar. As receitas estão organizadas pelos dias da semana, pois cada dia é diferente... ao fim de semana temos mais tempo e podemos demorar-nos mais na cozinha a fazer pão ou um jantar especial para amigos, e há outros dias que a única solução é aproveitar, de uma forma deliciosa, as sobras que estão no frigorífico. Encontram, neste livro, tudo o que precisam para cozinharem todos os dias algo de especial.

Novidade Porto Editora


Um Dia Naquele Inverno
de Sveva Casati Modignani
Numa grande mansão, às portas de Milão, vivem os Cantoni, proprietários há três gerações da homónima e prestigiada fábrica de torneiras.
Aparentemente, todos os membros da família levam uma vida transparente, mas, na realidade, todos eles escondem segredos que os marcaram; existem situações que, ainda que conhecidas por todos, permanecem um tema tabu. Omite-se até a loucura de que sofre Bianca, a matriarca desta dinastia.
Um dia, entra em cena Léonie Tardivaux, uma jovem francesa sem dinheiro e sem parentes, que casa com Guido Cantoni, o único neto de Bianca. Léonie adapta-se bastante bem à rotina familiar, compreendendo a regra de silêncio dos Cantoni. Isso não a impede de ser uma esposa exemplar, uma mãe atenta e uma gerente talentosa, que, com bastante êxito, conduz a firma pelo mar hostil da recessão económica. No entanto, também ela cultiva o seu segredo, aquele que todos os anos, durante apenas um dia, a leva a largar tudo e a refugiar-se no Lago de Como.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A casa dos sonhos de Liz Fenwick



Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 432
Editor: Quinta Essência
ISBN: 9789897260100

Tive de confirmar rapidamente as opiniões favoráveis que li sobre este livro! E foi mesmo rapidamente pois li as suas 400 páginas em pouco tempo... 

Estava um pouco renitente pois a capa e o título pareceram-me muito cor de rosa ( achei a capa inglesa mais sóbria e por isso mais bela). Mas a forma que Liz Fenwick encontrou de nos dar a conhecer esta história conquistou-me rapidamente. É claro que, como romance que é, tem todos os ingredientes para no final acabar com o conhecido "e foram felizes para sempre..." mas os pequenos segredos revelados ao longo da leitura fazem toda a diferença!


E assim, uma história que poderia satisfazer somente as leitoras de romances passa a abranger todos aqueles que gostam de uma pitada de mistério. Revelou-se-me um livro espectacular, onde os personagens com os seus medos, inseguranças e buscas interiores para um melhor auto-conhecimento e crescimento pessoal adquirem um realismo surpreendente. Lembram-nos que sabermos quem somos, hoje, está relacionado e dependente de quem fomos no passado e para isso é preciso conhecê-lo, aceitá-lo e superá-lo. Como recuperar depois de uma perda, aceitá-la e começar de novo. 


Escrito de uma forma mais leve no início, o livro adensa-se com o evoluir da história sobretudo porque as relações entre os personagens se intensificam e os mistérios que falei anteriormente vão sendo revelados. Mistérios pessoais e também mistérios antigos relacionados com a casa onde vivem Maddie e Hannah, madrasta e enteada, (estes últimos gostaria ver mais desenvolvidos).


Tive de disfarçar uma lágrima que caiu sem desejar, aquando nas páginas finais da história de tal forma me vi envolvida nos dramas dos personagens e no seu crescimento enquanto tal.  


Algumas gralhas a melhorar na revisão do texto.


Gostei e recomendo!

Terminado em 23 de Setembro de 2012

Estrelas: 4*+

Sinopse



Quando a artista Maddie herda uma casa na Cornualha, logo após a morte do marido, ela espera que isso seja o novo começo de que ela e enteada Hannah precisam desesperadamente. 

Trevenen é linda, mas negligenciada, uma casa rica em história. Maddie está encantada com ela e determinada a saber o máximo sobre o seu passado. Quando descobre as histórias das gerações de mulheres que viveram lá antes, Maddie começa a sentir que a sua vida está de alguma forma ligada àquelas paredes. 

Mas o sonho de Maddie de uma vida tranquila no campo está muito longe da realidade que enfrenta. Ainda a lutar com a sua dor e com Hannah, Maddie é incapaz de encontrar inspiração para a sua pintura e percebe que pode enfrentar a perspectiva de ter de vender Trevenen, agora que começou a amá-la. 

E enquanto Maddie e Hannah desvendam o passado de Trevenen, a casa revela segredos que ficaram ocultos durante gerações.

Um livro maravilhoso cheio de romance e mistério.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Convite Esfera dos Livros


Novidades Planeta


D. Pedro, o Rei-Imperador
de Javier Moro
Nesta biografia romanceada sobre Pedro I do Brasil, podemos ler que aquele imperador capaz de cavalgar durante sessenta quilómetros sem desmontar do cavalo, de estar um dia inteiro sem comer, de navegar oceanos de inimigos e de fascinar mulheres inesquecíveis, tinha uma enorme sensibilidade que se manifestava no seu amor incondicional pelas crianças. 
Apesar de uma esmerada educação e de grande inteligência, a personalidade de D. Pedro I era excessiva e contraditória, as mulheres foram a sua salvação e a sua perdição. Teve vários filhos e muitos ilegítimos: do casamento com a primeira mulher, a virtuosa Leopoldina de Áustria que o levou ao apogeu teve sete filhos, e cinco com a amante, a ardente Domitila de Castro, que o arrastou para a decadência.  
Era um liberal entre os absolutistas, um promíscuo entre os monogâmicos, um hiperactivo e um bipolar, que ora era Jekyll para a seguir se transformar em Hyde. Dono de uma personalidade escandalosa, D. Pedro I tinha como único objectivo ‘beber a vida em grandes goles, num copo maior que a própria grandeza.’ 
Quando o imenso Brasil se tornou pequeno e o poder deixou de lhe interessar, pôs a sua vida em risco por aquilo que acreditava ser justo.                        
E alcançou a glória.

Um livro numa frase



"O meu pai morreu três anos antes da minha mãe. O médico disse que foi um ataque cardíaco, mas Jane e eu tínhamos dúvidas.Ainda estava por provar que o meu pai tivesse coração."

In pág. 129, "À procura do amor" de Jodi Picoult
Frase escolhida por Cris

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Novidades Bertrand

Imperatriz Isabel de Portugal
de Manuela Gonzaga
Em 1526, Isabel de Portugal, considerada a mais bela mulher do seu tempo, foi para Castela ao encontro do marido, Carlos V, rei da Hispânia e imperador do Sacro Império Romano Germânico, o soberano mais poderoso de toda a Cristandade. Em Sevilha quando se encontraram, foi paixão à primeira vista… e um amor que durou a vida toda dos dois.
Mãe de Filipe II de Espanha e I de Portugal, filha de D. Manuel I, o Venturoso rainha e imperatriz pelo casamento, Isabel foi regente de Castela durante as prolongadas ausências do marido, a quem escrevia incansavelmente. Inteligente, sensível, apaixonada, mas de saúde frágil, desempenhou os vários papéis da sua vida – mulher, mãe e soberana – de forma exemplar. A morte, que a colheu ainda jovem, aos 36 de idade, precipitou Isabel de Portugal no esquecimento geral durante séculos. Apenas a lenda guardou o seu registo. E a arte. Um dos seus retratos – verdadeira obra-prima de Ticiano – é das raras referências que todos, ou quase todos, conhecem.


Uma Sonata de Amor
de Santa Montefiore
No coração de Buenos Aires vive uma pequena comunidade anglo-argentina onde os mexericos se devoram como scones com chá. É aqui que Audrey cresce e se apaixona por Louis, um jovem excêntrico e de passado duvidoso, com um talento extraordinário para a música. Audrey é a única mulher que o compreende e Louis compõe para ela uma brilhante sonata de amor, uma melodia hipnotizante ao ritmo da qual se envolvem num romance secreto.
Porém, uma tragédia familiar interrompe abruptamente o romance e Audrey, uma filha exemplar, emociona os próprios pais ao aceitar casar-se com Cecil, o bem-sucedido irmão mais velho de Louis. Trata-se de um sacrifício de que ela se arrependerá amargamente. Apesar das alegrias da vida familiar, Audrey ouve as notas da sonata a ecoarem ao longo dos anos como um lembrete do seu amor perdido.
Épico na forma, lírico no tom, Uma Sonata de Amor é uma viagem apaixonante de uma mulher à descoberta de si própria e do verdadeiro significado do amor.
Um coração dividido entre o amor e o dever.


A convidada escolhe... O retorno


Comprei este livro porque vi uma entrevista na TV com a escritora Dulce Maria Cardoso e fiquei expectante em relação o ele. Sei que o vou ler. Não sei é quando... (Cris)

"Começo já por dizer que este livro é único!
E porquê? É simples, é o primeiro que leio sobre este tema que não envereda por opiniões de quem das duas uma, estava do lado dos “Retornados” ou de quem simplesmente estava do lado contrário, os da Metrópole que azedamente tiveram de aceitar o retorno.

Dulce Maria Cardoso conta-nos duma forma muito particular o que foi a debandada
de Angola na época da descolonização, na altura da famosa ponte aérea, que trouxe à metrópole cerca de meio milhão de portugueses que estavam em África.

Gostei muito deste livro onde, através da voz de Rui, um adolescente, ficamos a
conhecer o fim do Império e os efeitos da descolonização nos portugueses “de lá” e nos “de cá”.

Na primeira parte conhecemos a sua familia, a mãe com os seus “demónios”, o pai com as suas raivas, a irmã Maria de Lurdes (Milucha) com os seus desejos e Rui com os seus sonhos sobre raparigas bonitas com cerejas nas orelhas a fazer de brincos. É o tempo que antecede o retorno à Metrópole, o tempo em que tudo deixa de ser seu, em que é preciso deixar de lado, bens, sonhos e vivências para fugir e embarcar rumo ao ponto de partida de seu pai quando para fugir à fome embarcou para Angola... Rui, a mãe e Milucha com a ajuda do Tio Zé, embarcam os três rumo a Lisboa e tal como outros milhares de pessoas, encetam uma difícil nova vida, primeiro alojados num hotel no Estoril e mais tarde numa nova casa, já após o regresso tão esperado e ao mesmo tempo inesperado do seu pai.

Na segunda parte, ficamos a conhecer o efeito do choque causado pela vinda para uma uma nova terra, a perda da terra que sempre chamaram sua, a perda dos bens e amigos, a perda das suas vidas, tornando ainda mais chocante e difícil o retorno de uns (os que da Metrópole tinham um dia partido) e desterro de outros (as novas gerações já nascidas em África), somando-se ainda a também difícil aceitação dos habitantes dessa Metrópole que os rejeita, que os vê como usurpadores e exploradores dos “pretos” e posteriores usurpadores e exploradores do que também não lhes pertence já no Portugal Continental. A integração muito difícil, a saudade, as desilusões, (afinal as raparigas da Metrópole nem usam cerejas penduradas nas orelhas a fazer de brincos)... a difícil vivência numa sociedade ainda em pleno processo revolucionário, tornam este retorno uma verdadeira tormenta.

A sociedade da época é-nos retratada pela autora, duma forma objectiva quase cruel mas tão verdadeira! Ao ler as páginas deste livro, lembrei-me muito das palavras cruéis que tanto ouvi nessa época acerca dos “retornados”.

Um livro que se lê quase duma assentada de tão envolvente que se torna e uma lição fantástica de história, de sentimentos, de angustias, de vida... que considero ser necessário para a compreensão da época e que quanto a mim poderá trazer alguma paz a uma sociedade que por vezes ainda denota alguma aversão a esse retorno e refiro- me novamente aos que vieram e aos que já cá estavam... a rejeição foi bi-lateral, é tempo agora de aceitar e seguir em frente, mantendo as memórias livres de acusações e ressentimentos.

Numa escala de 1/10, este livro é um 10 absoluto!"

Teresa Carvalho

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

No anexo de Sharon Dogar


Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 336
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789895579112

É difícil imaginarmos o que realmente aconteceu no Holocausto. Por vezes, ao lermos um livro, pensamos conseguir sentir o mesmo de todos aqueles que passaram pelos campos de concentração. Mas isso é mesmo impossível. Só nos é permitido imaginar! E aí damo-nos conta de quão grande pode ser mesquinhez e a crueldade do homem! E isso faz-nos medo.

Baseando-se em factos reais, quer pelos acontecimentos relatados por Anne Frank no seu diário, como pelos aspectos históricos conhecidos por todos, a autora surpreendeu-me ao conseguir posicionar-se tão bem e tão cruamente no papel de Peter, por quem Anne viveu uma paixoneta. 

Li o Diário de Anne Frank já há uns bons anos e não recordo na totalidade os acontecimentos nele descritos. Mas, ao ler este livro, revivi um pouco o que foi a vida das famílias que se esconderam por dois anos no "anexo", todas as suas angústias e medos, fome e desespero. 

Ao colocar-nos dentro do ponto de vista de Peter - a imaginação fértil de Sharon Dogar - faz-nos pensar na forma como o Homem pode ser despojado de toda a sua dignidade, como se de um animal se tratasse. Relato fictício mas muito impressionante! Muito bom!

Terminado em 19 de Setembro de 2012

Estrelas: 5*

Sinopse

Peter van Pels e a família estão escondidos com os Franks, e Peter vê tudo com um olhar diferente. Como será ser-se obrigado a viver com Anne Frank? Odiá-la e depois dar por si apaixonado por ela? Saber que é tema do seu diário dia após dia? Como será ficar sentado à espera, olhar por uma janela enquanto outros morrem e desejar estar a combater? O diário de Anne termina a 4 de Agosto de 1944, mas, nesta história imaginada, a experiência de Peter continua para além da traição e chega aos campos de extermínio nazis. "Está aí alguém?", pergunta ele. "Está alguém a ouvir?" Nós devíamos estar.


domingo, 23 de setembro de 2012

Ao Domingo com... João Lopes Marques

"Julgo que tu, Cristina, me escolheste por causa desta foto. Foi tirada em Santa Apolónia em finais de Novembro do ano passado. Um passado já longínquo, portanto, como quase tudo vivido. Tem assinatura do Luís de Barros e, perdoem-me, é assaz enganadora. A minha filha estava constipada e eu tentei disfarçar. Manobras de diversão. Era um jantar de antigos amigos onde ela, com meros quatro meses, fazia à mesa o seu "début" lisboeta. Fingi. Em vez do boxer, pertença do Luís e com o humilde nome "Boss", o que eu queria era deixar-me fotografar-me com a pequenina Agnes, a minha paixão maior. Deixem-me desde já dizer-vos que o Luís é um grande, enorme, fotógrafo, sobretudo de moda, coisa para a qual me gabo de não ter o mínimo jeito. Daí aproveitar, ter aproveitado, e mui dissimuladamente, tão inopinada boleia. É hoje a minha foto de perfil no Facebook, mas só de vez em quando. Adoro intermitências. A coerência extrema pode matar. Mata mesmo. Aliás, o que é a coerência? Mais relevante, ou importante, foi esta foto, ou aquele jantar de Novembro, talvez apenas o Luís, e o Boss, que me inspirou para a capa do "Choque Cultural", o meu mais recente livro. São crónicas, é certo, mas a editora fez a gentileza de me chutar para um certo estúdio ao Cais do Sodré. Desta vez em Junho e no pino do calor. Calor a sério. O autor? Mário Príncipe. Suado e estafado, saudoso dos meus adocicados Verões estónios, tentei esboçar um esgar ainda mais pateta. Demente até. Dizem-me que não correu assim tão mal. A verdade é que conquistei alguma visibilidade nas livrarias nacionais com aquela tromba pateta. Pior: sem o canino Boss ao meu lado a justificá-la. Já mais amparado, escrevo-vos estas linhas com uma pontinha de orgulho animal. E prosseguiria, mas a minha história será — é — necessariamente breve. É domingo, e por acaso até é mesmo, e não me convém exagerar nos caracteres. Mesmo que pagão convicto, carburo muitíssimo melhor à semana. Octanagem pura."

João Lopes Marques

Passatempo "Choque Cultural"

Com a colaboração da Editora Marcador temos para oferecer um exemplar do livro Choque Cultural de João Lopes Marques a todos os seguidores do blogue.

Para isso só têm de responder correctamente às questões que se seguem.

Mas, SURPRESA! Podem concorrer de outra forma e assim habilitarem-se a mais um exemplar deste livro. Para tal, têm que, no Facebbok:
-partilhar este passatempo e deixar um comentário.
-fazer Gosto na página d'O tempo entre os meus livros
-fazer Gosto na página da Marcador.

IMPORTANTE:
Não se esqueçam de deixar o comentário no facebook, porque será por aí que farei o sorteio do segundo exemplar! 

Boa sorte!


sábado, 22 de setembro de 2012

Na minha caixa de correio

Então esta semana foi assim:

-O "Peripécias do Coração" foi oferta da ASA.   
-Os dois seguintes foram oferecidos pela Livros d'Hoje. 
-"O último minuto" foi gentilmente oferecido pela Civilização.
-O da Patricia Scanlan veio da Quinta Essência.
-O de Domingos Amaral foi-me emprestado por uma amiga.


     

Novidades Esfera do Caos


Topo Sul
Um caderno de viagem
de Gil Bastos
Este livro é um registo dos sentimentos, das reflexões e das experiências de quem quis fazer uma viagem despreocupada a ver o mundo… e a tentar entendê-lo. Mas é também um testemunho das aventuras de quem andou, por parte incerta e durante um ano, vivendo de uma mochila e de muitas dúvidas.
“Eu só, que só me levo a mim e por isso nunca só. Parto de mochila às costas na descoberta do mundo que sou eu em desconhecidos mundos, apesar de o mundo ser todo igual (não conseguiria descrição melhor do que são as minhas viagens).” Excerto da obra

Focais Literárias
de Annabela Rita
As letras, as artes e os mitos captados pela objectiva de uma ensaísta que vê e que faz ver de maneira diferente.
Uma sucessão de disparos fotográficos centrados na cena comunicativa literária e cultural desde o polémico “Juramento de D. Afonso Henriques”.
Esta obra passa em revista textos, autores, problemáticas e casos. Escritores como Eça de Queirós, Fialho de Almeida, Guerra Junqueiro, Teolinda Gersão e Gonçalo M. Tavares: da crónica à ficção, da poesia ao teatro, do texto mais modelar ao da confluência de géneros, analisando as transformações dos processos e das estratégias comunicativas em função das circunstâncias históricas, sociais, estéticas e culturais.
Mas também ensaístas como Vitorino Magalhães Godinho, Luís Machado de Abreu e Onésimo Teotónio de Almeida, favorecendo as reflexões sobre os sentidos e as vias do trabalho e do discurso nas ciências humanas. E, finalmente, casos da cultura portuguesa, a partir dos mitos fundadores da nossa identidade nacional.

Amor e Liberdade de Germana Pata-Roxa
de Fernando Évora
As histórias que neste livro se contam, aparentemente sem conexão entre si, unem-se num final surpreendente.
A linguagem, despretensiosa e simples, está polvilhada de ironia. Os personagens, admiráveis e autênticos, são tendencialmente queirosianos — gente comum, com as suas fraquezas e vícios, e com a grandiosidade dos seus sonhos. Os enredos, esses, absorvem-se de um fôlego e a narrativa, descomplicada, revela grande humanismo.
Histórias, enfim, que divertem pelo que têm de caricato e inesperado, mas que deixam uma réstia de inquietação no leitor, que inevitavelmente há-de rever-se em muitas delas.

O eco do silêncio
de Cecília Vilas Boas
O eco do silêncio é prazer, paixão, sonho. São aromas inebriantes, que fazem as delícias do corpo e do espírito. São os toques aveludados das pétalas das rosas. É o grito às entranhas da terra e é o pássaro de olhar puro que voa na melancolia da noite. São perfumes de gerânios e é o místico nevoeiro que abraça os bosques, nas noites em que as sílabas dormem. São os violinos suspensos das asas das nuvens. “Sabes, amor? Trazes no teu sorriso rosado o desfolhar dos meus lábios…”
Com esta obra mergulhamos nas profundezas da alma, numa procura incessante da essência do ser. Ela é uma busca de um tempo sem tempo, de um reviver e de um morrer consentidos. Ela é, também, a pele frágil do sentimento, de que se reveste a palavra, e as rosáceas duma trilha que se chama vida, e uma viagem aos nossos lugares mais recônditos, através de metáforas que desventram o que de mais genuíno possuímos – o sentir.

Novidade Esfera dos Livros

A Última Duquesa
de Daisy Goodwin
Cora Cash, possivelmente a herdeira mais rica da América nos anos 1890, foi criada a acreditar que o dinheiro lhe podia abrir qualquer porta. Bonita, com um guarda-roupa invejável, vive no meio do luxo de uma mansão em Newport. Mas a sua autoritária mãe deseja vê-la casada com um nobre inglês. Pouco interessada nos sentimentos da filha, envia-a para Inglaterra para garantir o tão desejado casamento aristocrático. Cora fica consternada com a receção. As grandes casas que frequenta são geladas e muito desconfortáveis. Sem casa de banho e aquecimento central. Os corredores enchem-se de intrigas, e nas caves, nas alas dos criados, reina a coscuvilhice. Só quando perde o seu coração para o duque de Warehamm, um misterioso homem que quase não conhece, é que Cora percebe que está a jogar um jogo para o qual não está devidamente preparada, que não entende, mas onde a sua felicidade futura pode ser o preço.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Novidades ASA


O Grande Amor da Minha Vida
de Paullina Simons
Tatiana vive com a família em Leninegrado. A Rússia foi flagelada pela revolução, mas a cidade mais cosmopolita do país guarda ainda memórias do glamour do passado. Bela e vibrante, Tatiana não deixa que o dramatismo que a rodeia a impeça de sonhar com um futuro melhor. Mas este será o pior e o melhor dia da sua vida.
O dia assombroso em que conhece aquele que será o seu grande e único amor. Ameaçados pela implacável máquina de guerra nazi e pelo desumano regime soviético, Tatiana e Alexander são arremessados para o vórtice da História, naquele que será o ponto de viragem do século XX e que moldará o mundo moderno.

A Noiva Despida
de Nikki Gemmell
Uma mulher desaparece.  Ela era a esposa perfeita, a mãe exemplar, uma mulher irrepreensível.  O que dizer então do explosivo diário que deixa para trás?  Nas suas páginas, ela revela pormenores surpreendentes da sua jornada de descoberta e libertação sexual.
A Noiva Despida é uma aventura nos meandros do sexo e do amor. Uma partilha de confidências que apenas as melhores amigas ousam fazer. No final, é impossível evitar a pergunta: até que ponto conhecemos verdadeiramente outra pessoa?

O Sedutor
de Madeline Hunter
Diane Albret é órfã e passou a maior parte da sua vida num colégio interno. Sem mais família, está habituada a receber apenas uma visita: Daniel St. John, o seu irresistível tutor. Ao longo do tempo, ele visitou-a sempre uma vez por ano. Mas o seu mais recente encontro reserva-lhe uma surpresa: Daniel esperava encontrar uma menina e Diane é já uma bela e carismática mulher. Ele aceita retirá-la da clausura do colégio e levá-la consigo para Londres. Porém, ambos têm planos que preferem manter em segredo.
Mas a crescente proximidade entre ambos ameaça dificultar-lhes os planos e, pouco a pouco, eles apercebem-se de que têm mais em comum do que julgavam. Poderá um novo amor triunfar sobre ódios antigos?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Novidade Bertrand


A Desonra da Sra. Robinson
de Kate Summerscale

Ao cair da noite de uma sexta-feira amena de 1850, Isabella Robinson saiu para ir a uma festa. A carruagem onde seguiu sacolejando ao longo das avenidas amplas da New Town georgiana até se imobilizar junto do número 8 do Royal Circus, uma magnífica casa de arenito iluminada por candeeiros de iluminação pública. Aquela era a residência de Lady Drysdale, uma viúva rica e bem relacionada cujos serões eram famosos na cena intelectual da época.
Os seus convidados estavam reunidos no salão arejado, de pé alto, que ficava no primeiro piso, as senhoras de vestidos de seda e cetim brilhantes, bem cingidos sobre os espartilhos de osso; os cavalheiros de fraque, colete, gravata e camisa de cerimónia, calças pretas estreitas e sapatos de verniz. Quando a senhora Robinson se juntou ao grupo, foi apresentada à filha e ao genro de Lady Drysdale, Mary e Edward Lane. Ficou imediatamente encantada com o senhor Lane, um estudante de medicina com menos dez anos do que ela.
Ele era «fascinante», disse ela ao seu diário, antes de se censurar por ser tão suscetível aos encantos de um homem. Mas apoderara-se dela um desejo, que era difícil de sacudir… Uma cativante história de romance e fidelidade, de fantasia, loucura e os limites da privacidade numa sociedade com ideias bastante rígidas acerca do casamento e da sexualidade feminina. A Desonra da Sra. Robinson dá vida a uma esposa vitoriana complexa, frustrada, que sonhava com a paixão e a descoberta, com o companheirismo e o amor.

Noites de jasmim de Julia Gregson


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 544
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892319643

Um livro repleto de romance para todos aqueles que gostam de livros onde o amor e a paixão se misturam com episódios da II Guerra. Eu estou aí incluída.

Posso considerar um romance de época pois é-nos retratada toda uma sociedade de 1942, hábitos e costumes adquiridos em época de guerra. Saba, a protagonista feminina da história, luta pelo seu futuro profissional e, mesmo à revelia da sua família, sobretudo do seu pai, torna-se cantora e parte para o Norte de África, ajudando no "esforço de guerra" e cantando para os soldados. A sua vontade e determinação vence num mundo onde os preconceitos em relação à sua profissão ainda imperam.

Julia Gregson soube tornar real esta personagem e o seu "par" amoroso. A sua relação, embora cheia de momentos amorosos, é pautada por dúvidas e discussões que a tornam mais verídica. Tanto Saba como Dom, o jovem piloto seu namorado, desconhecem o dia de amanhã: onde estarão e o que lhes é pedido para fazerem. E esta incerteza, o medo da morte, o contraste entre a fome e a opulência de certos sectores da sociedade estão bem retratados em todo este romance.

O ritmo de leitura intensifica-se a meio do livro. Torna-se quase impossível largá-lo para o final. Um romance que se lê devagar no início mas que se devora no fim!     

Terminado em 16 de Setembro de 2012

Estrelas: 5*

Sinopse


1942. Numa Europa devastada pela guerra, a jovem Saba tem uma vida protegida. Demasiado protegida. Ela anseia por liberdade e é suficientemente obstinada para desafiar as convenções e a própria família e perseguir o seu sonho: cantar. Ao atuar num hospital militar britânico, a jovem conhece Dom, um piloto em convalescença. A atração é imediata mas ambos sabem estar perante um amor condenado. Dom debate-se com o trauma das suas cicatrizes de guerra e está decidido a voltar rapidamente ao combate. Atormentada pelos perigos que o homem que ama está disposto a correr, Saba renuncia aos seus sentimentos e decide partir numa jornada que a levará ao glamour do Cairo e ao calor e opulência de Istambul. Um mundo tumultuoso e decadente de soldados, espiões e agentes duplos. Um mundo onde não há lugar para a inocência e todos buscam mais do que aparentam. Alguns querem apenas desfrutar da sua belíssima voz. Outros, sentir o seu amor. Mas há também quem queira os segredos que só ela, graças ao círculo social em que se move, pode descobrir. 
No turbilhão em que se tornou a sua vida, há algo que se mantém inalterado: as suas memórias dos momentos que passou com Dom. Desde então, o mundo mudou irremediavelmente, mas os seus caminhos voltarão a cruzar-se um dia… e da forma mais inesperada.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Experiências na cozinha... O ingrediente secreto 2


Ando a namorar este livro página a página mas não conseguia decidir que receita experimentar, ou porque me faltava um ingrediente, ou porque achava que não ia ficar bem, ou porque comecei a colocar post-it nas páginas que poderiam ser interessantes e depois já tinha tantos que não sabia o que escolher...

Mas a necessidade faz, neste caso, não o ladrão mas o poder de decisão! Chegou Domingo e nada de jantar... Pois bem! Com algum improviso e algumas alterações à receita (elas servem para isso mesmo: alterar e inovar!) lá saiu esta receitinha bem boa: "Sanduíche de Bacalhau com Grão".


Rápida de se fazer, sobretudo se tivermos o grão já cozido ou se usarmos de lata, como foi o meu caso, esta receita é muito prática, com ingredientes usados no dia-a-dia e fica tão saborosa!


Os ingredientes são bem mediterânicos: pão caseiro, azeite, grão, bacalhau, pimentos e especiarias.




Em pão fatiado rega-se com um fio de azeite. Barra-se com uma pasta de grão moído com azeite, sal, pimenta (Fiz na Bimby, rapidinho!), onde se coloca, por cima, um refogado de cebola, alho e pimentos e a finalizar bacalhau escaldado em azeite, alho, louro e tomilho. Coloquei ainda salsa picada.

Quem comeu "chorou" por mais!!! E como o meu irmão me deu umas alheiras esta tarde, fiquei de olho numa receita de ovos mexidos com alheira...  que adoro!  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A convidada escolhe... A mulher certa


Não li. Já o tive na mão mas larguei-o porque tinha outros mais urgentes em lista de espera...(Cris)

"Este é um romance de grande fôlego, com uma estrutura fora do comum e que nos dá uma visão amarga e pessimista sobre a vida, as relações afectivas, a política, as diferenças de classe e de estatuto social.

São 3 longos monólogos e um epílogo. O/A leitor/a é afinal o/a detentor/a da visão global e multifacetada que as diferentes perspectivas das personagens que monologam lhe permitem ter, ou seja, quem lê tem o privilégio de conhecer a história daquelas três personagens porque dispõe das diferentes leituras e perspectivas que cada uma dá da mesma história

O primeiro é um monólogo em que Marika fala a uma amiga da falência do seu casamento.

O segundo é a visão do marido Péter sobre os seus relacionamentos afectivos com as duas mulheres Marika e Judit. Quer este, quer o primeiro monólogo decorrem em Budapeste.

O terceiro traz-nos a perspectiva de Judit sobre o marido Peter e a primeira mulher, num longo monólogo com o amante, baterista num bar de Roma.

O epílogo passa-se nos Estados Unidos num bar de Nova York onde o emigrante húngaro ex-baterista e ex-amante de Judit fala com um conterrâneo em busca de apoio para se fixar na “terra das oportunidades”.

É interessante ter em conta o facto de que os dois primeiros monólogos foram publicados em 1941. O terceiro monólogo surgiu oito anos depois, quando o próprio autor estava exilado em Itália, tendo esta terceira parte sido reescrita muito mais tarde, em 1980, acompanhada com o epílogo.

O tema principal que é este relacionamento afectivo entre pessoas é pretexto para inúmeras reflexões por parte do autor, um “falar com os seus botões” com considerações sobre o amor, os preconceitos sociais, os tiques e as diferenças de classe e os mais diversos sentimentos.

À medida que lia este livro escrito pelo húngaro Sándor Márai, e tendo em conta como ele foi sendo construído, considero que o autor sentiu necessidade de o “retocar”, melhorar, acrescentar desenvolvimentos, porque entretanto aquelas vidas não deixaram de o “atormentar” e mais reflexões se seguiram. Por isso, ele foi escrito e acrescentado ao longo de vários anos, entre 1941 e 1980, altura em que o autor já vivia nos Estados Unidos.

Para terminar, muitas das páginas deste romance reflectem também as preocupações políticas do autor relativamente quer ao ascenso do fascismo, quer à ausência de liberdades na Hungria sob o domínio soviético. O facto de desde sempre ter demonstrado distanciamento face ao regime, levou-o a abandonar o país e a emigrar, tendo vivido em vários países e finalmente fixou-se nos Estados Unidos onde, com 89 anos veio a suicidar-se em 1989, poucos meses antes do colapso do Muro de Berlim e dos países debaixo do domínio da União Soviética.
As suas opções políticas e ideológicas fizeram com que durante muitos anos este autor tivesse sido apagado e esquecido no seu próprio país e apenas conhecido e publicado pelas comunidades húngaras emigradas pelo mundo ocidental."

Almerinda Bento

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Resultado do passatempo Soberba tentação

E quem vai receber este livro de Andreia Ferreira, gentilmente cedido pela Editora Alfarroba?

O Sr. Random.Org, das 273 participações, seleccionou o nº 90 que corresponde a:

 - Célia Inácio de Lagoa.

Muitos parabéns! Em breve vais receber o livro. Espero que seja do teu agrado!


domingo, 16 de setembro de 2012

Ao Domingo com... Andreia Ferreira

"Recuemos aos anos noventa, para um tempo onde a minha altura não me permita debruçar-me sobre as secretárias sem baloiçar os pés, e o mundo era ainda maior e mais fascinante do que hoje o sinto.

Subia a galope a avenida, de mão dada com a minha mãe, parando junto dos quiosques a mirar com atenção as revistas expostas. Puxava-a com teimosia, pedindo-lhe teimosamente que me desse uma “Mônica”.
– Ainda nem sabes ler – dizia-me ela.
– Assim, quando aprender, já vou ter muitas coisas para ler – argumentava cheia de confiança.

Mais tarde, quando os quadradinhos se mostraram fáceis demais e as minhas capacidades básicas de leitura já apreendidas exigiam desafio, enveredei pelo mundo de “Uma Aventura”. Foi um reboliço de livros a surgirem na estante. Os tios ajudavam à recente descoberta e os pais ficavam orgulhosos de eu me interessar pela leitura, sem falar do facto de me sossegar. 
– A minha Andreia é um sossego – gabava-se a minha mãe. – Enfia-se no quarto com os livros e não me chateia nadinha.

No entanto, logo comecei a dar algum “trabalho”. Por volta dos nove anos, recebi um livro de oferta numa revista juvenil. Intitulava-se “Bem-vindos à casa da morte” e fez-me mergulhar, pela primeira vez, no mundo do terror.

Foram noites em branco, enquanto a insistência me levava a procurar a coleção dos “Arrepios” nas bibliotecas ou nas estantes alheias (já que a minha mãe se recusava a dar-me). A imaginação atingia picos vertiginosos à procura do sobrenatural dentro de mim. Fantasiava com vampiros, temia os lobisomens, mas foi com as picadas na nuca e com o fôlego sustido das histórias com espectros que encontrei o verdadeiro apogeu do meu medo: os demónios.

Na pré-adolescência, surgiram as oportunidades e o conhecimento tecnológico necessário para ver os clássicos do terror, que viriam a assombrar-me deliciosamente no futuro.

Neste ambiente de curiosidade e de insónias, enveredei pela minha primeira aventura, a composição de um conto. Uma jovem que lia os pensamentos dos outros e acabava internada numa casa de saúde. Escrevi tudo em folhas pautadas, agrafadas, e, no final, senti um orgulho imenso ao folhear os treze capítulos (na altura, andava obcecada com os simbolismos).

A maturidade propriamente dita, aquela idade em que as questões começam realmente a aflorar e a razão é uma meta arduamente perseguida, atenuou ligeiramente o interesse no fantástico. Outros livros povoaram as minhas estantes, permitindo que me interessasse pelo romance, pelas histórias de amor, pela tragédia dos amantes. Aí, descobri o poder da rima e iniciei-me numa composição de sentimentos expostos em palavras. 

Criei o meu vínculo com a língua e aprendi a visualizar a junção das letras como uma análise de mim, percebendo o quão própria me sentia de caneta na mão.
Já não tardava para que a paixão pela escrita me lançasse na aventura de construir o meu próprio mundo.

Ao atingir a maioridade, surgiu a vontade de descrever um resquício do que me invadia a alma nas noites de insónia, dando forma ao 1.º capítulo do que se viria a chamar “Soberba Escuridão”.

As ideias abundam na mente e o sossego só é alcançável com a transposição das mesmas para o papel. Agora, condeno o tempo e a vida de responsabilidades que não me deixam o espaço desejado para me perder na imaginação. Quando me transformo numa exploradora, de lupa e mochila às costas, e enveredo pelos subúrbios da minha mente, sinto me feliz."

Andreia Ferreira