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domingo, 8 de janeiro de 2012

Ao Domingo com... Luís Ferreira

“A Essência da Poesia” segundo Pablo Neruda, in “Nasci para Nascer”, refere: “(…) Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico (…)”.

"Procuro constantemente esse caminho, a verdadeira comunicação do que sou e sinto-me em cada espaço temporal como se vivesse em todos os sonhos, planando sem destino, desejando o encontro permanente com as letras e com as palavras, que liberto livremente, clareando todo o espaço que existe em meu redor.

Desde pequeno que sou assim, sempre observei o mundo e captei os seus mais diversos sentimentos. Daí que sentindo verdadeiramente todas as emoções, neste tactear da decifração de todos os mistérios que abraçam a alma, liberto numa necessidade permanente, todas as palavras, todas as letras em todos os poemas.

Conforme referi muito recentemente, sinto todos os fantasmas que habitam em meu redor, que se escondem no armário ameaçando as minhas certezas e esta liberdade sonhadora que tenho em escrever. Tenho permanentemente esses receios, todas as dúvidas, todos os medos… o esgotar das emoções que posso transmitir na minha escrita, a repetição dos temas e a dúvida permanente do impacto que as minhas palavras causam nos leitores. Daí… que os pensamentos tenham a tendência a esconder-se na folha e que a exigência sufoque permanentemente toda a minha capacidade de criação. Sou exigente comigo mesmo e cada vez mais sinto a necessidade em transpor para o papel apenas o melhor que a minha alma pode libertar.


Não é à toa que, após 5 livros de poesia, sinto a necessidade de abraçar outros horizontes, partir para um novo desafio, libertar o outro eu autor, que há muito tenta silenciosamente falar.

Será dar voz aos fantasmas que assombram toda a minha poesia, ou de facto, a necessidade de desenvolver um outro tema, dando voz a uma outra forma de expressão. Não sei… é tempo, de facto, de descobrir de novo o caminho e caminhar.

As mãos do sonho,
Esboçam gestos
Que afagam as sementes
Das palavras.
In “O céu também tem degraus”, excerto do poema “Esboço de poema”

Falando um pouco da minha poesia, aquilo que me move e moveu durante os últimos 5 anos em que comecei no fundo partilhar com os outros… refiro e conforme foi já escrito até por terceiros, que os meus poemas, transportam-nos para um dos ícones da poesia mais utilizados, “o amor”. É através deste sentimento que, na minha opinião “move o mundo”, que me sinto escravo das palavras, nessa imperiosa necessidade de escrever, abordo fortemente esta temática sem conseguir fugir…. Aliás digo em tom de brincadeira que em cada 5 poemas que liberto, 3 falam de amor. Sou um romântico incurável, sou uma pessoa apaixonada, sou uma pessoa feliz, que ama e é amado… Vejo na minha poesia um quadro pintado pelo sentimento, uma sinfonia que abraça o olhar, que como que por uma alquimia, transforma o verbo em música ou pelo menos assim me esforço por fazê-lo.

Amo-te porque respiro amor
Neste ar que condensa o meu ser
Nada mais importa
Para que o meu mar de silêncio
Se agigante com a ondulação
Da loucura do sentimento.
In “O céu também tem degraus”, excerto do poema “Tudo em ti” 

Ao longo dos meus livros pretendo agitar a alma do leitor, para que o mesmo comungue e sinta as palavras, se reveja nelas, partilhe o meu sentir como se fosse dele próprio, uma confissão ou até mesmo uma partilha. Pretendo usar uma linguagem acessível, sem métricas e por vezes sem regras, brincando e jogando com os significados das palavras, na procura incansável de transmitir uma mensagem… o que está além do meu olhar.

Acredito que com o meu último livro “O céu também tem degraus” atingi o alto do cume ou utilizando a linguagem do próprio livro, atingi o patamar mais alto, o encontro verdadeiro das minhas palavras e do poeta com o céu, contudo e porque acho que o fim é a origem de novos desafios acabo o livro com reticências para abrir de novo a janela da minha alma e recomeçar de novo, num novo caminho.

Para mim, o livro só está completo no círculo da sua existência quando o mesmo chega ao leitor e quando este sente e bebe o seu conteúdo. Na brincadeira utilizo a comparação a um vestido, que só ganha vida e só termina a razão da sua existência, depois de sair das mãos da costureira e ser vestido por alguém…

Sou o que sou,
A inquietação,
A dor,
A rosa perfumada
O caminho perdido,
Quando faço as minhas escolhas.
In “O céu também tem degraus”, excerto do poema “Confissão”

Finalmente e para não alongar-me mais neste agradável tópico de confissão, termino o mesmo como termino meu último livro, referindo tão só e apenas…

“Não posso fugir a esse destino…
Pois a seguir a esta página nada mais existe
A não ser…”

O resto, fica para quem teve a oportunidade de ler estas linhas."

Luís Ferreira

3 comentários:

  1. Entre seus livros, vemos o reflexo de nossos próprios sentimentos distribuídos em capítulos como vivemos um dia de cada vez
    uma página virada, esquecida, relembrada, achada, pausada, registrada, sentida de todas as formas de se sentir das quais jamais desejamos esquecer.
    Conseguimos perceber os sentidos, o cheiro , o gosto, no tato; na pele o prazer e a dor de amar.O descanso, a caminhada em degraus até o ápice e mais sublime.
    O céu tem sim degraus, assim como o amor, e precisa ser vivido, "pisado"(vivido) um dia de cada vez prá se perceber e ter certeza que não faltou nada no final.De que fomos de fato plenos, completos e nos sintamos totalmente realizados e possamos respirar no final com um sorriso nos lábios, de olhos fechados com a alma livre, descobrindo que fomos felizes até aqui.

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  2. Poesias, fiquei sem palavras! lindo! Como devem ser os livros do Luís que não tive (ainda!) oportunidade de ler...

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  3. Embora tenha um blog que se chame poesias e cançoes, ele não se prende a regras do que dizem os estudiosos de fato ser poesia...Mas o que escrevo são expressão da alma que amou uma vez prá vida inteira e renuncia qualquer outra coisa que não seja este amor, porque é tão verdadeiro, que me move e me faz continuar a existir mesmo quando estou prestes a desistir de viver também é por amar tanto .Meu amor é só meu todo meu e de mais ninguém.meu amor é cálido, mas tem a cor e tem o cheiro do amor.É único, quase divino, invisível e visível, tocável e intocável... Meu amor é para sempre o abraço que me esconde, o beijo que parece não ter fim, a alma enlaçada em corpos distantes na maioria do tempo que passou por mim, mas presente no tempo que passa através de mim.Vivido a cada amanhecer e sentido a cada anoitecer enquanto sonho acordada.Romântica incurável, desculpe-me sou eu, apaixonada a vida toda por um único alguém que decidiu esperar entre linhas e páginas de vida, e foi surpreendida, quando o deixou partir, tentando mudar de rumo,mas que em cada curva deparasse com o mesmo sentimento outra vez.E ainda que tente achar o amor em outros olhos, só consegue visualizar o que sempre foi o seu: amor.

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