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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Soltas...

"Sentada na água, ela imaginava o cheiro entranhado nas roupas do papá. Mais do que qualquer coisa, era o cheiro da amizade, e ela também conseguia encontrar em si própria. Liesel adorava esse cheiro."

"Conseguiu ler todas as palavras, mas continuava emperrada num ritmo muito mais lento do que os seus colegas. É muito mais fácil, apercebeu-se ela, estar prestes a atingir uma coisa do que chegar realmente lá. Aquilo ainda ia levar tempo."

"Mereceriam melhor sorte, aquelas pessoas?
Quantas tinham perseguido outras activamente, lançadas na rasto do olhar de Hitler, repetindo as suas frases, os seus parágrafos, a sua obra? Seria Rosa Hubermann responsável? Ela que escondera um judeu? Ou Hans? Mereceriam todos eles morrer? As crianças?"

"Como acontece frequentemente com os humanos, ao ler esses relatos nas palavras da rapariga que roubava livros, senti pena deles, embora não tanta como tive dos que ergui de diversos campos nessa época. Os alemães nas caves eram lastimáveis, sem dúvida mas, pelo menos, tinham uma hipótese. Aquela cave não era uma casa de banho. Eles não eram enviados para ali para tomarem duche. Para essas pessoas a vida ainda era alcançável."

"Observando tudo isto, Liesel teve a certeza de que aqueles eram os mais miseráveis seres vivos.As suas caras macilentas achavam-se retesadas de angústia. A fome devorava-os (...). Outros imploravam a alguém, não importava quem, que avançasse e os apanhasse nos seus braços. Ninguém avançou."

"Silêncio não era sossego nem calma, e não era definitivamente paz."

"Arrancou uma página do livro e rasgou-a ao meio.
Depois um capítulo.
Em breve havia apenas farrapos de palavras espalhados entre as suas pernas e toda a sua volta. As palavras. Porque haviam elas de existir? Sem elas não haveria nada disto. Sem elas o Fuhrer não era nada."

domingo, 28 de novembro de 2010

Um outro lado da História


Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 236
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722339070
Colecção: Grandes Narrativas

Excelente este livro!

Muito embora todas as críticas que li ou ouvi falar apontassem para uma leitura apaixonante, comecei a lê-lo um pouco céptica pois o que para uns é muito bom, para outros... 

Ao começar as primeiras páginas achei a escrita diferente, um pouco confusa. Talvez por o narrador ser a própria "Morte". Mas este sentimento durou pouco tempo. Este livro é, realmente, apaixonante!

A "Morte" começa por nos contar uma das suas imensas histórias, a história de uma rapariga que, um pouco pelas circunstâncias da vida e por aprender a gostar de ler e de livros, roubava livros. 

Alemanha, Molching, subúrbio de Munique, Segunda Guerra Mundial, Hitler. Um outro lado da História. Este livro fez-me lembrar "A sétima porta" de Zimler. Também aqui vemos a pressão feita por Hitler (e seus aliados no poder) ao povo alemão, no sentido de aderirem às suas ideias.  Esquecemo-nos, muitas vezes, que nem todos alinharam de boa vontade nessa atrocidade que foi o holocausto. O seu sofrimento não chegou, nem de longe nem de perto, ao sofrimento passado pelos judeus... não é isso que se trata, mas houve um "outro lado", gente que tentou ajudar, gente que tinha coração.

O poder que palavras possuem e o medo desse mesmo poder, a fome e a miséria, a dor e o sofrimento, o amor e a ajuda... Personagens que nos ficam marcadas.

Este livro é bom, comove! Ficamos nele e a pensar nele.
Ah, e a capa é belíssima...

Terminado em 28 de Novembro de 2010

Estrelas: 5+

Sinopse

Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sem Soltas...

Pois é! Desta vez não há "soltas"...


Mas primeiro deixem-me contar-vos como começaram as "Soltas". Todos nós, acho, temos pequenas manias em relação aos livros. Uma delas, que adquiri há bem pouco tempo - desde que tenho este blog - é segurar uma pequenina folha com um clip logo nas primeiras páginas do livro para que possa escrever nela, tanto o nº das páginas que contêm frases que me dizem algo; como palavras que, por não saber o significado, mais tarde vou procurar a um dicionário na net; como também pequenas ideias que me ajudam a comentar posteriormente esse livro...


E, desta vez, também assim o fiz. Só que, já ia quase no fim quando me lembrei que a minha folhinha estava em branco! Mergulhei de tal forma neste livro que... esqueci-me completamente!


Por essa razão as "soltas" desta vez passaram a "sem soltas". Vocês percebem, não é? 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Um mundo sem fim de Ken Follett


Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 584
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722340038
Colecção: Grandes Narrativas

Mais um livro de Ken Follett! Quem já leu "Os pilares da Terra" perceberá melhor a minha opinião, que se traduz numa palavra: espectacular!

Voltei de novo para Kingsbridge (Inglaterra), na Idade Média. Ainda só li o 1º volume porque pedi o 2º às BLX e estou em lista de espera... mas as 584 páginas valem o tempo que dediquei a esta leitura apaixonante.

Este autor tem o poder de nos prender à leitura logo nas primeiras páginas, de nos transportar, tal máquina do tempo, para uma época medieval, para uma pequena povoação inglesa. Época onde a justiça está ligada ao poder da nobreza e do clero.

Jogos de poder, amores e ódios, medicina ligada a superstições, tradições e costumes que nos são alheios. mortes sem punição nem julgamento, julgamentos onde o enforcamento e o amputação de membros são o castigo mais comum - eu sei lá! - tudo se encontra neste livro.  

Magistralmente escrito, este livro envolve-nos de tal forma que dificilmente conseguimos "voltar" para os nossos dias. As personagens estão bem construídas, interiorizamo-las de tal forma que é a nós que nos acontecem as situações: amamos, sofremos, ansiamos por justiça tal como elas o fazem.

Fiquei mais uma vez rendida a este autor. Mal posso esperar para ler o 2º volume! Pena é que a capa seja, no meu entender, muito fraquinha e nada tenha a ver com a história em si...
Recomendo vivamente.


Terminado em 23 de Novembro de 2010

Estrelas: 5*+

Sinopse:

À semelhança de Os Pilares da Terra Ken Follett volta ao registo do romance histórico, numa obra dividida em duas partes graças às quase mil páginas que a compõem. A Presença publica agora o primeiro volume de Um Mundo Sem Fim, que se prevê repetir o sucesso de Os Pilares da Terra. O autor sentiu-se bastante motivado a escrever este novo livro já que desde Os Pilares da Terra, publicado em 1989, os leitores de todo o mundo clamavam insistentemente por uma sequela. Finalmente Follett inspirado e com coragem e determinação, sem esquecer uma enorme dedicação, lançou-se na escrita de Um Mundo Sem Fim, a continuação de Os Pilares da Terra, onde recorre a elementos comuns do primeiro livro e dá vida a descendentes de algumas personagens. Recuperando a mesma cidade Kingsbridge, o cenário é ambientado dois séculos mais tarde onde nos transporta até 1327. Aí iremos ao encontro de quatro crianças que presenciam a morte de dois homens por um cavaleiro. Três delas fogem com medo, ao passo que uma se mantém no local e ajuda o cavaleiro ferido a recompor-se e a esconder uma carta que contém informação secreta que não pode ser revelada enquanto ele for vivo. Estas crianças quando chegam à idade adulta viverão sempre na sombra daquelas mortes inexplicáveis que presenciaram naquele dia fatídico. Uma obra de fôlego com a marca assinalável e absolutamente incontornável de Ken Follett.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

As histórias da História!


Edição/reimpressão: 2002
Páginas: 219
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722329026
Colecção: Grandes Narrativas

O enredo deste livro leva-nos para o ano de 1800, aproximadamente. O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça é o cenário escolhido e a personagem principal é um frade, Elias de seu nome.

Mas, Luís Rosa fala-nos, também, de várias personagens ilustres, tais como de Dª. Maria, a louca; D. João VI; D.Pedro e Dª. Inês de Castro; D. João, Mestre de Avis; a Padeira de Aljubarrota e tantas outras...

Ficamos, de igual modo, a saber um pouco mais da vida dos frades, naquela época, dos seus amores e desamores (Elias amava Perdidamente Etelvina), do papel que desempenhavam na ordem do Mosteiro, de como eram detentores do conhecimento de então. Época de pilhagem e destruição, os frades abandonam o Mosteiro em 1833, salvando livros, códices e outros documentos.

Para quem goste de História, este romance é muito bom.
Eu, embora goste deste tipo de leitura, senti-me um pouco perdida e não consegui interessar-me o suficiente. Não sei se foi o tipo de escrita, um pouco descritivo demais, mas perdi frequentemente o rumo da história central e muitas vezes não sabia bem em que época me encontrava...

Terminado em: 18 de Novembro de 2010

Estrelas:3*

Sinopse

«O Claustro do Silêncio», romance galardoado por unanimidade com o 'Prémio Vergílio Ferreira', constitui uma verdadeira revelação. Luís Rosa é exímio na arte de nos transportar através da História, privilegiando-nos com uma viagem incrível que põe à prova todos os nossos sentidos – mundos que visualizamos com as cores da época, palpáveis e sensíveis, a aspereza dos muros, o perfume orvalhado dos campos, o cheiro apetecível de uma sopa, o fragor das batalhas, os amores juvenis e até os ecos dos claustros de um mosteiro, onde os amantes Pedro e Inês estão reunidos para toda a eternidade. Enfim, uma atmosfera brilhantemente recriada que remonta ao final das Invasões Francesas e à extinção do Império Cisterciense, aqui personificado pelo Mosteiro de Alcobaça. Romance histórico por excelência,«O Claustro do Silêncio», é uma magnífica obra literária.

Soltas...

"A ligeireza da política e a dos amores vadios são duas faces da mesma superficialidade. Ou vaidade. Todos os homens poderosos o são, vaidosos e superficiais, no julgamento dos outros, tidos como inferiores, por natureza."

"Há horas de safadeza e horas de grandeza. No mesmo homem. Somos um bocado disso tudo. O amor e o ódio, o bem e o mal, o infinito e a finitude."

"(...)para que se não perca a prova de como somos hábeis a enganar-nos a nós próprios. Somos capazes de criarmos uma vida paralela de enganos e fazer dela a vida verdadeira."

"Nunca se larga o sítio das origens. Ou se faz da vida um esforço por enaltecê-lo.  Ou se faz da vida um esforço por apagá-lo."

"O tempo é um livro de leitura lenta que se vai mostrando nas dobras de um segredo permanente."

"A história é feita de mitos  e lembranças, do que resta e do que se esbateu. Ai de quem a quer fazer com documentos! A História é como a vida. Há sempre muitas maneiras de dizer a mesma coisa. Não cabe num documento!"

"A Padeira é um símbolo, como Aljubarrota é um símbolo.Sempre que o homem tem algo de muito profundo a transmitir, transmite-o por símbolos. O símbolo é aquela parte invisível da realidade que ultrapassa o tempo. De nada serve a interpretação racional do símbolo. O símbolo não entra no campo da racionalidade. Sente-se, é tudo. Mas que houve Padeira, houve. E tantas!"

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Olá a todos os bloguistas!
Ando com um problema para resolver e nada melhor que ouvir opiniões de quem anda nisto há mais tempo...
Como sabem, ou podem ver, quando "posto" algum comentário sobre um livro raramente ponho o nome do livro no título. Escrevo algo que me faz lembrar o livro... o que me trouxe um problema: se alguém quer pesquisar um livro pelo seu título não o encontra!
E se eu colocar o nome do livro nas etiquetas tal como faço com o nome do autor vou ficar com os nome dos livros misturados com o nome dos autores, acho eu. O que me parece um pouco confuso...
Têm alguma solução?
Help me!!!!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Soltas...

"Quando é sincera, a expressão "sinto muito" não significa o mesmo que "lastimo". Esta última é uma expressão formal de lástima, a primeira acentua um sentimento devastador de perda."(António Damásio, prefácio)

"Aquele rapaz sofria de uma forma brutal, injusta, o seu Auschwitz pessoal. Também ele  tinha algures no corpo, ou na alma, um número de série. Senti vergonha de mim. Quantas vezes não fiz insinuações ou comunguei gracejos, afirmações idiotas de virilidade acéfala. No ambiente certo também eu teria abusado de alguém que sofria por ser diferente. De mim. A diferença que condena à solidão e à vergonha. Nós e os outros."

"Como dizer que infelizmente o amor não repõe células mortas, que não é aí que o problema reside. Se a mãe faz depender a cura da intensidade do seu afecto, e se a cura não vem. então é porque não amou bastante? Que culpabilidade daí não resulta?"

"Seria tolice imaginar que é bom ter um filho deficiente, mas que pense duas vezes quem julgue poder determinar, com saber e autoridade, que vida merece ser vivida?"

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Crianças menos perfeitas


Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 248
Editor: Verso da Kapa
ISBN: 9789728974688

Não consigo qualificar este livro, não me apetece nem acho que deva fazê-lo. Gostei muito e ainda estou a "quente" a saborear as palavras que nele estão gravadas. Gravadas e não escritas porque elas ficam marcadas cá dentro, em nós!

São crónicas escritas para uma revista e depois compiladas neste livro, histórias vividas na primeira pessoa deste neuro oncologista pediátrico, histórias de vida, de morte, de amor, de compaixão, de dor profunda.

Nutrindo um profundo respeito por este médico, como poderia, alguma vez, qualificar o seu livro, a sua obra, que mais não é que uma parte da sua vida, afinal?

Gostei muito de ler "Sinto muito" e faço questão de ler a sua obra "Vida em mim". O respeito pela vida humana, a dor da perda, o amor ao próximo, a coragem de seres pequeninos... Tudo se encontra presente!

Terminado em 15 de Novembro de 2010

Estrelas: Inqualificável

Sinopse



É um livro de confissões/memórias de um neuro oncologista pediátrico e hoje neurologista sobre doenças de deficit de atenção. Uma reflexão sentida sobre aquilo porque muitas pessoas têm que passar ao longo da vida ou já no fim dela.
Sinto Muito é sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor. Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente, tornando-o mais leve e melhor.
Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados, deixar que o seu coração se pronuncie, que se liberte a sua voz, que seja conhecida a sua humanidade. E, na verdade, a alma fala

domingo, 14 de novembro de 2010

Não gostei, pronto!


Edição/reimpressão: 2004
Páginas: 208
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722332323
Colecção: Grandes Narrativas

Se não tivesse mais nada para ler teria continuado com a leitura deste livro, mas ao fim de 75 páginas (de 200) achei, muito sinceramente, que tinha mais que fazer!

A história não me interessou, parecia que não avançava, cheia de diálogos que me puseram impaciente. E pronto! Já há muito que deixei de me obrigar a ler o que quer que fosse.

Trouxe-o da biblioteca. Gostei do título, da capa (sim porque eu sou menina para começar a ler um livro só pela capa!) e a sinopse pareceu-me interessante, com mistério suficiente, mas...

Não gostei, pronto! Que venha o próximo.

Desisti em 14 de Novembro de 2010

Estrelas: 1*

Sinopse

Este mais recente romance de Theresa Shedel traz-nos de novo ao convívio da família Breça de Miranda - conhecida de todos os que leram A Morte de Uma Senhora-, aos seus afectos e desafectos, às suas singularidades, às suas personagens únicas e cativantes. E é uma personagem muito em particular - o Beto, um garoto de dez anos, sobrinho-neto da tia Margarida da Quinta do Capitão, que vem pôr em alvoroço todo o universo dos Breça de Miranda, desafiando as posições e atitudes mais conservadoras dos seus, ainda incrédulos, parentes. Na verdade, naquele famigerado Verão em que tudo aconteceu, ninguém queria acreditar que o filho da Clara e do Afonso tinha desaparecido, e a frase "o Beto fugiu", repetida, entre o pânico e a perplexidade, pelos vários Breça de Miranda, iria marcar tão-somente o início de toda uma série de acontecimentos absolutamente inéditos, situados algures entre o rocambolesco e o surrealista, que viriam a abalar aquela família. Mas o grande responsável foi o Verão, e mais precisamente o mês de Agosto, verdadeira caixa de Pandora sempre pronta a libertar sabe Deus que vaga alterosa de insuspeitadas paixões e arrebatamentos… Uma Família Diferente é um romance admirável que revela um delicioso e sofisticado sentido de humor.

Quem postou...

http://viajarpelaleitura.blogspot.com/2010/09/as-fogueiras-da-inquisicao-ana-cristina.html

http://pequenoquiproquo.blogspot.com/2010/10/as-fogueiras-da-inquisicao.html

http://www.miluzinha.com/livros/as-fogueiras-da-inquisicao/as-fogueiras-da-inquisicao/

http://aminhaestante.blogspot.com/2010/10/as-fogueiras-da-inquisicao-ana-cristina.html

http://tonsdeazul.blogspot.com/2010/09/e-virtude-nos-ministros-o-afligir-e.html

http://leiturasdeaab.blogspot.com/2011/02/as-fogueiras-da-inquisicao-ana-cristina.html#comment-form

sábado, 13 de novembro de 2010

As fogueiras da inquisição de Ana Cristina Silva




Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 188
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722339391
Colecção: Grandes Narrativas

Quando um tema me interessa, sou catapultada para dentro do livro com uma velocidade estonteante e tenho alguma dificuldade em "sair" dele e fazer uma crítica positiva, quanto mais negativa...

Gostei, aprendi e senti as minhas emoções ao rubro com este romance histórico. A Inquisição não é um tema leve nem fácil de ser tratado e esta autora, para além da pesquisa que se subentende ter sido feita, conseguiu uma história onde os aspectos reais se misturam muito bem nos fictícios, resultando num livro pequeno mas muito gostoso!

Várias gerações são retratadas, gerações que têm em comum o facto de terem ascendência judia e de necessitarem de camuflar a sua religião para poderem sobreviver num ambiente hostil, marcado pelos horrores da perseguição em nome de um Deus que servia para encobrir interesses pessoais. A fuga de judeus para fora do nosso país, o medo da denúncia, a prisão, a tortura, tanto física como psicológica, a morte pelo fogo foram uma realidade que não deve ser esquecida. Parece surreal, ilógico e difícil de compreender... Mais uma razão para se ler este livro! 

Terminado em 13 de Novembro de 2010

Estrelas: 5*

Sinopse

Numa altura em que os romances históricos são cada vez mais procurados pelos leitores, a Editorial Presença publica o primeiro romance de uma autora portuguesa onde realidade e ficção se entrelaçam brilhantemente. Esta história desenrola-se ao longo do século XVI, numa época em que o medo e a denúncia são constantes, em que as perseguições e os massacres se sucedem e a Inquisição é imposta em Portugal. Sara de Leão, protagonista e neta de uma família judaica portuguesa, é presa num calabouço, em Évora, acusada de práticas judaizantes. Para se conseguir evadir da penosa situação em que se encontra, Sara refugia-se no passado recordando a sua avó Ester Baltasar, que lhe transmitiu a história e a doutrina do seu povo. Uma obra envolvente, através da qual ficamos a conhecer esta extraordinária saga familiar, as suas vicissitudes, a coragem e a solidariedade que várias gerações revelaram face ao terror que as ameaçava.

Um pouco de História:





Antes mesmo da instituição da Inquisição em Portugal (1536), observamos por parte do Estado a preocupação em cercear ideias consideradas como perigosas ao regime. Em meados do século XV foi instituída a censura real através de um alvará de Afonso V, de 18 de agosto de 1451, que manda "queimar livros falsos e heréticos". 
A Inquisição foi pedida inicialmente por D. Manuel I, para cumprir o acordo de casamento com Maria de Aragão. A 17 de dezembro de 1531, o Papa Clemente VII, pela bula Cum ad nihil magis  instituiu-a em Portugal, mas um ano depois anulou a decisão. Em 1533 concedeu a primeira bula de perdão aos cristãos-novos portugueses. D. João III, filho da mesma D. Maria, renovou o pedido e encontrou ouvidos favoráveis no novo Papa Paulo III que cedeu, em parte por pressão de Carlos V de Habsburgo.
Em 23 de maio de 1536, por outra bula em tudo semelhante à primeira, foi instituída a Inquisição em Portugal. Sua primeira sede foi Évora, onde se achava a corte. Tal como nos demais reinos ibéricos, tornou-se um tribunal ao serviço da Coroa.
A bula Cum ad nihil magis foi publicada em Évora, onde então residia a Corte, em 22 de outubro de 1536. Toda a população foi convidada a denunciar os casos de heresia de que tivesse conhecimento. No ano seguinte, o monarca voltou para Lisboa e com ele o novo Tribunal. O primeiro livro de denúncias tomadas na Inquisição, iniciado em Évora, foi continuado em Lisboa, a partir de Janeiro de 1537. Em 1539 o cardeal D. Henrique, irmão de D. João III e depois ele próprio rei, tornou-se inquisidor geral do reino.
Até 1541, data em que foram criados os tribunais de Coimbra, Porto, Lamego e Évora, existia apenas a Inquisição portuguesa que funcionava junto à Corte. Em 1541 foram criados os Tribunais de Coimbra, Porto, Lamego e Tomar. Em 1543-1545 a Inquisição de Évora efectuou diversas visitações à sua área jurisdicional. Mas em 1544 o Papa mandou suspender a execução de sentenças da Inquisição portuguesa e o autos-de-fé sofreram uma interrupção.
Foram, então, redigidas as primeiras instruções para o seu funcionamento, assinadas pelo cardeal D. Henrique, e datadas de Évora, a 5 de Setembro. O primeiro regimento só seria dado em 1552. Em 1613, 1640 e 1774, seriam ordenados novos regimentos por D. Pedro de Castilho, D. Francisco de Castro e pelo Cardeal da Cunha, respectivamente.
De acordo com Henry Charles Lea no período entre 1540 e 1794, os tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora resultaram na morte por fogueira de 1,175 pessoas, e na queima de 633 efígies, e em 29,590 outras penas. No anetanto a documentação de alguns autos de fé desapareceu podendo estes números estar ligeiramente abaixo da realidade.
O Index ou Index Librorum Prohibitorum era a lista de livros proibidos cuja circulação tinha de ser controlada pela Inquisição. Os livros autorizados eram impressos com um "imprimatur" ("que seja publicado") oficial. Assim era evitada a introdução de conteúdo considerado herege pela Igreja.
A Inquisição foi extinta gradualmente ao longo do século XVIII, embora só em 1821 se dê a extinção formal em Portugal numa sessão das Cortes Gerais.
(retirado da Wikipédia)

Soltas...

"Avançando em auto-de-fé, por entre a chacota da multidão, terás como destino unir o teu corpo ao implacável ardor das chamas. Mas nem isso já te atormenta... O teu maior receio é o de não teres força para morrer pela honra e, antes de darem os teus ossos aos cães, confessares com mentiras as verdades que eles querem ouvir. Naqueles interrogatórios reina uma tenebrosa irrealidade, na qual as perguntas nunca encaixam nas respostas nem a verdade se distingue da falsidade."

"Agora, com o tempo tão próximo do final, passados que foram os três dias de mãos atadas, oscilo ainda entre a morte e uma espécie de vida. Vai-se instalando em mim uma espécie de torpor, que se parece com uma súbita bonança, mas que não é mais que alheamento. Não faz mal. A loucura talvez seja a única amiga a quem poderei dar a mão quando amanhã caminhar, por entre apupos, na procissão do auto-de-fé.(...) Irei morrer em breve, mas na verdade pouco sei do terror que me espera. E, todavia, ele invade-me completamente à medida que um ténue esplendor de claridade começa a romper por entre as grades."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Marina


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 264
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896571191

Carlos Ruiz Zafón é um contador de histórias excepcional,ponto!
Envolve-nos nas personagens e nos seus mistérios de tal forma que sentimos as emoções à flor da pele, partilhando com essas personagens os sentimentos por elas vividos.

É um livro bem contado e bem escrito que nos leva a passear, ao mesmo tempo, por uma Barcelona real e por um mundo fictício, quase surreal, onde o suspense, o mistério envolve todas as personagens do princípio ao fim. As personagens e nós, o que, a meu ver, torna este livro espectacular. 

Durante todo o enredo ficamos surpreendidos com esta imaginação prodigiosa de C.R.Z. Seres angelicais cruzam-se com seres cruéis, quase zombis. Não aprecio muito histórias do outro mundo, como lhes chamo, e só por isso não dou 5*, mas reconheço que vale a pena ler este livro, escrito de uma forma que prende imediatamente o leitor.

Terminado em 10  de Novembro de 2010

Estrelas: 4*+

Sinopse

«Por qualquer estranha razão, sentimo-nos mais próximos de algumas das nossas criaturas sem sabermos explicar muito bem o porquê. De entre todos os livros que publiquei desde que comecei neste estranho ofício de romancista, lá por 1992, Marina é um dos meus favoritos.» «À medida que avançava na escrita, tudo naquela história começou a ter sabor a despedida e, quando a terminei, tive a impressão de que qualquer coisa dentro de mim, qualquer coisa que ainda hoje não sei muito bem o que era, mas de que sinto falta dia a dia, ficou ali para sempre.» Carlos Ruiz Zafón «Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreendesse aquelas palavras. Mas mais vale começar pelo princípio, que neste caso é o fim.» «Em Maio de 1980 desapareci do mundo durante uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro.» «Não sabia então que oceano do tempo mais tarde ou mais cedo nos devolve as recordações que nele enterramos. Quinze anos mais tarde, a memória daquele dia voltou até mim. Vi aquele rapaz a vaguear por entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina tornou-se de novo incandescente como uma ferida fresca. «Todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma. Este é o meu.»