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domingo, 24 de outubro de 2010

Soltas...

"Nunca leio sem ter a certeza de que me encontro numa posição segura. sou assim desde os sete anos quando, sentada num muro alto a ler The Water Babies, fiquei tão seduzida pelas descrições da vida submarina que inconscientemente relaxei os músculos. E em vez de acabar a boiar na água que mentalmente me rodeava com tal nitidez , caí no chão e magoei-me. Ler pode ser perigoso."

"Quanto tempo permaneci sentada na escada depois de ler a carta? Não sei. Estava debaixo de um encantamento. Há qualquer coisa nas palavras. Em mãos habilidosas, manipuladas com perícia, elas aprisionam-nos. Enrolam-se em volta dos nossos membros como teias de aranha, e quando estamos tão enfeitiçados que não conseguimos mover-nos, perfuram-nos a pele, entram-nos no sangue, entorpeçam-nos o pensamento. E uma vez dentro de nós, põem a sua magia a funcionar."

"Uma hora depois, o chá intocado está frio. Faço um novo bule e coloco outra chávena a ferver na secretária a seu lado. Ele não dá por qualquer dos meus movimentos. Suavemente, inclino o volume entre as suas mãos para poder ver a capa. (...)observo o rosto do meu pai.Ele não me ouve. Não me vê. Está noutro mundo e eu não passo de um fantasma."

"Numa coisa concordamos: há demasiados livros no mundo para poderem ser lidos durante uma vida, portanto tem de se traçar uma linha algures."

"A separação de gémeos não é uma separação vulgar. Imagine sobreviver a um terramoto. Quando volta a si encontra o mundo irreconhecível. O horizonte está num sítio diferente. O sol mudou de cor. Não resta nada do terreno que conhece. Quanto a si. está viva. Mas isso não é o mesmo que viver. Não admira que os sobreviventes de tais catástrofes desejem tão frequentemente ter perecido com os outros."

"Tem toda a liberdade de ficar calada se é isso que quer. Mas o silêncio não é um ambiente natural para histórias. Elas precisam de palavras. Sem estas empalidecem, adoecem e morrem. E depois perseguem-nos."

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